Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Presidenciáveis iniciam Operação Jornal Nacional


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 2 de agosto de 2010


 


ELEIÇÕES 2010


Bernardo Mello Franco


Candidatos iniciam hoje ‘operação JN’


Mais agendas temáticas, preocupação com o visual e promessas, muitas promessas. Estas são as armas dos presidenciáveis para aparecer bem no ‘Jornal Nacional’, que começa hoje a cobrir a sucessão de Lula.


Um mês após o início da campanha, o principal telejornal da Globo entra em cena com regras próprias e tempo cronometrado para tentar garantir equilíbrio entre os três principais candidatos.


José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) terão 50 segundos cada para vender seu peixe a uma audiência estimada em até 40 milhões de brasileiros.


Os estrategistas das campanhas tratam a ‘operação JN’ como uma espécie de versão reduzida do horário eleitoral gratuito, que começa no próximo dia 17.


Para evitar acusações de parcialidade, o telejornal promete ignorar polêmicas e trocas de denúncias. Com isso, a ordem é ocupar o espaço com propostas para temas populares como saúde, educação e segurança, combinando o assunto ao cenário da aparição da noite.


Assim, os presidenciáveis tentarão falar do Bolsa Família em frente a uma casa humilde, criticar o salário dos professores na porta de uma escola e prometer atendimento médico de qualidade sob o letreiro de um hospital.


Assuntos quentes, como as denúncias de uso da máquina pública e a ofensiva tucana para ligar o PT às Farc, devem ficar restritos à mídia impressa. A Globo diz não se importar com críticas à cobertura mais distanciada, inaugurado em 2006.


‘A eleição dos políticos não é a eleição do povo’, disse à Folha uma das responsáveis pelo telejornal.


Os candidatos começam a se adaptar ao modelo global. Serra, que priorizava temas locais nas viagens, passará a investir em questões mais genéricas. Dilma usará a mesma tática, e Marina tentará colar a imagem a símbolos do ‘Brasil que dá certo’, como ONGs bem sucedidas e órgãos públicos de excelência.


Na semana que vem, em dias alternados, os três darão entrevistas de dez minutos na bancada do ‘JN’. O esquema será repetido nos outros telejornais da emissora.


Colaboraram ANA FLOR e CATIA SEABRA


 


 


Luiz Guilherme Piva


Debates vão exigir programas e propostas dos candidatos


O calendário eleitoral se aproxima das rodadas decisivas. Na quinta-feira, haverá o primeiro debate na TV (Bandeirantes) entre candidatos a presidente. Pode ser o início de uma fase nova na campanha, na qual temas programáticos tomem lugar do bate-boca que reina até aqui.


Não que o bate-boca não ajude os eleitores na definição do voto. Muitos tomam posição a partir justamente de acusações, insinuações e suspeitas que os candidatos lançam contra os oponentes.


É por isso que os candidatos se dedicam tanto ao alarido que domina o noticiário -e que poderá estar presente também nos debates.


Mas sempre se espera que diretrizes e propostas constituam o discurso central dos presidenciáveis. Com os debates, Dilma, Marina e Serra não poderão evitar a cobrança para que se manifestem sobre temas incômodos.


Dilma deverá enfatizar a continuidade do governo, destacando os resultados econômicos e os programas sociais. Mas deverá ser instada, por Serra, a falar sobre política externa (Irã e Farc) e ser cobrada, por Marina, sobre questões ambientais (Belo Monte, por exemplo).


Serra tentará convencer que pode aperfeiçoar a atual gestão, provavelmente argumentando em favor da desvalorização do câmbio e da redução dos juros como forma de evitar crises. Mas Dilma deverá convocá-lo a se manifestar sobre a relação do governo com o Banco Central e o mercado financeiro e sobre o futuro do Bolsa Família.


E Marina certamente reforçará seu discurso pelo desenvolvimento sustentável, mas deverá ter que responder sobre a harmonização entre tal diretiva e investimentos prementes em infraestrutura.


