Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Rede desiste de mostrar filme anti-Kerry

Após duas semanas de polêmica, a rede de TV americana Sinclair voltou atrás e não exibiu o documentário em que o candidato presidencial democrata John Kerry é acusado de trair os EUA e seus ex-colegas soldados ao militar contra a Guerra do Vietnã. No lugar deste filme, foi passado outro programa jornalístico sobre a participação de Kerry no conflito, com conteúdo relativamente equilibrado. Enquanto no primeiro eram entrevistados 17 ex-militares que condenam o candidato, no que foi ao ar há um número igual de pessoas falando contra e a favor dele. O novo documentário utilizou quatro minutos daquele que iria ser exibido originalmente (Stolen Honor: Wounds That Never Heal – honra roubada: feridas que nunca saram), mas também incluía tempo equivalente de Going Upriver: The Long War of John Kerry (subindo o rio: a longa guerra de John Kerry), que mostra o democrata como um herói de guerra.

A mudança de planos da Sinclair fez com que os democratas desistissem da idéia de pedir espaço na rede a título de direito de resposta. Quando a companhia, tradicional contribuinte de campanhas republicanas, anunciou que tinha intenção de mostrar Stolen Honor, foi alvo de muitas críticas e suas ações chegaram a cair 15% na bolsa.

O chefe da redação do grupo em Washington, Jon Leiberman, que também exerce a função de principal repórter de política nas 62 estações que compõem a rede, foi um dos que se levantou contra a iniciativa – o que lhe custou seu emprego. Foi mandado embora porque declarou à imprensa que a exibição do filme anti-Kerry era ‘indefensável’ e que a Sinclair queria ‘influenciar’ a eleição. Após a demissão, ele disse que ‘sabia que não tinha a nada a ganhar e tudo a perder’ ao criticar seu empregador publicamente, mas que ‘tinha que conseguir dormir à noite’. As informações são do Washington Post [19, 20 e 23/10/04] e do New York Times [23/10/04].