Saturday, 07 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1304

Por perdão, jornalista confessou golpe inexistente

A jornalista americana Laura Ling, que passou quatro meses presa na Coreia do Norte, afirmou em entrevista concedida esta semana à apresentadora Oprah Winfrey que, durante um interrogatório, foi forçada a confessar que havia entrado no país com o objetivo de participar de um golpe para derrubar o governo de King Jong-Il. Laura, que trabalhava para a emissora Current TV, foi capturada em março de 2009 junto com a também repórter Euna Lee quando fazia uma reportagem na fronteira da Coreia sobre pessoas que fugiam do país para tentar uma vida melhor na vizinha China, e mulheres que acabavam tendo que se prostituir quando chegavam a seu destino.


Laura contou a Oprah que, nos primeiros dias de detenção, as duas mulheres ficaram trancadas em celas sem barras, onde não conseguiam ver nada. Logo depois, foram transferidas para uma penitenciária, onde as condições eram melhores, mas não havia duchas e durante dias elas ficaram sem água ou luz. Ambas foram acusadas de entrada ilegal no país e ‘atos hostis’, e condenadas a 12 anos de trabalho forçado. Laura diz que entrou em depressão e ficou sem comer quando soube da sentença. Em agosto do ano passado, elas acabaram sendo perdoadas depois de que o ex-presidente Bill Clinton interferiu nas negociações. Clinton voou até Pyongyang para buscar as jornalistas.


Laura afirmou na entrevista que acredita que despertou suspeitas por trabalhar na Current, que foi fundada pelo ex-vice-presidente americano Al Gore. ‘Sabia que eles queriam ouvir a confissão e me disseram que, se eu confessasse, talvez pudesser ser perdoada; se não confessasse, o pior poderia acontecer’, diz ela, ressaltando que mentir sobre um crime que não havia cometido foi a decisão mais difícil que tomou na vida. ‘Não sabia se estava vendendo minhas convicções, mas tive que acreditar que era o certo a fazer’. Informações da Yahoo News [18/5/10].