Outros temas importantes são privatizações, segurança pública, drogas e papel do Estado nos investimentos.


LUIZ GUILHERME PIVA, economista e cientista político, é diretor da LCA Consultores. Publicou ‘A Miséria da Economia e da Política’ (Manole).


 


 


VENEZUELA


Flávia Marreiro


Guarda Nacional ocupa casa de sócio da rede Globovisión


A Guarda Nacional da Venezuela ocupou ontem em Caracas a casa do empresário Nelson Mezarhane, presidente do Banco Federal, sob intervenção estatal desde junho. O banqueiro é também sócio do canal oposicionista Globovisión. Mezarhane, acusado de fraude financeira, tem ordem de captura decretada e está foragido.


Ele diz que as acusações são perseguição política do governo Hugo Chávez.


A advogada do banqueiro, Magaly Vásquez, disse que a residência foi ‘tomada’ e que a defesa não havia sido formalmente informada do motivo.


EVITAR ATAQUE


Desde a intervenção do Banco Federal -que, segundo as autoridades venezuelanas, apresentava problemas de liquidez que poderiam pôr em risco o sistema bancário do país-, o Ministério Público ordenou busca e apreensão em vários bens e propriedades de Mezarhane.


O banqueiro é dono de 20% das ações da Globovisión, e Chávez repete que o Estado será o novo dono da parcela.


Ontem, em sua coluna dominical, Chávez disse que seu ‘objetivo supremo’ é evitar um ataque da Colômbia a seu país até o próximo sábado, quando Álvaro Uribe deixa o poder.


Ele voltou a defender que as guerrilhas colombianas deixem as armas.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


‘Surpresa’


Na manchete on-line do ‘Guardian’, ‘Mulher a ser apedrejada no Irã recebe oferta de asilo do presidente Lula’. O filho de Sakineh Ashtiani afirmou que ‘o Irã não pode ignorar o Brasil tão facilmente como outros’ e que, logo após a fala de Lula, ‘funcionários ligaram para avisar que o caso seria definido nesta semana’. A agência Fars, ‘porta-voz do regime’, noticiou, mas o site Jahan, ligado à Guarda Revolucionária, postou que ele foi ‘influenciado pela propaganda ocidental’. A oferta foi noticiada por CNN, BBC e chegou à home de ‘Washington Post’ e Huffington Post . Segundo o ‘Guardian’, o chanceler Celso Amorim havia pedido por Ashtiani ao colega iraniano dias antes. Em longa entrevista ao ‘Clarín’, Amorim detalhou as negociações para o acordo nuclear do Irã e como vem mantendo informado o governo argentino.


LEA T


No ‘Observer’, duas páginas para ‘A solidão da primeira supermodelo transexual’, que estrela a nova campanha Givenchy e é filha de Toninho Cerezzo


// AFFIRMATIVE ACTION’ CÁ


O prestigioso ‘The Chronicle of Higher Education’ dá a longa reportagem ‘Nas universidades do Brasil, ação afirmativa enfrenta testes cruciais’, destacando que, ‘enquanto Supremo analisa abolir cotas, o Congresso busca expandir’. Sublinhando que foi o último país a abolir a escravidão, encerra com a avaliação, de professora da Universidade do Texas, de que o Brasil precisaria de ação afirmativa ‘por 10 a 20 anos’.


// BONDADE BRIC


O ‘Barron’s’, semanário do ‘Wall Street Journal’, publicou ‘Tio Sam: Dependendo da bondade de estranhos’, destacando que ‘potências emergentes como a China e o Brasil agora têm um grande naco da dívida do Tesouro dos EUA. Isso é motivo para preocupação ou para alegria?’. O jornal não chega a responder, mas anota que ‘alguns se preocupam porque nos tornamos vulneráveis a governos cujos interesses não coincidem necessariamente com os nossos’. Avisa que ‘ninguém sabe ao certo até quando os estrangeiros estão dispostos a manter o arranjo’.


