Autoridades russas declararam que o checheno Khozh-Akhmed Nukhayev é o mandante do assassinato do jornalista americano Paul Klebnikov. Klebnikov era editor da edição russa da revista Forbes, e foi morto a tiros quando saia de seu escritório, em julho do ano passado, em Moscou.
Na declaração divulgada no sítio de internet do escritório da promotoria pública, na semana passada, não são fornecidos detalhes das evidências que teriam levado as autoridades a acusar Nukhayev – um ex-chefe da máfia e líder rebelde suspeito de financiar a resistência chechena – do crime. Ele teria contratado quatro homens, entre eles seu irmão, para executarem o plano; dois dos acusados estão presos.
Klebnikov, que durante os caóticos anos pós-queda da União Soviética escreveu extensivamente sobre crime e corrupção na Rússia, entrevistou Nukhayev no Azerbaijão. O resultado do trabalho foi um livro, publicado em 2003. Em Conversa com um Bárbaro, o jornalista expõe as visões de Nukhayev sobre a sociedade chechena e o Islã.
Para o promotor geral, o livro seria o motivo do assassinato, já que Klebnikov teria escrito negativamente sobre Nukhayev e criticado suas afirmações. Oleg Panfilov, diretor do Centro de Jornalismo em Situações Extremas, contesta a acusação. A cruzada do jornalista com suas reportagens sobre corrupção desagradou a muitos na Rússia, o que faz a lista de suspeitos ser bastante extensa. ‘Eu tive dúvidas imediatamente [após a declaração da promotoria] porque a culpa de todos os crimes cai sempre sobre os chechenos’, afirma ele.
A morte de Klebnikov foi o 11º assassinato de jornalistas na Rússia nos últimos cinco anos, informa Steven Lee Myers [The New York Times, 17/6/05]. Ninguém, até hoje, foi condenado pelos crimes.