‘Ela tem cinco tatuagens e é casada com João Gordo. Confessa, aliás, que, por influência dele, não sabe conversar sem falar dezenas de gírias e palavrões. Mas não é que, mesmo com esse currículo todo, a argentina Viviana Torrico consegue ser superfofa? ‘Não entendo, todo mundo me fala isso’, diz, com o forte sotaque, em tom de reclamação.
Aos 30 anos e grávida de sete meses, Vivi se tornou conhecida do público no reality Família MTV. Mas foi recentemente, quando estreou como entrevistadora ao lado de seu marido no Gordo a Bolonhesa, que ela ficou mais conhecida do público.
Na Argentina, Vivi trabalhava com crianças excepcionais, mas, paralelamente à carreira, sempre trabalhou com música – pesada, explica-se. ‘Foi o mundo musical que uniu eu e o João. Eu era fã dele, tinha pôster, via que por trás daquele jeito tosco tinha um meninão’, diz.
Depois que a conheceu, aliás, o meninão mudou um bocado: fez uma cirurgia de redução de estômago – ‘nossa vida, tudo melhorou’ – e passou a ter mais paciência com as pessoas, inclusive com os idosos que o param na rua e a quem, anteriormente, não dava a mínima atenção. ‘Ele está bem diferente.
Para mim, ele é que é meigo.’ Entendeu por que a chamam de fofa?
Estado – O que você fazia antes de virar estrela de TV?
Viviana Torrico – Não virei estrela (risos). Sou de Salta, na Argentina, mas me mudei nova para Buenos Aires. Sou uma profissional especializada em excepcionais mentais, mas trabalhava com música também. Com 13 anos tive meu primeiro programa de rádio e, aos 18, já trabalhava em uma das rádios mais importantes de Buenos Aires. Também trabalhava na revista Metal e foi em uma entrevista que conheci o João.
Estado – E se apaixonou.
Vivi – Já conhecia o trabalho dele e, além de gostar da banda, gostava dele.
Era uma coisa de adolescente, de fã, de ter um pôster e falar: ‘ai, que cara bonitinho’. Eu via que por trás daquele jeito tosco tinha um meninão. Mas agora ele está bem diferente. Você sabe que pessoas de idade param ele na rua e ele curte? Eu lembro que no começo ele odiava esse tipo de coisa.
Estado – E isso tem a ver com você?
Vivi – Acho que sim. A gente conversa muito. Aliás, isso é até uma coisa que agora é bom, mas no começo era chato. É uma coisa cultural. Argentinas são de pensar e, às vezes, eu queria bater um papo-cabeça com ele e ele falava que eu era chata, que era louca. Mas, aos poucos, ele foi entendendo.
Estado – Quando você se mudou para o Brasil?
Vivi – Faz cinco anos. Eu conheci o João há 10 anos, ficamos amigos. A gente conversava por telefone, mas não rolava porque eu sou supercareta e ele estava em uma fase totalmente trash. Eu vim para trabalhar em uma multinacional de metal, a Century Media.
Estado – Você já virou brasileira?
Vivi – Consegui uma mistura boa. Consegui ter a leveza que tem o brasileiro e aquela coisa de esquentar a cabeça demais, a melancolia dos argentinos, eu diminui. Eu juntei as duas coisas e consegui achar um meio-termo.
Estado – Você se incomodou de ter sua vida exposta no ‘Família MTV’?
Vivi – Não pensei isso, mas não incomodou. Só era estranho. As pessoas me chamavam e diziam que minha casa era legal. Não sabia de onde eu as conhecia. Pensava: será que o João levou alguém em casa e eu não sei (risos)?
Estado – Você queria aparecer na TV?
Vivi – Com o Família eu nem me questionei, mas com o Gordo a Bolonhesa eu pensei, porque está sendo superpauleira eu, grávida de sete meses, ter de gravar e gerenciar uma firma. Ainda cuido de toda a parte administrativa da casa. Até do médico do João eu tenho de cuidar, se bem que ele já melhorou, mas ele era completamente passivo e medroso.
Estado – Sente dificuldade de se expressar em português?
Vivi – O Gordo fala gírias o tempo todo e querendo ou não eu também falo.
Tenho dificuldade de falar com pessoas ‘normais’. Às vezes, eu tenho de falar com minha sogra e falo com gíria, só depois eu me toco.
Estado – O que as pessoas lhe falam na rua?