ESMERALDAS


A AP noticia de Los Angeles que vai a julgamento a disputa de americanos pela ‘Bahia Emerald’, pedra tirada do Brasil em 2001 por US$ 60 mil, mas que foi avaliada em US$ 400 milhões


Dilma & mercado Depois de apontar o ‘risco Serra’, a agência Reuters despachou ontem a reportagem ‘Brasil em crescimento precisa de mais capital privado, diz Rousseff’. Também em destaque, ela está ‘contente com taxa de câmbio e autonomia do Banco Central’ e diz que ‘juros devem cair com redução da dívida’.


Serra & mercado Com eco on-line , a coluna de FHC no jornal ‘O Estado de S. Paulo’ e outros, mas não no ‘Globo’, alertou que ‘muita gente nas elites’ e no exterior aceitou a tese de indiferença dos candidatos, mas Dilma traria ‘mais controle do Estado’ e ‘burocratização na economia’, contra o modelo ‘competitivo’ de Serra.


 


 


PIAUÍ


Fernando de Barros e Silva


Lição de jornalismo


Um dos bons capítulos da imprensa brasileira dos últimos anos foi escrito pelos perfis publicados na revista ‘piauí’. ‘Vultos da República’, lançado agora pela Companhia das Letras, reúne nove deles, dedicados a personagens do mundo político. Estão lá os presidenciáveis: Dilma Rousseff, em dois textos de Luiz Maklouf Carvalho; José Serra (‘Na hora da decisão’) e Marina Silva (‘A verde’), retratados por Daniela Pinheiro.


‘O consultor’ José Dirceu, o ex-ministro Marcio Thomas Bastos e Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ, são figuras de destaque, das luzes e das sombras, verdadeiros vultos da era Lula. O perfil de Francenildo dos Santos Costa, ‘o caseiro’ cujo sigilo bancário foi violado pelo governo, é especial. Todo ‘companheiro’ petista deveria lê-lo na cama, antes de dormir.


Mas o grande momento do livro é o texto de abertura, ‘O andarilho’, perfil de FHC assinado por João Moreira Salles, uma obra-prima do jornalismo. No posfácio, Humberto Werneck destaca, com razão, que o autor procede como havia feito em ‘Entreatos’, documentário sobre a campanha de Lula em 2002: gruda no personagem e o acompanha, buscando interferir o mínimo possível naquilo que ouve e vê (apesar da consciência de que sua presença faz parte da cena e a altera).


FHC concedeu intimidades ao interlocutor, um Moreira Salles, provavelmente sem esperar que ele ali fosse antes um João jornalista. O resultado, muito humano, fisga o âmago do personagem.


‘O objeto fala, o narrador pode se calar’, escreveu o próprio Moreira Salles no posfácio à edição brasileira do livro de perfis do editor da ‘New Yorker’, David Remnick. Ali, ele aponta que a revista criou e cultiva uma espécie de ‘retórica das coisas, de acordo com a qual o personagem se revela não só pelo que diz, mas também pelo que o cerca’. O que não deixa de ecoar a convicção de Flaubert: ‘Para que uma coisa seja interessante, basta olhá-la durante muito tempo’.


 


 


FALHA NA COMUNICAÇÃO


Por ‘segurança’, Emirados Árabes bloquearão serviços de BlackBerry


Os Emirados Árabes Unidos anunciaram ontem que, a partir de outubro, passarão a bloquear o envio e recebimento de e-mails e uso de outros serviços em smartphones -telefones multifuncionais-, alegando motivos de segurança.


Segundo o país, a decisão se deve ao fato de que, ‘nas suas formas atuais, certos serviços permitem a usuários agir sem qualquer amparo legal, gerando preocupações judiciais, sociais e de segurança aos EAU’.


Os dados de telefones como BlackBerry são criptografados e armazenados fora do país.


A medida deverá privar centenas de milhares de pessoas desses serviços, colocando em risco a reputação dos EAU como uma das nações mais pró-negócios do Oriente Médio.


Há indícios de que autoridades da vizinha Arábia Saudita também adotem as restrições.


