O programa jornalístico 60 Minutes, transmitido pela rede de TV CBS, está atraindo críticas de alguns observadores de mídia desde março. Desta vez, o alvo é uma entrevista com o cantor Bob Dylan sobre sua nova autobiografia, que marcou o terceiro livro da editora Simon & Schuster a ganhar exposição no programa este ano. A polêmica baseia-se no fato de tanto a rede de TV quanto a editora pertencerem à mesma companhia, a Viacom.
Segundo Andrew Wallenstein [The Hollywood Repórter, 6/12/04], não há duvidas de que a primeira grande entrevista de Dylan para uma emissora de TV em quase 20 anos é um ganho, mas que o 60 Minutes deveria evitar qualquer sopro de incredibilidade para amenizar as circunstâncias. No ano de seu 37º aniversário, a revista eletrônica mais popular dos EUA foi duramente criticada pela exibição, em março, de uma reportagem sobre o lançamento do livro de Richard Clarke – que falava sobre a administração de Bush – sem mencionar o fato de a editora que o publicava pertencer a mesma empresa dona do canal.
Depois deste episódio, o programa exibiu exaustivamente declarações de que não tem qualquer comprometimento com a editora. Contudo, seguiu exibindo matérias sobre outras produções de empresas integrantes da Viacom. Além do livro do jornalista Bob Woodward, também da Simon & Schuster, o programa cobriu os bastidores do filme de Jim Carrey Lemony Snicket’s A Series of Fortunate Events, da Paramount Pictures, e entrevistas com Jon Stewart e Dave Chappelle, do canal Comedy Central, entre outros.
A reputação do 60 Minutes também foi balançada este ano por alegações de que a CBS teria pago um US$ 1 milhão para ter a primeira entrevista com Michael Jackson após sua detenção – acusação firmemente negada pela CBS – e por usar documentos de autenticidade suspeita em uma reportagem sobre o serviço militar de Bush levada ao ar em setembro.