Vivi – O que eu mais escuto é: ‘como você é fofa’. Descobri que eu posso falar um monte de besteiras que as pessoas vão achar fofo (risos). Na minha sala de trabalho, tenho fotos da máfia japonesa, de pessoas tatuadas, e todos acham fofo. Acho bom, porque daí não fica muito preconceituoso. Acho que eu tenho um lado fofa, todo mundo tem, mas não é tão assim.
Estado – Você se incomoda quando escuta algum brasileiro falar mal de argentino, que é um povo pedante…
Vivi – Eu tenho vergonha da arrogância argentina e concordo (risos). Acho que estou mais brasileira do que argentina. Sei que tem muitas coisas aqui que têm de melhorar, mas acho o Brasil lindo e eu amo São Paulo. Para mim é uma cidade totalmente mágica.’
Daniel Castro
‘Família Suplicy estrela ‘reality show’ na MTV’, copyright Folha de S. Paulo, 15/02/04
‘Vice-campeão de ‘Casa dos Artistas 1’, o roqueiro Supla já está gravando um novo ‘reality show’, a quarta edição do ‘Família MTV’, que a MTV exibe em seis episódios a partir de 3 de maio. O senador Eduardo Suplicy, pai dele, já apareceu nas gravações, mas a MTV quer também a mãe, Marta Suplicy.
‘A gente faz questão que o Supla reúna toda a família, com papagaio, cachorro e Marta’, diz Zico Goes, diretor de programação da MTV. O segundo ‘Família MTV’ deste ano, também em maio, será com a roqueira baiana Pitty. A MTV planeja mais duas edições do ‘reality show’, que reúne famílias de artistas pop, no segundo semestre.
OUTRO CANAL
Boa notícia Fora da grade da Record há duas semanas, o telebarraco ‘Verdade do Povo’ não volta mais ao ar. Seu apresentador, Wagner Montes, vai virar âncora do ‘Cidade Alerta’ no Rio. Na Band, o ‘Hora da Verdade’ morreu na semana passada.
Paz De tanto ‘transmitir’ o Gala Gay do lado de fora do Scala, no Rio, e criar muita confusão, a Rede TV! finalmente poderá exibir a festa, neste ano, dentro do salão. Vai dividir as imagens com a Band.
Retorno Agora sob a direção da jornalista Maria Helena Amaral, o ‘Marília Gabriela Entrevista’, do canal pago GNT, volta com edições inéditas em 7 de março. A primeira entrevistada da nova fase será a cantora Elza Soares.’
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‘Endemol Globo negocia show com Record’, copyright Folha de S. Paulo, 11/02/04
‘Empresa da qual a TV Globo detém 50% das quotas, a Endemol Globo está negociando a co-produção de um programa na Record e tem proposta de parceria em estudos também na Band.
Se fechar com a Record, será a primeira vez que a Endemol quebrará a exclusividade que mantém desde 2001 com a Globo, onde já emplacou os ‘reality shows’ ‘Big Brother’, ‘Fama’ e ‘Amor a Bordo’, entre outros. Pelo acordo que possui com a Globo, a Endemol pode oferecer à concorrência formatos que a emissora recusar.
O formato que a Endemol Globo negocia com a Record é o de ‘All You Need Is Love’, que já foi ao ar em 11 países da Europa. Trata-se de um programa que promove encontros e reencontros, não só de casais, com um trailer que roda por regiões do país captando histórias com ‘emoção’.
A Record está atualmente estudando os custos do programa, que poderá ser apresentado por Adriane Galisteu, às quintas. Antes de acertar com a Endemol, a TV irá fazer pesquisas para avaliar a aceitação do formato.
O ano de 2004 promete uma maior competição no mercado de formatos internacionais. Concorrente da Endemol, a Freemantle (‘Popstars’) acaba de se instalar no Brasil e negocia com todas as redes, inclusive Globo. A aposta da produtora é a versão brasileira de ‘American Idol’, ‘reality show’ musical que faz sucesso nos EUA e no canal pago Sony.
OUTRO CANAL
Bicuda
A Band irá exibir novas edições do ‘Chutando o Balde’, que ‘estreou’ domingo com Romário, apenas quando tiver entrevistas polêmicas. Negocia novas com Renato Gaúcho, Eurico Miranda, Roberto Carlos, Ronaldo e Figo.
Cruzadas 1
As pernas de Analice Nicolau e Cinthia Benini, que não atraíam anunciantes, já não garantem audiência. Anteontem, Silvio Santos escalou Hermano Henning para a apresentar a primeira edição do ‘Jornal do SBT’ (19h30) no lugar das ex-’Casa dos Artistas’, que ficaram com a segunda edição (0h10).