 


 


TELEVISÃO


Audrey Furlaneto


Pastor pede dinheiro para não perder programa de TV


‘Ligue já e solicite o seu carnezinho para colaborar com o programa de televisão. Não deixe esse programa parar!’, diz a vinheta da Rede 21, canal do grupo Bandeirantes que é ‘alugado’ (ilegalmente) pela Igreja Mundial do Poder de Deus.


Depois, o próprio pastor (‘apóstolo’ Valdemiro Santiago) surge ao vivo e pede: ‘Você vai ligar agora e solicitar o carnezinho para ajudar esse programa de TV. Não deixe esse programa parar’.


O programa é o que ele apresenta. O conteúdo: trechos da Bíblia, ‘bênçãos’, convocações para cultos e, claro, pedidos de dinheiro para a própria produção. Ele divulga ainda telefones e contas para depósito em diversos bancos.


O pedido de dinheiro soa absurdo e, mais que isso, o ‘aluguel’ do canal é ilegal. Considerado publicidade pela legislação de radiodifusão, o arrendamento é limitado a 25% da programação.


Se cumprisse a lei, o grupo Bandeirantes poderia vender apenas seis horas à Igreja Mundial do Poder de Deus. Ilegal, vende 22 horas.


Para ‘arrendar’ o canal, estima-se que a igreja pague cerca de R$ 400 mil por mês ao grupo, que não confirma valores nem respondeu às questões enviadas pela Folha. O grupo informou apenas que ‘a Rede 21 não vai se manifestar’.


Droga lícita O ‘Programa Amaury Jr.’, na Rede TV!, foi monitorado pelo Ministério da Justiça, que reafirmou a classificação: não recomendado para menores de dez anos. Embora tenha entrevistas, segundo o ministério, exibe ‘consumo de droga lícita’, ou seja, muito álcool.


Dia bom A novela ‘Ti Ti Ti’, da Globo, teve seu melhor dia de audiência desde a estreia na semana passada. Cravando 29 pontos em quase todos os dez primeiros dias, conseguiu chegar a 31 pontos na última quinta-feira.


Vive la France O canal francês de notícias France24 vai instalar um estande no evento da ABTA, principal feira de TV paga do país, neste mês. A emissora está tentando distribuição no Brasil pela TV paga.


Vivência Para o programa ‘A Liga’, da Band, Rosanne Munholland se internou num hospital psiquiátrico. Dorme num quarto com duas mulheres com esquizofrenia. A ideia é avaliar a política de saúde mental no país.


Oi? Na ‘TV Globinho’, faixa infantil da Globo que vai ao ar depois do ‘Mais Você’, a apresentadora anunciou desenhos com expressão no mínimo pouco usual para crianças, seu público-alvo: ‘Com esse desenho, você vai ficar mais feliz que pinto no lixo!’.


Feirão E, no ‘Mais Você’, Ana Maria Braga praticamente emendou merchands na sexta. Em 20 minutos, passou de anúncio de loja de roupa para lenços umedecidos, institucional do filme ‘O Bem Amado’ (da GloboFilmes) e divulgação de show de axé no Rio.


 


 


Clarice Cardoso


Série infantil ‘Vivi Viravento’ vai levar Amazônia ao Canadá


A garota Vivi, que viaja o mundo em busca da mágica Viravento, tem onde desembarcar: o Canadá.


Na esteira de ‘Escola pra Cachorro’ (Nickelodeon), a série de Alê Abreu acaba de fechar coprodução com o país e ganhará 52 episódios que serão exibidos na TV Ontário. A produção deve começar em 2011 e, a veiculação, em 2012. Ainda não há previsão de estreia no Brasil.


‘Vivi Viravento’ foi um dos 17 projetos do AnimaTV, programa de fomento à produção e teledifusão de séries de animação brasileiras.


‘Queremos não só recursos no Brasil e Canadá, mas também pré-venda para canais europeus. O Brasil engatinha no financiamento’, diz Tiago Mello, diretor executivo da Mixer. O orçamento é de R$ 10 milhões.


