Um post em um blog pouco conhecido alegando que a governadora da Carolina do Sul, Nikki R. Haley, estava para ser indiciada levou dois minutos para sair dos círculos políticos do estado e atingir circulação nacional, comenta Jeremy W. Peters em artigo no New York Times [10/4/12].
A rápida jornada da informação – que se espalhou principalmente via Twitter – forçou Nikki a se defender rapidamente contra o boato. O caso deixou as organizações de notícias diante de uma nova leva de questões sobre a credibilidade de tuítes no jornalismo político atual.
No episódio da Carolina do Sul, alguns elementos ajudaram o rumor a se propagar mais rápido: envolvia uma governadora republicana e possível candidata à vice-presidência; um blogueiro de 25 anos, de tendência liberal, ansioso para ficar famoso na web; e repórteres políticos famintos por furos no Twitter.
Em retrospecto, havia razões claras para se duvidar do post, publicado em um blog chamado Palmetto Public Record, que acusava Nikki de enfrentar acusação de fraudes em impostos. O editor do blog, Logan Smith, sequer pediu ao gabinete da governadora comentários sobre o assunto antes de postar o texto. “Eu divulguei que fontes de credibilidade disseram acreditar que a governadora seria acusada – não que eu soubesse que ela seria indiciada ou que eu pessoalmente acreditasse nisso”, afirmou ele, posteriormente. No entanto, jornalistas que republicaram o post de Smith no Twitter, incluindo alguns de grandes veículos, comoWashington Post, CBS News e Huffington Post, não sabiam disso nos minutos seguintes à divulgação original do texto e tampouco verificaram a veracidade da informação.
Propagação instantânea
O post original foi publicado no dia 29/3, às 12h52. Dois minutos depois, o jornal The Hill, de Washington, que foca em política e governo, enviou um tuíte sobre o artigo para seus 1,5 mil seguidores no microblog – dentre eles jornalistas políticos conhecidos com milhares de seguidores. Alguns deles retuitaram a informação, ampliando o alcance exponencialmente – o BuzzFeed o fez dois minutos depois; oPost, 18 minutos.
Por volta das 13h, o site The Daily Beast postou um artigo, removido posteriormente, sobre o artigo do Palmetto Public Record, seguido pelos sites Daily Kos e The Daily Caller. Logo depois, um repórter do USA Today entrou em contato com o gabinete de Nikki com um pedido de comentário, o primeiro de uma série de solicitações de entrevistas recebidas pela governadora ao longo do dia. Às 13h22, a campanha do pré-candidato à presidência Mitt Romney, que estaria considerando Nikki como uma das possíveis escolhas para o posto de vice-presidente, também passou a receber pedidos de comentários.
Às 13h25, o blogueiro Smith parecia se divertir com a repercussão ao tuitar: “Bem, agora eu sei como é ver uma matéria se tornar viral em tempo real”. Por volta das 15h30, Matt Drudge, cujo site, Drudge Report, tem muita influência nas redações de todo o país, postou um link para o artigo do site Daily Caller. Na manhã seguinte, o maior jornal da Carolina do Sul, The State in Columbia, publicou um artigo de capa. Nikki tentou, em vão, convencer a repórter do jornal a não escrever sobre o assunto, por não ter fatos que confirmassem a acusação. Seu gabinete publicou posteriormente uma carta da Receita Federal dos EUA declarando que ela não estava envolvida em nenhuma investigação.
Avalanche de informações em tempo real
A eleição presidencial de 2012 é a primeira em que o Twitter é amplamente usado por veículos de comunicação como meio de divulgação e apuração. Mesmo com muitas organizações tendo padrões para o uso de redes sociais por seus jornalistas, repórteres permanecem livres para exercer seus próprios julgamentos. Os do BuzzFeed e a maior parte dos outros veículos que tuitaram sobre o post inicial do Palmetto Public Record escreveram sobre a negação da governadora e sobre a carta divulgada por ela. Tucker Carlson, editor-chefe do Daily Caller, pediu desculpas a Nikki.