Estou cursando mestrado na UFRN e tenho como objeto a análise entre família e televisão, e é nessa condição que comento o texto. As pausas e as hesitações estão para a televisão assim como sons e ruídos não-intencionais da gravação estão para o CD. Em um e outro caso, eles podem ficar no produto final, entretanto não aumentam e, ao contrário, podem diminuir a qualidade final do trabalho. A televisão, diferentemente dos outros meios de comunicação, com exceção da internet, exige exclusividade do público que queira assimilar a mensagem transmitida. Quando assiste a uma palestra de um acadêmico, de um cientista ou mesmo quando vê uma matéria jornalística, o receptor terá que ver começo, meio e fim para que possa apreender a mensagem e processar seus significados. Não se pode ignorar que a velocidade que caracteriza esse início de século não se aplica apenas às maquinas e à tecnologia. O ser humano assimilou essa pressa nas suas ações cotidianas e, mais que isso, alterou seu modo de pensar, e isso lhe retira a capacidade de concentração que era possível antes dos meios eletrônicos de comunicação.
É falta de exercício? Talvez. Entretanto, passados mais de 50 anos da chegada da televisão ao Brasil, e embora Derrida se refira à França, a sua argumentação é comum também aqui, não dá para pensar como se esse veículo não existisse e não fosse responsável pela criação de uma linguagem, de uma gramática própria. Não há como transferir uma aula, tal e qual acontece em sala de aula para a televisão, assim como também não é para o livro. Cada veículo desenvolve a sua própria linguagem, as suas próprias regras, que podem, para sua própria evolução ou crescimento em qualidade, serem questionadas. Mas a discussão sobre a pertinência ou não de determinado código deve ser realizada no nível do conhecimento dessas regras, e não na sua ignorância.
Mônica Costa, jornalista, assessora de imprensa, Natal
A mídia segundo o filósofo – Leneide Duarte-Plon
ONDAS CURTAS
Excelente o panorama do idioma português no contexto atual das ondas curtas. Célio, publique mais textos a respeito dessa fascinante atividade que valoriza a cultura e a informação sem intermediários!
Caio Lopes, engenheiro eletricista, Itajubá, MG
Grata surpresa
Como amante de rádio-escuta, segmento que tem representação até significativa no Brasil, vejo muito poucas matérias sobre esta vertente serem abordadas pela imprensa. Encontrar aqui este artigo foi uma grata surpresa e maior ainda por ser uma excelente e bem-escrita matéria.
Adalberto M. Azevedo, engenheiro eletrônico, Barbacena, MG
URNA DO OI
Esta pergunta sobre as boas notícias solicitadas pelo presidente é ambígua. Eu queria votar, mas não entre o sim e o não. A resposta certa seria: o presidente está certo, mas nem sempre a imprensa deve dar somente boas notícias. Tudo depende de saber se a imprensa está ou não está dando boas notícias. Entendo que a imprensa deve dar notícias sejam elas boas ou não. O que ocorre é que a imprensa evita dar as boas notícias, com receio de ser acusada de estar sendo cooptada pelo governo. É um assunto muito mais complexo do que um ‘sim’ x ‘não’. Independentemente disto, acho que o Observatório da Imprensa realiza um trabalho meritório e de grande importância na análise e na crítica da atividade jornalística.
Carlos Matheus, professor universitário, São Paulo
REDE PÚBLICA
É lamentável que haja essa, intencional, perda de autonomia das rádios públicas. Pública, e não estatal, como foi muito bem colocado. No Paraná, a rádio educativa também sofreu duro golpe: após décadas de uma programação comprometida com a cultura, o ouvinte se vê diante de uma rádio ‘chapa-branca’, obrigado a acompanhar os discursos do governador e a agenda do governo. Coincidência? Não. Embrutecimento.
Valéria Villa Verde, socióloga, Curitiba