Curiosamente, o primeiro episódio do programa que estreará em Ontário se passa na brasileiríssima Amazônia. ‘Fizemos o primeiro ali para aproveitar uma viagem que eu fizera recentemente. Sempre partimos da questão: de que maneira aquele local toca a Vivi? Por isso queremos falar só de onde já estivemos’, diz Alê Abreu.


Usando colagens, a série pré-escolar apresenta uma estética diferente da que se costuma ver em produções de massa como as feitas para TV. ‘Gosto de trazer essa riqueza de possibilidades da animação já que a experimentação é tão pouco explorada na TV’, arremata Alê.


 


 


‘30 Rock’ terá episódio exibido ao vivo


O seriado estrelado por Tina Fey e Alec Baldwin terá um episódio que irá ao ar ao vivo nos EUA, anunciou a rede NBC. O programa será filmado duas vezes -para que tanto as cidades do leste como as do oeste do país vejam o episódio ao vivo. A NBC não divulgou a data em que isso ocorrerá.


 


 


INTERNET


Google diz que pode comercializar conteúdo de jornal pelo Android


DE SÃO PAULO – O presidente-executivo do Google, Eric Schmidt, disse que o sistema Android (de celular) também pode ser usado para vender conteúdo on-line de jornais.


‘Se nós tivermos um bilhão de pessoas usando o Android, você acha que não consegue fazer dinheiro com isso?’, disse o executivo em entrevista ao ‘Wall Street Journal’, se referindo às possibilidades de ganhos com o software gratuito desenvolvido pela empresa.


O uso do sistema operacional tem crescido a uma média de 160 mil aparelhos por dia.


 


 


Twitter chega à marca de 20 bilhões de mensagens postadas


O serviço de microblog Twitter alcançou no fim de semana a marca de 20 bilhões de mensagens.


Quem assinou o texto -aparentemente parte de uma longa conversa entre dois usuários- foi o japonês @GGGGGGo-Lets-Go, que diz ser designer gráfico e morar em Tóquio.


A companhia americana, que se popularizou sobretudo de meados do ano passado para cá, estima que os japoneses postem oito milhões de mensagens por dia, 12% do total. Ficam atrás apenas dos EUA.


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 2 de agosto de 2010


 


CULTURA


Direitos autorais: o espírito da coisa


Em matéria de marcos regulatórios, na área da cultura, o governo Lula tem sido pródigo em proposições e incompetente em realizações. O grande exemplo é a reforma da Lei Rouanet. Foi ‘amplamente discutida’, praticamente desde o primeiro dia do segundo mandato de Lula, para, finalmente, ser transformada em projeto de lei, repousando agora em alguma gaveta do Congresso Nacional desde fevereiro último. E pelo jeito, já obtidos os melhores efeitos propagandísticos e promocionais, por lá irá ficando.


Agora parece ser a vez da nova Lei de Direitos Autorais que, segundo o ministro da Cultura, Juca Ferreira, está sendo ‘amplamente discutida’ há pelo menos oito anos. Em 2007, a partir da criação do Fórum Nacional de Direito Autoral, o Minc pesquisou a legislação pertinente de mais de 30 países e promoveu cerca de 80 reuniões e seminários que envolveram perto de 10 mil interessados na discussão da reforma. Finalmente, elaborou o projeto de lei que, desde o mês passado, está disponível para consulta pública, última etapa da fase de elaboração do projeto a ser enviado ao Congresso.


Um novo marco legislativo é imposição da obsolescência da atual Lei 9.610/98, que regula a matéria. A rápida evolução tecnológica das comunicações e o surgimento de novas mídias tornam inevitável a revisão de muitos dispositivos legais que tratam de um amplo elenco de questões complexas e delicadas – desde o conceito de direito autoral propriamente dito e a amplitude de sua vigência, até as formas de remuneração como contrapartida de sua cessão, temporal ou definitiva.


