O alerta de risco de ataques terroristas disparado no domingo, 1/8, pela Casa Branca, provocou um fenômeno no mínimo curiosos entre as organizações de mídia dos EUA. Quanto mais afastadas das áreas de Nova York e Washington, onde o risco é considerado maior, menos as publicações cobrem assuntos relacionados às ameaças terroristas.
Jacques Steinberg [The New York Times, 5/8/04] analisou a cobertura feita por alguns jornais americanos nos três dias que seguiram o alerta de terror elevado. Ele constatou que jornais como o Washington Post e o New York Times publicaram artigos de primeira página e tiveram, por dia, mais de duas páginas internas sobre o assunto e seus desdobramentos. Já o Los Angeles Times publicou no total apenas um artigo de primeira página, e menos de uma página interna inteira com a cobertura.
‘Para nós, este é apenas um caso sobre segurança nacional, terror e informações secretas’, afirma Fred Zipp, editor do Austin American-Statesman, no Texas, para justificar que seu veículo tenha publicado apenas um artigo por dia – tirado do New York Times News Service ou da agência de notícias Associated Press. ‘Se o alerta dissesse que a al Qaeda pretendia atacar a torre da Universidade do Texas ou um jogo de futebol no campus, então seríamos igualmente agressivos’, justifica ele.
Confusão
O problema para a cobertura limitada de grande parte da imprensa americana não foi só a distância dos locais mais seriamente ameaçados. Editores de jornais fora de Nova York e Washington reclamam das mudanças de declarações dadas por oficiais sobre as informações nas quais os alertas foram baseados.
Na terça-feira após o alerta, o New York Times e o Washington Post noticiaram que algumas das informações deveriam ter pelo menos três anos, e no dia seguinte publicaram que oficiais apontavam para a existência de informações mais recentes sobre possíveis ameaças. Esta bagunça contribuiu para deixar a imprensa perdida. ‘Nós não sabemos que provas temos agora’, afirmou Leonard Downie Jr., editor-executivo do Post. ‘Estamos um pouco confusos’, admitiu.
As emissoras de TV tiveram comportamento bem diferente do dos jornais, tentando ignorar as barreiras geográficas. ‘Washington é o quintal da América’, disse Paul Slavin, vice-presidente sênior da ABC News. ‘Se Washington é ameaçada, o resto do país deve levar isto muito a sério’, concluiu.