A crise que atingiu a indústria jornalística americana afeta agora quem sai da faculdade. A jovem Alana Taylor, de 21 anos, mudou seus planos de carreira por conta dos cortes de empregos nos veículos de comunicação. Quando começou seus estudos na Universidade de Nova York, seu objetivo era trabalhar em revistas, mas ela descobriu que o modo mais rápido de divulgar seu trabalho era na blogosfera. Ao se dar conta de que US$ 15 pagos por texto não cobririam nem o seu aluguel, Alana optou por aceitar um emprego de meio período em uma grande empresa de pesquisa de mercado, que lhe paga US$ 3 mil por mês. ‘Agora, considero o jornalismo um hobby. As poucas oportunidades que surgiram na área pagavam pouco ou nada’.
Segundo pesquisa da Universidade da Georgia, seis em cada 10 formandos de jornalismo nos EUA que terminaram o curso entre 2007 e 2008 tinham emprego em tempo integral de seis a oito meses após terminar a faculdade. É o menor índice desde que a pesquisa começou a ser realizada, há 23 anos. Ao mesmo tempo, os programas acadêmicos de jornalismo vêm formando cada vez mais profissionais.
Os salários pagos a repórteres iniciantes nunca foram considerados altos – em 2008, a média paga a recém-formados em um jornal era de US$ 2,4 mil por mês. Na blogosfera, este valor é ainda menor. Tudo isto coloca um dilema para as escolas de jornalismo, que insistem em afirmar que há mercado, porém reconhecem que estudantes precisam de novas habilidades e espírito empreendedor. ‘As pessoas que querem segurança ou não têm ambição não devem estar nas escolas de jornalismo atualmente’, opina Dean Mills, reitor da Escola de Jornalismo do Missouri.
Adaptação
As escolas de jornalismo estão tendo que se remodelar para preparar os estudantes para a era digital. O Instituto de Jornalismo Reynolds, do Missouri, dedicado a pensar novos modos de usar a tecnologia no jornalismo, tem como missão desenvolver novos modelos de negócios. Estudantes de jornalismo da escola são agora encorajados a trabalhar com colegas do departamento de administração e ciência da computação.
No último semestre, por exemplo, o instituto promoveu uma competição entre estudantes para a criação de aplicativos para o iPhone, telefone celular da Apple. O projeto vencedor foi feito por três alunos que criaram um programa de ofertas de imóveis, função destinada a substituir os classificados locais. Informações de Andrew Vanacore [AP, 22/9/09].