O grupo Sinclair Broadcasting, que controla 62 estações de TV em diferentes estados dos EUA, decidiu exibir o documentário Stolen Honor: Wounds That Never Heal (Honra roubada: feridas que nunca se curam), em que veteranos da Guerra do Vietnã afirmam que seus captores vietnamitas usaram como justificativa para torturas o testemunho em que John Kerry denunciou no senado, em 1971, atrocidades cometidas pelos americanos no conflito. Segundo informa o New York Times [11/10/04], eles acusam o candidato democrata à presidência de traí-los e desmoralizá-los.
Para a Sinclair, o documentário é material jornalístico e, por questão de imparcialidade, foi oferecido espaço a Kerry para que possa se defender, mas seus assessores já disseram que o candidato à democrata presidência provavelmente não aceitará. ‘É difícil aceitar seriamente a proposta de um grupo resignado a fazer qualquer coisa para ajudar a eleger o presidente Bush, mesmo que isso signifique violar padrões básicos do jornalismo’, diz um porta-voz do senador.
Um grupo de 18 senadores democratas escreveu à Comissão Federal de Comunicações pedindo que avaliasse se é correto exibir esse tipo de documentário na TV aberta. Especialistas de mídia ouvidos pela Dow Jones [12/10/04] dizem ser improvável que a comissão tome a inédita decisão de proibir previamente a exibição de um programa. Ainda não se sabe se as autoridades obrigarão as emissoras que transmitirem o documentário a darem espaço a Kerry, por causa de lei eleitoral. Em abril, a Sinclair não retransmitiu o programa Nightline em que o âncora Ted Koppel leu o nome dos soldados americanos mortos no Iraque.
Stolen Honor foi produzido por Carlton Sherwood, ex-repórter do Washington Post. Ele afirma que não recebeu dinheiro de partidos políticos para fazê-lo e que o financiamento inicial do projeto veio de um grupo de veteranos da Pensilvânia.