Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Relatório americano tece críticas à Turquia

Os EUA acusaram a Turquia de limitar a liberdade de expressão e afirmaram que jornalistas turcos temem represálias, caso critiquem o governo do primeiro-ministro Tayyip Erdogan. As críticas contidas no relatório anual de direitos humanos americano, publicado esta semana em Washington pelo Departamento de Estado, vêm em meio a uma disputa gradativa entre o maior grupo de mídia turco, o Dogan Yayin, e o governo.


Na semana passada, o Dogan Yayin foi multado em quase US$ 500 milhões em punição e taxas atrasadas após uma investigação governamental. O Ministério das Finanças alegou que a multa não teve motivação política. A maior associação de imprensa turca insiste, no entanto, que a ação foi destinada a silenciar a cobertura crítica às autoridades. Erdogan criticou duramente a empresa, que é proprietária dos diários mais vendidos no país, como o Hurriyet, além de agências de notícias e emissoras de TV.


Boicote


O primeiro-ministro também pediu aos seus partidários que não comprem os jornais do grupo, depois da publicação de matérias sobre um suposto caso de corrupção no governo. O Dogan Yayin publicou artigos sobre um julgamento na Alemanha no ano passado, envolvendo uma instituição de caridade islâmica acusada de desviar doações e enviar recursos para um grupo de mídia turco pró-governo. Erdogan nega as acusações de corrupção.


‘Diversos grupos proprietários de agências de notícias do país estão preocupados em perder oportunidades de negócios se seus jornalistas escreverem artigos críticos ao governo’, declarou o documento do Departamento de Estado dos EUA, sem nomear os grupos. ‘Autoridades governamentais, incluindo o primeiro-ministro Erdogan, fizeram declarações durante o ano [de 2008] criticando a mídia e personalidades da imprensa, em especial após a publicação de artigos sobre suposta corrupção em entidades na Alemanha relacionadas ao partido de situação’.


‘Para europeu ver’


Como parte da negociação para se juntar à União Européia, a Turquia expandiu a liberdade de expressão e afrouxou restrições à mídia, incluindo melhorias em um artigo do código penal que punia cidadãos que ‘insultassem o sentimento turco’. A expressão ‘sentimento turco’ foi substituída por ‘nação turca’. O documento do Departamento de Estado americano notou, entretanto, que ainda há restrições à mídia, em especial ao que se refere a temas sensíveis como o assassinato em massa de armênios durante a Primeira Guerra Mundial e de minorias étnicas curdas.


Também foram encontradas evidências de censura na internet. Diversos sítios, incluindo o popular YouTube, já foram bloqueados no país. A maior parte dos sítios fechados por ordem da corte é suspeita de incentivar suicídio, pornografia infantil, ajudar no acesso a drogas e na promoção da prostituição, e de insultar o fundador da Turquia moderna, Mustafa Kemal Ataturk. Informações da Reuters [27/2/09].