O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, criticou a mídia internacional e as organizações de ajuda humanitária que atuam na conturbada região de Darfur, acusando-as de explorar o sofrimento da população da província, que chega a 2,5 milhões de desabrigados. Como informa Mohamed Osman [Associated Press, 24/10/06], al-Bashir ameaça retirar as organizações da região. O conflito de Darfur teve início em 2003, quando o Movimento para a Justiça e a Igualdade e o Movimento de Libertação do Sudão iniciaram uma luta armada em protesto contra a pobreza e a marginalização impostas à área. O auge do conflito, que supostamente matou milhares de pessoas e forçou dois milhões delas a saírem de suas casas, foi em 2004.
Nesta segunda-feira (23/10), Jan Pronk, diretor da missão da ONU no Sudão há dois anos, deixou o país depois de receber um ultimato de três dias do governo para sair da região. A expulsão de Pronk ocorreu após ele ter escrito em seu blog que o Sudão havia violado as resoluções da ONU ao mobilizar milícias árabes em Darfur, o que resultou em diversas mortes em tiroteios com rebeldes. Os militares negaram as acusações de Pronk, qualificando-as como ‘guerra psicológica contra o Exército sudanês’. O diretor defende-se. ‘Eu não fiz nada mais do que repetir um fato conhecido, como um pedido aos rebeldes: vocês venceram duas vezes. Vocês vão perder uma terceira. Então é hora de um acordo de paz, de um cessar-fogo. Não ataquem’.
Segundo a agência oficial de notícias do Sudão, al-Bashir teria afirmado que o governo está trabalhando para ‘tirar dos campos de [refugiados] aqueles que exploram o sofrimento destas pessoas, as organizações suspeitas que fazem parte de uma série de conspirações’. ‘Não vamos deixar o sofrimento das pessoas de Darfur ser um pretexto para a intervenção estrangeira ou tema da mídia hostil’, afirmou o presidente no início do feriado muçulmano de Eid al-Fitr. Mais de duas mil pessoas já morreram em mais de três anos de conflito.