Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Recuperada de ataque, Playboy volta às bancas

Dois meses após o ataque com pedras ao escritório da Playboy indonésia, em Jacarta, a revista publicou sua segunda edição na quarta-feira (7/6). A redação foi transferida para Bali. Na ocasião, pouco depois do lançamento da Playboy local, manifestantes atiraram pedras em protesto à publicação, acusada de divulgar ‘conteúdo imoral’ e de violar códigos criminais na mais populosa nação muçulmana do mundo.

Segundo o publisher e editor-chefe Erwin Arnada, a decisão de mudar a localização do escritório teve como objetivo garantir a segurança dos funcionários da revista, após o violento incidente. Paraíso dos turistas, Bali foi por duas vezes alvo de ataques terroristas nos últimos quatro anos. Um atentado a uma boate em 2002 matou 202 pessoas, em sua maioria turistas estrangeiros; explosões suicidas em restaurantes lotados, em 2005, deixaram 20 mortos. Ainda assim, Arnada acredita que o clima em Bali é melhor que o de Jacarta – que também já foi alvo de explosões – para se trabalhar. ‘As pessoas em Bali são mais abertas a idéias, se adaptam mais facilmente’, afirma.

Arnada afirmou que 100 mil cópias da segunda edição com 160 páginas seriam impressas. Diversas páginas em branco trariam uma mensagem para os anunciantes que abandonaram o projeto depois da manifestação em abril. ‘Nós dedicamos este espaço vazio a nossos clientes leais que foram ameaçados por colocar seus anúncios nesta revista’.

Nada de nudez

A Frente dos Defensores Islâmicos, movimento famoso pelo histórico de ataques a bares e boates e que participou do apedrejamento ao escritório da Playboy, em abril, declarou que ainda não sabe que nova ação irá tomar contra a revista. ‘Nós encontraremos um jeito para que eles nos ouçam’, ameaça o membro Tubagus Muhammad Sidik.

A segunda edição da Playboy traz uma matéria sobre vinhos e uma entrevista com um cristão conservador que está no corredor da morte na Indonésia por um ataque a um colégio interno muçulmano. Leitores ávidos por pornografia ficarão desapontados, já que não há fotos de mulheres nuas e que, segundo Arnada, os artigos são, em sua maioria, ‘sobre questões sociais, políticas e culturais’. Informações de Zakki Hakim [AP, 7/6/06].