A Press Complaints Commission, agência britânica de queixas sobre a imprensa, luta para provar aos políticos do país que é capaz de mudar e que o modelo de autorregulação pode funcionar de maneira efetiva. Há anos o órgão sofre críticas sobre seu desempenho, mas as dúvidas sobre sua eficácia chegaram a um nível recorde com o caso dos grampos telefônicos no tabloide News of the World.
Depois do fechamento do jornal, passou-se a discutir o papel da PCC na regulação da imprensa britânica e se a agência deveria ser também fechada ou passar por uma reforma. Agora, ela tenta sobreviver. Editores de publicações do país receberam uma carta do diretor da comissão, Stephen Abell, pedindo que respondessem a questões sobre suas atividades e controles editoriais. O objetivo é, a partir da pesquisa, estabelecer protocolos para “melhorar a prática em toda a indústria”.
Há perguntas sobre o processo de apuração das notícias – como os editores verificam a proveniência do material que publicam; se o veículo usa agentes externos, como detetives particulares, na apuração; como são avaliadas as questões de interesse público; e se este processo de tomada de decisões fica de algum modo registrado.
Análise
As respostas dos editores serão enviadas para o comitê da PCC responsável por investigar grampos telefônicos, criado em janeiro, e formado por um membro da imprensa, um membro da polícia e um professor universitário.
A carta sugere que a agência espera que os editores monitorem todo o processo de apuração, tendo consciência dos métodos usados pelos repórteres. Não é dito que o (polêmico) uso de trabalho de detetives deva ser proibido, mas é defendido que esta prática deva ser colocada sob um controle editorial rigoroso. Além disso, é esperado que editores mantenham registros por escrito do processo de tomada de decisões em pautas que envolvam, por exemplo, invasão de privacidade. E estes registros, se solicitados, devem ser disponibilizados para a PCC.
A agência tenta provar para o grupo indicado pelo governo para investigar as práticas adotadas pela mídia do Reino Unido que não precisa ser substituída por um novo órgão, e especialmente um órgão estatutário. Informações de Roy Greenslade [The Guardian, 15/8/11].
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