Como havia sido prometido pelo editor-executivo Marcus Brauchli, o Washington Post está tornando mais rígidas as normas referentes ao envio de matérias para fontes antes de sua publicação. A partir de agora, a prática só será autorizada em raras ocasiões, pelo editor-executivo ou chefe de redação.
Além disso, fontes não poderão mudar o que disseram na entrevista original, embora possa haver exceções em nome de uma maior precisão, como em uma matéria científica, por exemplo, ou se houver risco de perder a citação de uma fonte crucial. Uma alternativa melhor e mais aceitável será permitir à fonte acrescentar uma citação e então explicar a sequência das frases aos leitores. De acordo com o jornal, o objetivo de colocar declarações das fontes entre aspas é capturar tanto as palavras quanto o significado de maneira precisa.
Matéria negociável
As mudanças foram motivadas pelo caso do repórter Daniel de Vise, especializado em educação superior. De Vise usou técnicas atípicas e, para alguns, antiéticas, ao permitir que funcionários da Universidade do Texas entrevistados por ele revisassem as matérias e até sugerissem mudanças, conforme revelou Forrest Wilder, do Texas Observer. Wilder teve acesso a emails trocados entre De Vise e a equipe da universidade. “Tudo aqui é negociável. Se você ou alguém de sua universidade tiver alguma preocupação, peço que se dirija a mim. Sou um dos poucos repórteres aqui que mandam os rascunhos para as fontes!”, escreveu o jornalista em uma das mensagens, reforçando não ter tido nenhuma fonte insatisfeita com seus trabalhos.
Dois professores de jornalismo criticaram o processo de trabalho de De Vise. Já Erik Wemple, blogueiro de mídia do Post, afirmou que frequentemente compartilha parte ou rascunhos inteiros de matérias – o que, para ele, é uma forma efetiva de verificar os fatos.
No memorando enviado à redação, no entanto, o Post lembrava que “o princípio do jornalismo é divulgar fatos da maneira mais próxima que pudermos chegar deles. Nunca devemos fazer ou prometer algo que obscureça a verdade ou ponha em dúvida o nosso modo de divulgar notícias de maneira precisa. Isto é essencial para a confiança que os leitores – para quem trabalhamos – têm em nós”. O jornal quer encorajar uma discussão maior sobre estes pontos. Informações de Andrew Beaujon [Poynter, 25 e 26/7/12].