Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Protesto barra diários do interior argentino


Folha de S. Paulo, 4/4


Lucas Ferraz


Protesto barra diários do interior argentino


Uma semana depois do bloqueio que impediu a circulação do jornal ‘Clarín’, um novo protesto sindical impediu ontem a distribuição parcial dos jornais ‘La Voz del Interior’ e ‘Día a Día’, da Província de Córdoba. Ambos também pertencem ao Grupo Clarín.


O sindicato dos vendedores de diários bloqueou o parque gráfico dos veículos, às 6h, quando 30% dos exemplares haviam sido distribuídos. Após intervenção judicial, o local foi liberado.


O motivo do protesto, segundo Felix Britos, secretário-geral do sindicato, foi a demora na entrega dos exemplares para a distribuição, o que prejudica a circulação e faz os vendedores perderem dinheiro.


‘É um problema técnico que temos enfrentado há meses por um ajuste em nossa gráfica’, disse à Folha Sergio Suppo, diretor de Redação do ‘La Voz del Interior’.


O sindicato responsável pelo bloqueio de ontem é filiado à CGT (Confederação Geral do Trabalho), sob o comando de Hugo Moyano, o maior líder trabalhista da Argentina e aliado do governo Kirchner. Moyano é acusado de ser o mandante do bloqueio que impediu a circulação do ‘Clarín’ e do ‘Olé’.


O ‘La Voz del Interior’ imprime aos domingos 110 mil exemplares. O número do ‘Día a Día’ é de 20 mil.


Ontem, o ‘Clarín’ publicou a transcrição de um vídeo em que um dos sindicalistas responsáveis pelo bloqueio da última semana pede 9 milhões de pesos (R$ 4 milhões) para que não haja protestos contra o diário.


O vídeo foi gravado em fevereiro, segundo o ‘Clarín’ para provar a extorsão.


 


 


 


O Estado de S. Paulo, 6/4


Justiça argentina investiga extorsão ao ‘Clarín’


A Justiça argentina investigará o caso de extorsão ao jornal Clarín por Luis Siri, representante do sindicato dos trabalhadores das gráficas na AGR (empresa que imprime as publicações do grupo) e principal líder dos piquetes e greves realizados contra o periódico.


Siri, sindicalista vinculado ao governo da presidente Cristina Kirchner, foi filmado com uma câmara oculta pedindo o pagamento de uma propina ao Clarín. Para a eventualidade de o jornal não pagar a propina, Siri fazia uma ameaça: ‘Bloqueio o jornal e ele não sai mais, hein!’.


No vídeo, Siri aparece pedindo ao Clarín 3,150 milhões de pesos (US$ 780 mil) para uso próprio. A gravação foi feita em 17 de fevereiro. Em 27 de março Siri e seus colegas bloquearam o Clarín. Nesse período, o jornal rejeitou pagar a propina.


Na gravação, que foi feita pelos funcionários do Clarín sob acompanhamento de um tabelião (que lacrou a câmera com a qual foi feita a gravação), Siri deixa claro que os motivos das pressões sindicais ao jornal não são trabalhistas, mas sim, políticas: ‘É um erro encarar isso como um conflito trabalhista e não como (um conflito) político’.


A promotoria considera que se trata de um caso de extorsão. Os partidos de oposição condenaram o pedido de Siri e pedem que os promotores investiguem suas conexões com o governo. Enquanto isso, a administração Kirchner mantém silêncio sobre o escândalo da propina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.