O presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC, sigla em inglês), Michael Powell, anunciou que está deixando o cargo, com o que antecipa em três anos o fim de seu mandato. Filho de Colin Powell, secretário de Estado do primeiro mandato de George W. Bush substituído agora por Condoleezza Rice, ele afirma que quer se dedicar mais a sua família e a outros compromissos assumidos. Para a Economist [20/1/05], a vida de Powell não foi nada fácil desde que foi nomeado presidente da FCC, em 2001.
Encarregado de controlar os mercados de TV e rádio abertos, telefonia fixa e celular e internet, praticamente nada do que quis fazer deu certo. Seu maior projeto, o de desregulamentação do mercado midiático americano – pelo que era acusado de favorecer as grandes corporações –, foi aprovado pela FCC em junho de 2003, mas parcialmente bloqueado pelo Congresso meio ano depois. Agora, está congelado na Justiça. Outro projeto parado é a presença das empresas telefônicas nos mercados locais.
Contra a ‘indecência’
Powell teve êxito, no entanto, em sua cruzada de moralização do rádio e da televisão abertos. E é provável que esta seja sua marca na história, diz a revista britânica. O maior alvo da campanha foi o radialista ‘boca-suja’ Howard Stern, recordista de multas. O seio à mostra de Janet Jackson no show de intervalo do Super Bowl foi recordista de reclamações do público. A CBS recorre da multa de US$ 550 mil que lhe foi aplicada.
Somente no ano passado, o total de penas impostas pela FCC por programação ‘indecente’ excedeu os US$ 7,7 milhões. Mas, segundo matéria da AP [21/1/05], mesmo seu presidente não se sentia muito seguro do que estava fazendo. ‘Ninguém tem prazer em julgar se esta ou aquela palavra feia viola a lei’, disse, numa entrevista em julho. ‘A aplicação da lei é a área mais difícil de se trabalhar’.
No balanço de sua gestão, Powell ressalta a inédita disseminação dos celulares, do acesso à banda larga da internet e aos aparelhos para arquivos Mp3: ‘As sementes de nossas políticas estão criando fortes raízes no mercado e logo começarão a florescer’. O governo americano ainda não apontou um sucessor para o cargo.