Sem entrar no mérito do conteúdo do projeto de lei elaborado pelo Minc, que contempla com propriedade muitas das questões pontuais envolvidas na matéria, o que chama a atenção nesse assunto – embora não chegue a surpreender, dadas as peculiaridades do atual ambiente político no País – é, mais uma vez, apesar de todas as aparências e alegações em contrário, o nefasto paternalismo implícito no fato de os próprios agentes governamentais se terem arrogado a iniciativa de propor e controlar a revisão da Lei de Direitos Autorais.


Só quem não conhece o grau de contaminação ideológica dos quadros diretivos e da militância petista se ilude com a ‘amplitude’ dos intermináveis debates com que se pretende consagrar como democráticas as práticas governamentais implantadas no País pelo governo petista. Opinar é um direito geral e irrestrito. Decidir é prerrogativa dos companheiros.


O espírito da coisa, no geral, está admiravelmente claro nas palavras do ministro Juca Ferreira, que sob o título Direito autoral e economia da cultura enalteceu, em artigo publicado no Espaço Aberto do Estado de quinta-feira, a fundamental importância dessa lei (sim, a de direitos autorais) para o desenvolvimento econômico do País: ‘Estamos saindo de uma economia de poucos para uma economia de muitos. Afinal, o presidente Lula está deixando uma grande lição: o desenvolvimento brasileiro pode e deve incluir os milhões de excluídos social e economicamente.’


No específico, há no projeto de lei exemplos de assustar. Na apresentação da matéria à consulta pública, disponível no site do Minc, afirma-se o seguinte, na justificativa da nova cláusula que elimina a necessidade de autorização prévia ou pagamento pelo uso de ‘criações protegidas’: ‘Essas possibilidades devem atender a três critérios previstos nos acordos internacionais. São eles: devem ser apenas casos especiais; não podem afetar a exploração normal da obra; não devem causar prejuízo injustificado aos interesses legítimos do autor.’


Muito bem: a exceção abre-se apenas para ‘casos especiais’. E quem é que os define como tais? Quem é que julga o que afeta ou não afeta ‘a exploração normal da obra’? Quem é que sabe o que causa ‘prejuízo injustificado aos interesses legítimos do autor’?


Como o assunto ainda está ‘aberto a consultas’, resta a esperança de que o ministro da Cultura se disponha a dar ouvidos ao apelo feito pelo maestro e compositor Marlos Nobre no mesmo Espaço Aberto, e na mesma data: ‘Deixem, por favor, srs. burocratas do Minc, que decidamos nós, os criadores, quem cuidará de nossa obra.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Redes querem revender horário político na parabólica


Parte do horário eleitoral vai passar em branco nas parabólicas? Bom, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria ser assim, mas já tem emissora de olho na oportunidade de faturar com essa ‘brecha’ na programação. O TSE determinou que, durante o horário eleitoral regional (governador e deputados estaduais), as emissoras bloqueiem o sinal para as parabólicas. Explicando: as parabólicas exibem o sinal enviado pelas cabeças de rede, que inserem as propagandas em rede nacional, que vão para as retransmissoras e repetidoras nos mais variados estados e municípios. Para tentar evitar sinais invasores, com eleitores vendo campanha de candidatos de outras regiões (uma geradora em São Paulo, pode ter, por exemplo, retransmissora em outro estado), o TSE pediu o bloqueio do sinal nas parabólicas durante o horário político regional. Só vale exibir as campanhas do âmbito federal. No lugar, devem aparecer na tela os dizeres estáticos ‘propaganda eleitoral gratuita’. De olho nesse tempo precioso, já há canais pensando em vender o espaço bloqueado para outros anunciantes. Prática, para muitos, ilegal. As emissoras, via assessoria, fogem do assunto e prometem seguir as regras da Justiça Eleitoral. Procurado, o Ministério das Comunicações – que deve vigiar essa prática – não se pronunciou.


