Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Repórter do NYTimes intimado a revelar fontes

Cinco anos após a jornalista Judith Miller ter passado 85 dias na prisão por se recusar a revelar uma fonte, mais um repórter do New York Times foi intimado a testemunhar sobre fontes confidenciais. O jornalista e escritor James Risen recebeu, na semana passada, uma intimação para que entregue documentos e testemunhe diante de um grande júri em Alexandria, na Virgínia, sobre as fontes que forneceram informações para um capítulo de seu livro, Estado de guerra: a história secreta da CIA e da administração Bush (tradução livre). O capítulo em questão foca nos esforços de um agente da CIA para atrapalhar uma pesquisa sobre supostas armas nucleares no Irã.

Em 2005, Risen ganhou, com um colega, o prêmio Pulitzer por um artigo publicado no New York Times que expunha a existência de um programa da Agência de Segurança Nacional de rastreamento de registros eletrônicos. Embora muitos críticos – incluindo o presidente Barack Obama, na época senador – classificassem como ilegal o programa, a administração Bush denunciou o artigo como um vazamento de informação confidencial e abriu um inquérito para determinar suas fontes. Ninguém, no entanto, foi indiciado.

‘Contra a intimação’

O artigo rendeu o livro, publicado em 2006. Em um trecho, Risen descreve como a CIA enviou para Viena um cientista nuclear russo que trabalhava secretamente para a agência, em fevereiro de 2000, a fim de passar a um funcionário iraniano desenhos de um aparelho para acionar uma bomba nuclear, com o pretexto de fornecer mais assistência em troca de dinheiro. A CIA teria escondido algumas falhas técnicas nos desenhos, o que foi imediatamente percebido pelo cientista. Ainda assim, a agência deu continuidade à operação. O cientista, então, decidiu alertar os iranianos de que havia um problema nos desenhos, achando que, caso não o fizesse, eles não o levariam a sério. Para Risen, a operação foi descuidada, pois os cientistas iranianos poderiam ter ‘extraído informações importantes dos papeis’. Um comitê do Congresso chegou a ser alertado sobre o fato por um funcionário da CIA, mas nenhuma ação foi tomada.

Esta não é a primeira intimação que Risen recebe para revelar suas fontes. A primeira foi em 2008, ainda no governo de George W. Bush, mas ele conseguiu combatê-la e acabou não revelando nada. Agora, o procurador-geral Eric H. Holder Jr. conseguiu renová-la. O advogado do jornalista, Joel Kurtzberg, já avisou que pedirá a um juiz para anular a intimação. ‘Ele pretende honrar seu compromisso de confidencialidade com suas fontes. Queremos lutar contra esta intimação’, afirmou. Se a intimação não for anulada e Risen ainda se recusar a cooperar, pode ser preso. Informações de Charlie Savage [New York Times, 28/4/10].