Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Protestos contra o governo silenciam a imprensa

Na semana passada, em meio a uma crise que durou 12 horas e quase se transformou em um golpe contra o presidente do Equador, Rafael Correa, a liberdade de imprensa foi violada repetidas vezes e jornalistas foram atacados por policiais que protestavam contra a eliminação de seus bônus.

A organização em defesa da liberdade de imprensa Fundamedios registrou 20 atos de repressão contra a mídia na quinta-feira [30/9], quando soldados resgataram o presidente do hospital onde era retido por policiais manifestantes. Em quase todos os casos, os oficiais tentaram evitar que fotógrafos e cinegrafistas registrassem o que estava acontecendo e destruíram seus equipamentos.

Violência

A maior parte dos casos violentos aconteceu na capital, Quito. Os incidentes chegaram ao auge quando manifestantes tomaram a Assembleia Nacional, por volta de meio-dia. Outros casos foram registrados em Ambato, Santo Domingo de Los Tsáchilas, Manta e Portoviejo. Tanto a mídia privada quanto a estatal foram censuradas.

Entre as organizações controladas pelo governo, as equipes da Ecuador TV e da Radio Pública foram as mais afetadas. O repórter Ramón Bravo, da Radio Pública, teve de ser levado às pressas para o hospital depois de ser atingido por gás lacrimogêneo. Dentre as organizações privadas, jornalistas das emissoras de TV Ecuavisa e Teleamazonas e do jornal El Comercio foram os que mais sofreram. Em Ambato, uma garrafa feriu a orelha de Edith Jácome, repórter da Teleamazonas. Depois que um grupo de policiais tomou os escritórios da estatal Ecuador TV, suas transmissões foram interrompidas. A privada Ecuavisa divulgou ter sido alvo de uma tentativa de sabotagem.

Já entre a mídia internacional, representantes da emissora via satélite Telesur ficaram detidos por horas pelos policiais manifestantes. A agência de notícias France-Presse informou que dois de seus fotógrafos foram fisicamente atacados e tiveram suas câmeras quebradas do lado de fora do hospital onde o presidente era mantido. Muitos jornalistas, entre eles o correspondente da organização Repórteres Sem Fronteiras, foram proibidos de entrar no local.

Segundo a RSF, a situação estava prestes a ser resolvida quando autoridades ordenaram que toda a mídia exibisse o sinal da estatal Ecuador TV, o que foi considerado pela organização uma violação da diversidade de imprensa e da liberdade de expressão. Os protestos fizeram com que fosse decretado estado de exceção no país. Informações da Repórteres Sem Fronteiras [1/10/10].