Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Protestos de palestinos se intensificam

O Sindicato de Jornalistas Palestinos da Faixa de Gaza pediu que seus membros parem de cobrir assuntos relacionados às forças de segurança da Autoridade Palestina (AP), em protesto aos contínuos ataques a jornalistas. O boicote começou no dia 15/2 e dirige-se particularmente ao ministro da Justiça da AP, acusado de não tomar as devidas providências para punir os perpetradores. A proposta é que dure até que as medidas sejam levadas a cabo.

Segundo Khaled Abu Toameh [The Jerusalem Post, 14/2/04], parte do protesto incluiria uma greve com jornalistas sentados ao lado de fora do gabinete do promotor da cidade de Gaza, exigindo um inquérito para três casos recentes de violência contra jornalistas na Faixa de Gaza. Na semana retrasada, cerca de 200 profissionais da mídia já haviam feito uma greve de um dia, pelos mesmos motivos.

A decisão do boicote surgiu após incendiarem o carro de Munir Abu Rizek, chefe de redação da sucursal de Gaza do diário Al-Hayat al-Jadeeda. No começo de fevereiro, outros três ataques a jornalistas foram registrados em Ramala e Gaza.



Dois jornais são fechados no Irã

A linha-dura do judiciário iraniano fechou dois grandes jornais no dia 18/2/04 por publicarem uma carta na qual legisladores reformistas acusavam o líder supremo religioso, o aiatolá Ali Kamenei, de encabeçar um sistema que abusava dos direitos humanos. Os diários liberais Sharq e Yas-e No foram fechados com ordem da procuradoria de Teerã. Segundo jornalistas dos jornais, não se sabe por quanto tempo os jornais estarão proibidos de circular.

A carta a Kamenei foi enviada por 100 legisladores reformistas em protesto à desqualificação pela linha-dura de mais de 2.500 candidatos às eleições parlamentares, no dia 20/2. Apenas Sharq e Yas-e-No, entre dúzias de diários do Irã, tiveram a ousadia de publicar o documento.

De acordo com a Reuters [18/2], cerca de 100 jornais foram fechados nos últimos quatro anos e muitos jornalistas e publishers foram presos. Os Repórteres Sem Fronteiras disseram no ano passado que o Irã tem mais jornalistas atrás das grades do que qualquer outro país do Oriente Médio.



Primeiro jornalista assassinado este ano é de Bangladesh

O jornalista Manik Saha foi decapitado por uma bomba em 15/1/04, em Bangladesh. Acredita-se que Saha, que era repórter do jornal New Age e do serviço em bengalês da BBC, tenha sido o primeiro jornalista assassinado este ano em todo o mundo.

Rebeldes maoístas assumiram a autoria do crime, e ameaçaram ‘eliminar’ outros nove repórteres que escrevem sobre a máfia, o contrabando e a ação dos maoístas em Kuna, cidade ao sudoeste da capital do país, Daka. Segundo a AP [18/2/04], a morte de Saha deu continuidade ao derramamento de sangue que acontece em Bangladesh há tempos entre grupos radicais e o governo, e que coloca jornalistas na linha de frente do confronto. No começo de fevereiro, um grupo comunista chamado Purbo Banglar divulgou uma carta onde prometia matar 11 jornalistas, acusando-os de relatar de maneira imprópria suas atividades.

Segundo Nayeemul Islam Kan, presidente do Centro de Desenvolvimento, Jornalismo e Comunicação de Bangladesh, muitos assassinatos ocorrem porque os jornalistas são membros de sindicatos patrocinados pelo partido do governo ou por grupos de oposição. O caso de Saha foi uma exceção, já que ele não pertencia a nenhum desses grupos, e não tomava partido em suas reportagens, afirmou Kan.

A situação sanguinolenta de Bangladesh pode ser explicada por números. O país é um dos mais populosos – com 130 milhões de habitantes – e mais pobres do mundo. O índice de desemprego chega a 36% e a renda média anual é de apenas US$ 370 per capita. Desta forma, corrupção política e crimes diários são comuns no país, que teve aproximadamente 3.500 assassinatos em 2003, com um crescimento de 38% em relação ao ano anterior.