Cruzadas 2
Com Henning, o jornal deu cinco pontos no Ibope, o mesmo da semana passada. Na madrugada, Analice e Cinthia também ficaram nos três pontos da segunda anterior. A mudança não era definitiva até ontem de manhã.
Morte anunciada
Outra mudança repentina de Silvio Santos na grade do SBT, em seu novo retorno dos EUA, foi com o ‘Casos da Vida Real’, de sua filha Silvia Abravanel. Passou para as 14h30 (antes, era às 17h30). De acordo com o Ibope, a audiência caiu de cinco para quatro pontos na Grande São Paulo.
Até que enfim
A Record exibe amanhã e no dia 19 os dois últimos episódios da série ‘Arquivo X’, interrompida, sem explicações aos fãs, no início de dezembro.’
RELIGIÃO NA TV
Daniel Castro e Laura Mattos
‘Atrás da fé’, copyright Folha de S. Paulo, 15/02/04
‘Por trás dos investimentos alardeados por Record e Bandeirantes neste início de ano, há uma silenciosa ‘guerra santa’.
De um lado, o bispo Edir Macedo e sua Igreja Universal do Reino de Deus pretendem aplicar US$ 30 milhões na Record ao longo de 2004, com novas contratações e novelas. Do outro, o missionário R.R. Soares -seu cunhado e ex-parceiro- tornou-se um dos principais pilares financeiros das mais recentes apostas da Band.
Desde 2003, um contrato garante ao evangélico pregação no horário nobre. Valido até 2007, renderá à Band cerca de R$ 100 milhões -alívio significativo em meio à crise do mercado publicitário. A verba anual de Soares representa ao menos 10% do faturamento da Band (que em 2003 foi de R$ 250 mi). É mais do que as Casas Bahia -maior anunciante da TV- gastam no canal.
Com esse dinheiro, a Band teve fôlego para dar novos ares à programação. Em 2003, ‘roubou’ o apresentador José Luiz Datena da Record e, neste ano, anunciou a contratação de dois globais de peso: a diretora Marlene Mattos e o jornalista Carlos Nascimento.
Procurada, a Record não quis se manifestar sobre o assunto. A Band, por meio de sua assessoria, relativizou o ‘peso’ de Soares: ‘O que faz a emissora crescer é o conjunto das 24 horas de sua programação e o faturamento que essa grade proporciona’.
O bispo da Record e o missionário da Band fundaram juntos, em 1977, a Igreja da Bênção (rebatizada de Universal do Reino de Deus, hoje com 10 mil templos no Brasil). Foi quando conseguiram espaço na TV Tupi e criaram o conceito de ‘telepastor’ no país.
Após três anos, um desentendimento rompeu a sociedade entre Soares e Macedo, irmão de sua mulher. Romildo Ribeiro (R.R.) Soares fundou, então, a Igreja Internacional da Graça de Deus, que hoje tem quase mil templos no Brasil e representantes nos EUA, no Japão e em Portugal. Possui ainda canal de TV no MS.
A Band foi seu maior ‘gol’ na busca por exposição. ‘Estou bem servido agora’, diz Soares, que viajou na quarta para uma ‘turnê’ de um mês pelos EUA.
O evangélico ‘bate palmas’ para as novas contratações da rede. ‘Eles estão quebrando a máfia do mercado, trazendo pessoal inteligente. E isso ajuda todo mundo, desperta a concorrência.’
Com voz calma e pausada, sua marca na ‘telepregação’, sai pela tangente ao falar sobre sua participação nessa ‘retomada’ da Bandeirantes. ‘A meu ver, eles acertaram em cheio em me colocar lá, pelo menos para ter uma opção de programa à noite.’
Coordenador da Igreja Universal no Congresso Nacional, o deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ) afirma que o dinheiro de Soares ajudará a Band até ela ‘sair do sufoco’. ‘É um lucro limpo, sem agência de publicidade no meio.’ Ele, no entanto, diminui o papel do missionário na visível recuperação da concorrente. ‘Ajuda, claro. Mas a Band também fechou um contrato de R$ 20 milhões com a Petrobras no final de 2002 e usa essa verba até hoje.’
Para Soares, a competição entre Band e Record é ‘uma coisa bonita’ e não reflete uma disputa religiosa entre ele e Edir Macedo.
Rodrigues também diz não ver na corrida por audiência uma ‘guerra santa’. ‘Não há nem concorrência por fiéis’, afirma.’
