Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Protesto contra lei de imprensa pára capital

Katmandu ficou paralizada na sexta-feira (28/10) em protesto contra a mais nova tentativa de repressão à imprensa imposta pelo rei Gyanendra. Os sete principais partidos políticos do Nepal lideraram a greve de um dia depois que o governo ameaçou fechar uma estação de rádio de propriedade do grupo Kantipur, maior companhia de mídia do país. Jornalistas e ativistas políticos participaram de manifestações, enquanto escolas e o comércio da capital não funcionaram.


No início de outubro, a administração de Gyanendra implantou uma dura lei que proíbe estações de rádio em freqüência modular de transmitir notícias, não permite que a mídia critique o rei e impõe penalidades mais duras para condenações por difamação. As estações de rádio são a principal fonte de notícias independentes para muitas pessoas no Nepal, onde aproximadamente metade da população é analfabeta. O governo afirma que as notícias transmitidas por estas estações encorajam a insurgência dos rebeldes maoistas.


Um porta-voz do governo afirmou que a lei tem como objetivo tornar a imprensa mais responsável. Já o presidente da Federação de Jornalistas Nepaleses, Bishnu Nisthuri, alega que a ‘legislação negra’ visa enfraquecer a liberdade de imprensa e intimidar profissionais de mídia.


A dura perseguição à imprensa teve início em fevereiro deste ano, quando Gyanendra protagonizou um golpe de Estado, dissolveu o governo e declarou estado de sítio. Tudo com a justificativa de que o fazia para impedir que a rebelião maoista conquistasse o poder e com a promessa de que restauraria a democracia. Desde então, diversas restrições foram impostas à prática jornalística e dezenas de jornalistas foram ameaçados e presos.


Ainda assim, observadores da situação no Nepal dizem que a mídia privada não se curvou às duras leis do rei. ‘Nós estamos engajados no que os nepaleses chamam de ‘Avagya’, que significa resistir e não se conformar com a ditadura do governo. Isso significa que as rádios continuam a transmitir notícias e os jornais se recusam a seguir as restrições – como a que proíbe que a imprensa critique qualquer membro da família real. Hoje, isso não pode ser aceito’, afirma Kanik Dixt, editor do grupo Himal, em Katmandu. Informações de Anjana Pasricha [Voice of America, 28/10/05].