Uma das partes mais gratificantes do trabalho de Julie Payne, coordenadora da organização de defesa da liberdade de imprensa Jornalistas Canadenses pela Liberdade de Expressão, é o programa de assistência a jornalistas em perigo. Por meio dele, Julie toma conhecimento da vida de centenas de corajosos jornalistas de todo o mundo – a maioria ela nunca irá conhecer pessoalmente. Seu trabalho é, direto de Toronto, no Canadá, descobrir detalhes dos perigos que estes profissionais enfrentam e que tipo de ajuda precisam.
Uma das ferramentas mais úteis que a organização canadense desenvolveu, em parceria com o Comitê para a Proteção de Jornalistas em Nova York e o Rory Peck Trust, em Londres, é uma lista de emails chamada Journalists in Distress listserv. A ideia é simples: por meio de um único endereço de email, são reunidas organizações internacionais que desempenham ações semelhantes de apoio a jornalistas. Assim, os esforços são potencializados para saber mais detalhes de um jornalista específico, se ele conseguiu auxílio ou, ainda, se é possível arrecadar mais recursos para ajudá-lo.
Há cinco anos, parte do grupo da lista encontrou-se em uma conferência em Bruxelas e, desde então, ela vem crescendo. Atualmente, a listserv reúne 10 organizações de liberdade de expressão e direitos humanos. Muitos dos membros da lista trabalham em escritórios, revisando pedidos que vêm por telefone, email e carta.
Algumas vezes é difícil, diz Julie, entender verdadeiramente a condição e as necessidades, por exemplo, de um jornalista da Eritreia que foi para o Sudão e vive com medo de ser sequestrado e forçado a ir além da fronteira para ficar em uma prisão. Mas a parceria das organizações faz com que o apoio da rede seja vital a estes repórteres. Juntas, elas conseguem proteger milhares de jornalistas que se arriscam diariamente. Informações de Julie Payne [Comitê para a Proteção dos Jornalistas, 15/8/11].
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ONG que protege jornalistas em risco abre escritório em São Paulo
[Reproduzido da Folha de S.Paulo, 22/8/2011]
Uma organização dedicada a promover a segurança de profissionais de imprensa em áreas de risco abrirá representação em São Paulo.
Criado em 2003, o Insi (International News Safety Institute, na sigla em inglês) prepara jornalistas para coberturas arriscadas com treinamentos e troca de informações.
De janeiro a julho de 2011, houve registro na América Latina de 19 mortes de jornalistas relacionadas ao exercício da profissão, segundo relatório da Sociedade Interamericana de Imprensa. O número é o maior em 20 anos.
O Brasil está em segundo lugar no ranking do subcontinente, empatado com Honduras, tendo registrado o assassinato de quatro jornalistas neste ano. Em primeiro lugar, aparece o México, onde foram registrados cinco homicídios desse tipo.
Segundo levantamento do Insi, mais de mil profissionais da mídia morreram durante cobertura jornalística nos últimos dez anos.
Muitos foram vítimas em guerras ou desastres naturais, mas a maioria morreu no país de origem, enquanto cobria casos de corrupção e crime organizado, assassinada por pessoas que temiam a divulgação de atividades ilegais.
O Insi América Latina funcionará na sede da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e será dirigido pelo jornalista Marcelo Moreira.