Conforme foi antecipado pelo jornal Liberation na semana passada, o diretor de redação do Le Monde, Edwy Plenel, anunciou sua saída do cargo. Ele deverá continuar no jornal, mas afirmou que pretende se dedicar ‘aos simples prazeres do jornalismo e da escrita’.
Plenel, 52 anos de idade, começou sua carreira no Monde, em 1980, como repórter da seção de educação. Atuou também como jornalista investigativo e escreveu o premiado livro Secrets of Youth (Segredos da Juventude), onde conta seu passado como trotskista.
Há quase 10 anos no comando do jornal em parceria com o executivo-chefe Jean-Marie Colombani, Plenel enfrenta há três anos uma onda de crises no Monde. Além das quedas de circulação, do aumento das dívidas e do corte de funcionários, o mais importante jornal francês também sofreu com o lançamento do livro La face cachée du Monde (A face oculta do Monde).
Escrito pelos jornalistas Pierre Péan e Philippe Cohen em um forte esquema de sigilo – foi impresso fora do país para evitar vazamento de informações e chantagens –, o livro faz acusações de fraude e abuso de poder ao trio responsável pela direção do Monde, completado pelo presidente do conselho, Alain Minc. Os executivos negam as afirmações expostas no livro.
Desde que ele foi lançado, entretanto, a crise financeira do jornal piorou drasticamente. Em novembro, foi divulgado que as perdas do Monde apenas este ano poderiam chegar a 35 milhões de euros. O aumento da crise intensificou as especulações de que em breve o jornal deverá procurar um salvador financeiro.
Segundo o jornal alemão Handelsblatt, ele já estaria em busca de um investidor europeu que adquirisse 25% de suas ações. O Monde nega a notícia, afirma Doreen Carvajal em artigo no New York Times [30/11/04], mas uma fonte que preferiu não ser identificada afirmou ao jornal americano que já houve conversas com o Grupo Prisa, dono do espanhol El País. Com informações de Claire Cozens [The Guardian, 29/11/04].