Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quando os canais de notícias desinformam

Organizações de mídia podem educar eleitores sobre políticas públicas e condições econômicas, mas também podem desinformá-los. Um estudo divulgado na semana passada pelo WorldPublicOpinion.org, projeto do Programa de Atitudes Políticas Internacionais da Universidade de Maryland, concluiu que ‘níveis substanciais de desinformação’ foram fornecidos ao eleitorado dos EUA durante as eleições legislativas deste ano.

A pesquisa avaliou a cobertura televisiva dos canais de notícias a cabo e notou que, apesar de – na maior parte dos casos – as pessoas que acompanham os noticiários serem mais informadas e menos enganadas sobre os fatos, há um número alarmante de exemplos de telespectadores que, expostos a apenas um veículo de comunicação, mostram-se bastante desinformados sobre temas específicos.

Esquerda e direita

Os canais mais citados nestes exemplos são o Fox News e o MSNBC – o que não chega a ser uma surpresa. Fox News é declaradamente de direita no horário nobre; MSNBC, de esquerda. Telespectadores regulares do Fox News tendem a acreditar mais em mentiras sobre a revisão do sistema de saúde democrata, mudanças climáticas e temas que envolvam de maneira negativa a esquerda americana. Já telespectadores regulares do MSNBC mostraram-se mais suscetíveis a acreditar, erroneamente, que havia sido provado que a Câmara de Comércio dos EUA estava gastando dinheiro arrecadado de fontes estrangeiras para apoiar candidatos republicanos e atacar democratas.

Quase diariamente, telespectadores do Fox News estiveram 31 pontos percentuais mais suscetíveis a acreditar de maneira errônea que a maior parte dos economistas estimou que a lei de planos de saúde do presidente Barack Obama iria piorar o déficit; 30 pontos a mais em acreditar que a maior parte dos cientistas não concordava que a mudança de clima estava ocorrendo; e 31 pontos mais suscetíveis a acreditar que ainda não estava claro que Obama nasceu nos EUA.

Em declaração, Michael Clemente, vice-presidente de notícias editoriais da Fox News, afirmou que a companhia Princeton Review listou a Universidade de Maryland entre as escolas com alunos que estudaram menos, sendo a melhor para festas. ‘Com estas distinções, vamos olhar o estudo com o mesmo nível de veracidade com o qual foi pesquisado’, alfinetou. Informações de Brian Stelter [New York Times, 17/12/10].