Uma acusação feita a uma revista colombiana atravessou o Atlântico e gerou polêmica na Espanha. Para entender o caso: primeiro, a revista Semana publicou que uma agência de inteligência colombiana teria sido acusada de espionar jornalistas, juízes e membros da oposição. Depois, a própria revista foi acusada, por membros do governo da Colômbia, de compra de informações. A Semana nega que o tenha feito, alegando que segue política de ‘nunca comprar informação sob nenhuma circunstância’, e acusou o governo de orquestrar uma ‘campanha difamatória’ para amedrontar as fontes.
Em entrevista ao diário espanhol ABC, o editor da revista diz que tomou conhecimento das fitas de
grampos telefônicos há cinco meses, por meio de fontes da agência de inteligência. O episódio abriu um debate sobre a questão: é ético comprar informação? O jornal El País consultou jornalistas e executivos de mídia sobre a prática de comprar informações privilegiadas reservadas a organizações de inteligência do Estado.Mercadoria
Na opinião do especialista em ética Javier Darío Restrepo, ‘a partir do momento
em que alguém paga por uma informação, a credibilidade fica prejudicada porque a verdade se transforma em mercadoria. Pagar por uma informação significa que o jornalista não tem imaginação, fontes ou experiência suficiente para procurá-la de outros modos, e a verdade permanece nas mãos de quem tem dinheiro para comprá-la’.O vice-presidente
colombiano, Francisco Santos, disse ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que o governo não ordenou os grampos. Já o presidente Alvaro Uribe afirmou que a Polícia Nacional passará a ter controle sobre grampos legais e gravações, em vez da agência de inteligência. Informações de Dean Graber [Knight Center for Journalism in the Americas, 3/3/09].