Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Repórter em estado crítico após quatro meses em greve de fome

Abdullah Elshamy, repórter da al-Jazeera preso no Egito desde agosto do ano passado acusado de fazer parte de um grupo terrorista, pode entrar em coma em breve, de acordo com sua família. A saúde do jornalista está em estado crítico após mais de cem dias sem se alimentar. Abdullah deu início a uma greve de fome em janeiro para protestar contra a própria detenção. Hoje, pesa em torno de 40 kg.

Segundo sua família, no início da greve de fome ele tomava suco e outras bebidas açucaradas, mas no mês passado começou a ingerir apenas água. “Abdullah está sofrendo de anemia, início de insuficiência renal, baixa pressão arterial e hipoglicemia”, relatou um de seus irmãos, Mosaab Elshamy. “Ele está em estágio crítico e precisa ser transferido para um hospital”.

Mosaab acrescentou que seu irmão foi transferido de sua cela recentemente, tendo sido levado a um local desconhecido. “Certamente ele ainda está na cadeia, mas não sei onde, e não conseguimos comunicação com ele”.

Irritação com a cobertura

Abdullah foi preso em 14/8, quando a polícia dispersou manifestantes partidários do presidente deposto Mohamed Morsi, no Cairo, num confronto que deixou centenas de mortos. No início de maio, um tribunal estendeu a pena de Abdullah por mais 45 dias. Na ocasião, o jornalista apareceu no tribunal, muito magro. “Não tive permissão para ver meu advogado. Somos 15 pessoas numa cela de 12 m²”, contou ele aos repórteres presentes.

O advogado de Abdullah, Shaaban Saeed, diz que seu cliente está pagando o preço por trabalhar para um canal que se opõe ao regime no poder. As autoridades militares começaram a mostrar irritação com a cobertura da Al Jazeera à repressão aos partidários de Morsi em julho, quando o então presidente foi derrubado pelo exército.

Há outros três jornalistas da Al Jazeera presos no Egito em julgamento por difamação e por, supostamente, apoiar a Irmandade Muçulmana, facção política e religiosa a qual Morsi é ligado e que foi declarada organização terrorista pelo novo governo. No total, 20 profissionais da emissora do Catar foram indiciados pela justiça egípcia.