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‘‘TV em crise chama pastor’, diz bispo’, copyright Folha de S. Paulo, 15/02/04
‘‘Toda TV é assim. Está em crise, chama um pastor. Depois que resolve seu problema financeiro, joga o pastor para a madrugada até tirá-lo do ar.’ A análise é do deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ), coordenador da bancada da Igreja Universal do Reino de Deus no Congresso Nacional.
Braço direito de Edir Macedo, ele acredita que a Bandeirantes ‘logo’ irá tirar o programa do missionário R.R. Soares do ar.
‘[O contrato] Foi na hora do desespero. A Band, com uma nova audiência e um novo faturamento, com certeza vai logo ver que o negócio não está bom para eles’, disse Rodrigues à Folha.
‘Toda rádio e TV, quando está em crise, bota um programa religioso. Depois, começa a encostá-lo na periferia [da programação] até tirar fora’, afirmou.
Rodrigues tem experiência no assunto. Há mais de 20 anos, ele apresentava programa na TV Tupi. ‘Entrava no ar ao meio-dia. À medida em que as coisas davam certo na emissora, eles iam me tirando dos melhores horários.’
Em sua opinião, ‘uma TV competitiva não pode ter programa religioso em horário nobre’. ‘Na Record, a Universal só tem programas para as calendas’, diz, referindo-se às madrugadas. ‘Não podemos fazer uma programação competitiva com programa evangélico, mesmo com a ligação filosófica entre a emissora e a igreja.’
Para o deputado, a Bandeirantes pôde investir mais em sua programação após o contrato com o missionário Soares e as estatais. ‘Agora ela está sendo vista como concorrente pela Record, com programas como o do Leão [‘Boa Noite, Brasil’] e aquele ‘Cidade Alerta’ [‘Brasil Urgente’] deles.’
Marlene Mattos
R.R. Soares, por outro lado, não acredita que sairá tão cedo da Band. Afirma que há multa em caso de uma rescisão e que ainda espera ampliar seu tempo no ar. ‘Creio que a Band abrirá os olhos e me dará duas horas [hoje ele fica das 20h50 às 21h45, além do horário matutino]. Em uma hora, fico limitado, preciso pregar mais. Se os filhos do Roberto Marinho me convidarem, estou pronto para pôr um programa na Globo.’
Ele também não admite ligação direta entre a crise da televisão e o espaço para os evangélicos. ‘Acho que é um reconhecimento do trabalho que a gente faz.’
Soares diz que vai pouco à Band [seu culto é gravado na sede da Igreja da Graça, em São Paulo] e que negocia diretamente com o presidente, Johnny Saad, e o vice, Paulo Saad. ‘Eles estão muito felizes com meu programa.’
Feliz ou não, a direção da Bandeirantes já avisou à nova diretora artística da casa, Marlene Mattos, para nem tentar mexer no horário de Soares -assegurado pelo contrato de cinco anos.
Mas o missionário diz que ela será bem-vinda se quiser dar palpite em seu ‘Show da Fé’.
‘Acho que a Marlene até gosta do meu programa. Talvez queira que a gente melhore um pouquinho, mas sabe, no fundo, do nosso sucesso. Já deveria até ter vindo conversar comigo. Como o Joãosinho Trinta foi para o Carnaval, ela é para a televisão.’’
DEDÉ vs. DIDI
Cláudia Croitor
‘‘Triste’, Dedé escreve livro sobre Trapalhões’, copyright Folha de S. Paulo, 15/02/04
‘Manfried Santana faz questão de frisar: ‘Não estou magoado com Renato Aragão. Estou apenas triste’. Dedé Santana está triste com Didi Mocó.
Sem emprego fixo -tem dado palestras de ‘conscientização de funcionários’ em empresas- e há anos sem programa, o ‘escada’ mais famoso do Brasil se mantém na TV com uma peregrinação por atrações, de João Kléber (Rede TV!) a João Gordo (MTV), para dar entrevistas sobre o final dos Trapalhões (foi há mais de dez anos) e falar da frustração por não estar ao lado do ex-companheiro Didi na TV Globo.
O bom ibope e a repercussão das entrevistas fizeram Dedé, 67, tirar um antigo projeto da gaveta: escrever um livro sobre a história dos Trapalhões. Em ‘Dedé Santana e Seus Amigos Trapalhões’ -que deve ser lançado no segundo semestre e está em negociação com uma editora-, ele promete contar ‘histórias sérias’ e fazer ‘revelações’ sobre o quarteto.
Leia a seguir a entrevista.
Folha – Por que escrever um livro sobre os Trapalhões agora?