7 milhões de telespectadores diferentes passaram pelo canal pago Viva de junho a 18 de julho, segundo medição do Ibope na TV por assinatura


‘Amigos, aguardem minha próxima novela: Carraskic Park’ Walcyr Carrasco, no Twitter, brincando com a promessa de ter um dinossauro em seu próximo folhetim Dinossauros e Robôs, título da próxima novela de Walcyr Carrasco, já foi registrado pela Globo.


A ABTA, maior evento da TV por assinatura no País, terá uma ausência importante este ano: Luiz Eduardo Baptista (Bap), presidente da Sky, que até o final da semana passada garantia que não iria.


A ausência de Bap abre espaço para as mais diferentes especulações do mercado, que passam até por rompimento com os parceiros do setor.


Procurada, a assessoria da SKY diz que a operadora, como sócia ativa da ABTA, estará presente no evento. Porém, optou por não montar um stand na feira este ano.


Sem maiores explicações, a Band resolveu adiar, para o final do ano, a estreia de série Anjos do Sexo. A produção estava com tudo certo para estrear em agosto.


Já a nova atração de Márcia Goldschmidt, aos sábados, tem a promessa de sair ainda este mês.


Até semana passada, por conta da aproximação do horário eleitoral gratuito, o GNT ainda não sabia como ficaria sua grade de programação de agosto. A confusão se repete em vários canais pagos.


Separação, série de Alexandre Machado e Fernanda Young, fica na Globo até setembro. Ganhou uma esticadinha.


A quem interessar possa. a palavra italiana protagonista de Passione, ‘esquifosa’, significa: nojenta, repugnante.


A produção de Gugu e a direção do Câmera Record andaram se desentendendo dias atrás. Tudo por conta de uma homenagem que seria feita no Programa de Gugu e precisava da liberação de algumas reportagens do jornalístico. O caso foi parar na direção de jornalismo da Record.


 


 


LIVRO ELETRÔNICO


Com novo Kindle, Amazon quer popularizar seu e-reader


A Amazon espera convencer até os leitores casuais de que eles precisam de um e-reader e preparou mais um ataque na guerra de preços dos e-readers. A novidade chama-se Kindle e custa US$ 139 – e conecta-se à internet através de uma conexão sem-fio padrão, ao contrário dos modelos anteriores, que acessavam a rede via 3G. A loja também apresentou um modelo para substituir o Kindle 2, custando o mesmo preço que o anterior, US$ 189. Os novos modelos são mais leves e menores, com mais contraste na tela e textos mais nítidos.


O Kindle teve seu preço reduzido numa velocidade incomum, até mesmo para eletrônicos. Em 2009, o aparelho novo custava US$ 259, uma queda em relação aos US$ 399 iniciais em 2007. Em junho, horas depois de a Barnes & Noble diminuir o preço do Nook para US$ 199, a Amazon fez o mesmo com o Kindle e colocou-o a US$ 189.


O analista James L. McQuivey, da Forrester Research, disse que uma competição acirrada poderia derrubar o preço dos e-readers para menos de US$ 100, tido como preço-limite para compras de aparelhos por impulso.


No entanto, o principal concorrente do Kindle é o iPad, da Apple, que vendeu 3,3 milhões desde o lançamento em abril. A Amazon não divulga seus números, mas diz que as vendas do Kindle triplicaram no mês seguinte à redução dos preços. Dois dos mais interessantes aspectos do iPad – a tela colorida e sensível ao toque – são itens que consumidores do Kindle pedem para seu aparelho. Continuem esperando, disse Jeff Bezos, CEO da loja.


‘Isso precisa ser feito de um jeito diferente. Não pode ser algo ‘eu também tenho uma tela touchscreen’, disse. No começo deste ano, a Amazon comprou a Touchco, start-up especializada em tecnologia touchscreen, mas a sensibilidade ao toque acrescentava reflexo e brilho à tela, além de dificultar trocar de mão em leituras prolongadas. A cor também é algo que ‘não está pronto para curto prazo’, diz o CEO da Amazon.


Os novos Kindles já estão em pré-venda e começarão a ser enviados no dia 27 de agosto.


THE NEW YORK TIMES


 


 


 


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