Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Protestos em Beirute por sátira ao Hezbollah

Milhares de muçulmanos xiitas enfurecidos por um programa de TV que zombou do líder do Hezbollah tomaram as ruas ao sul de Beirute na noite de quinta-feira (1/6). Os manifestantes queimaram pneus e bloquearam ruas – incluindo a rodovia que leva ao aeroporto internacional do Líbano. O protesto teve início logo depois que o canal privado cristão Lebanese Broadcasting Corporation (LBC) transmitiu um programa cômico no qual um ator fazia uma paródia do xeique Hassan Nasrallah.


Rapidamente, centenas de simpatizantes do Hezbollah se juntaram nas ruas do sul da capital, região de maior força do grupo xiita. Eles carregavam imagens de Nasrallah e gritavam palavras de apoio ao líder. O número de manifestantes cresceu de maneira acelerada e alcançou outros bairros xiitas de Beirute. A polícia chegou a bloquear algumas passagens na parte central da cidade para evitar que manifestantes em motocicletas chegassem à área comercial.


Tensão latente


A polêmica causada pelo programa televisivo reflete a tensão política latente que existe no Líbano entre partidários pró e contra a Síria. O Hezbollah, financiado pela Síria e pelo Irã, é acusado pela maioria legislativa anti-Síria de seguir ordens da Síria depois que o país foi forçado a retirar seu exército do Líbano, devido a pressões internacionais, há pouco mais de um ano. Já facções pró-Síria acusam a maioria parlamentar de trabalhar em prol dos EUA.


O Hezbollah transmitiu uma declaração em seu canal de TV, o al-Manar, afirmando que o programa da LBC havia ‘insultado o símbolo de resistência e seu líder’, mas pedindo que os manifestantes tivessem paciência e encerrassem a ação enquanto o problema é resolvido pelos meios apropriados. Como o pedido não adiantou, o próprio Nasrallah fez um apelo por telefone no al-Manar na manhã desta sexta-feira. O líder agradeceu a seus simpatizantes e disse que eles deveriam ir para casa.


Pedido de desculpas


O programa Bassmet Watan, que pode ser traduzido como ‘Um sorriso da nação’ ou ‘Uma nação morta’, mostrava um ator no papel do líder falando sobre sua aliança com o político cristão Michel Aoun. A sátira não continha nenhum insulto direto a Nasrallah, mas ridicularizava a contínua insistência do grupo na resistência contra Israel. O produtor do programa, Charbel Khalil, divulgou um pedido de desculpas ainda na quinta. Ele afirmou que respeita Nasrallah e que a paródia não teve como objetivo ofendê-lo.


O Hezbollah possui amplo apoio na comunidade xiita libanesa de 1.2 milhão de pessoas, que se acredita ser a maior seita na nação de 3.5 milhões. Guerrilheiros do grupo, que os EUA classificam como uma organização terrorista, costumam entrar em conflito com forças israelenses na fronteira da parte sul do Líbano. Apesar de sofrer pressão nacional e externa para desarmar suas tropas, o Hezbollah afirma que as armas são necessárias para defender o Líbano de possíveis ataques israelenses. Informações da Associated Press [2/6/06].