Dedé Santana – Tenho essa idéia há muito tempo, pedi para o Mussum e o Zacarias escreverem uma declaração sobre o Dedé, mas eles nunca fizeram. Com a morte deles, deixei a idéia de lado.
Folha – Você conversou com o Renato Aragão sobre o livro?
Dedé – Eu falei, mas não senti muita boa vontade da parte dele, não… Ao saber do livro, ele me ligou, dizendo: ‘Toma cuidado com o que você vai escrever’.
Folha – Você acha que ele pode ter receio de alguma revelação que o livro venha a trazer?
Dedé – Ninguém deve ter medo da verdade. Vai ter bastante coisa que vai surpreender o público.
Folha – Ultimamente você foi a vários programas dar entrevistas…
Dedé – Fui no João Kleber sem saber que era para responder a essas perguntas. Resultou em uma audiência tão grande que fui chamado a vários outros. Mas eu aviso que, se for para falar sobre o Didi, eu não vou. Eu não vou para falar mal de ninguém.
Folha – Sempre perguntam por que ele está na Globo e você não…
Dedé – Nem sei como responder isso. Eu viajo muito e onde vou o pessoal chega a estar com raiva do Renato. Eu explico que ele não é culpado, que ele não manda na Globo. O pessoal diz: ‘Ele não manda na Globo, mas, se quisesse, o colocaria no programa’.
Folha – Como é a relação com ele?
Dedé – Gostaria de estar mais com o Renato, mesmo que não seja para trabalhar junto. Tenho uma filha criança que é fã dele. Nós nos falamos às vezes.
Folha – Nunca perguntou ao Renato por que ele não o chamou?
Dedé – Ele sempre me disse que a Globo não queria relembrar os Trapalhões. Mas ‘A Turma do Didi’ é bem parecida, o que eu acho um erro.
Folha – Hoje você vive do quê?
Dedé – Faço shows, acompanho meu filho em shows evangélicos. Estou fazendo uma palestra de motivação profissional.
Folha – Por que o Renato ficou mais rico que todos vocês?
Dedé – Talvez porque ele soubesse negociar melhor, os cachês eram negociados em separado. A única vez que nossos empresários reclamaram por causa disso foi quando houve a separação. A diferença de salário era tremenda…
Folha – De quanto era?
Dedé – Vou usar um número fictício: se, por exemplo, a gente ganhasse 8, o Didi ganhava 110. Era uma coisa enorme, quem descobriu foi o Mussum.
Folha – Tem planos de voltar à TV?
Dedé – Estou com dois convites, um da Record, outro da Rede TV!. Também tenho um projeto com o Sérgio Mallandro e o Tiririca. Mas, se o Didi me chamar para voltar a trabalhar com ele, eu vou.’
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‘‘Problema dele é com a Globo’, diz Renato Aragão’, copyright Folha de S. Paulo, 1T/02/04
‘‘O problema do Dedé Santana é com a Globo, não tenho nada a ver com isso’, disse Renato Aragão, o Didi, ao ser procurado pela Folha para comentar as declarações do ex-colega.
‘Ele foi ser pastor e fazer shows evangélicos; a Globo não quis mais ele. Eles já explicaram isso para o Dedé’, afirmou. ‘Eu não preciso rebater essas coisas, todo mundo me conhece, todo mundo sabe.’
Aragão diz não gostar quando o ex-companheiro vai à TV dar entrevistas sobre o grupo. ‘Uma vez, ele foi a um programa vespertino e falou coisas que não eram verdade. Depois se arrependeu e veio a mim pedir desculpas, pessoalmente. Isso fica ruim. Ele fala publicamente e vem pedir desculpas em particular?’, diz.
O comediante confirma que a Globo não queria os dois trabalhando juntos para não relembrar os Trapalhões. ‘Se eles quisessem relembrar, seria mais fácil colocar reprises no ar. ‘A Turma do Didi’ é totalmente diferente’, disse Aragão, sobre o programa dominical que tem na emissora.
Aragão confirma que teria ligado para Dedé pedindo para que ele ‘tomasse cuidado’ com o conteúdo de seu livro sobre os Trapalhões. ‘Isso faz muito tempo. A gente tem de preservar as pessoas, que podem ou não estar de acordo com o que está sendo escrito.’
Ele desmente, no entanto, os valores citados por Dedé para exemplificar a diferença de cachês entre os integrantes do grupo. ‘Esses números estão errados. E cada um negociava seu próprio cachê, cada um tinha um empresário para cuidar disso. Eu negociava o meu.’’