Repórteres adeptos das práticas de Jayson Blair, o plagiador que abalou as bases do poderoso New York Times, terão que passar a tomar mais cuidado. Nos EUA, estão sendo desenvolvidos diversos programas que comparam um determinado texto com material da internet e de outras bases de dados para verificar se ele se baseia em plágio. Como mostra reportagem de May Wong [5/4/04], a idéia apareceu primeiro no mundo acadêmico. Os professores, cansados de receberem trabalhos feitos na base do ‘copiar, colar’, precisavam de alguma ferramenta que os ajudasse a pegar estudantes espertinhos. No entanto, softwares como o recém-lançado iThenticate, da californiana iParadigms, já pode ser usado por empresas jornalísticas, tanto para saber se seus funcionários estão trabalhando direito como para descobrir se algum outro veículo está roubando seu trabalho.
Usando o programa, The Hartford Courant, do estado de Connecticut, após receber alerta de um leitor, comprovou que o presidente da Central Connecticut State University, Richard Judd, roubara frases de quatro outros jornais, incluindo The New York Times, para escrever uma coluna. Com a denúncia do fato, Judd precipitou sua aposentadoria. Ainda assim, o Courant não quer submeter tudo que publica ao iThenticate. O mesmo acontece no Macon Telegraph, que despediu um repórter em março, também por plágio. ‘Não acho que alguém aqui iria querer que nossos repórteres tivessem que provar que não estão plagiando cada coisa que escrevem. Pareceria uma caça às bruxas’, conclui o editor-administrativo, Mike McQueen.