Como a maioria dos correspondentes americanos no Iraque está trabalhando embedded (embutida às tropas militares americanas), por questões de segurança, as organizações de mídia dos EUA estão recorrendo a correspondentes iraquianos para mostrar o outro lado da batalha em Faluja. Os jornais e redes de TV americanos pretendem obter imagens, fotos e matérias de outros pontos de vista e, com isso, evitar uma cobertura considerada incompleta, como foi a da invasão do Iraque no começo de 2003.
Naquela ocasião, a grande maioria dos repórteres ocidentais no Iraque viajavam com as forças americanas, dependendo das tropas para sua proteção, e viam a guerra exclusivamente de um lado do campo de batalha. Além disso, quase não havia correspondentes iraquianos fornecendo informações para a mídia ocidental.
Praticidade e risco
Agora, jornais e redes de TV americanos estabeleceram uma pequena rede de correspondentes iraquianos, afirmou o editor da seção de internacional do Washington Post, David Hoffman. Em 9/10, o Post publicou uma matéria de primeira página feita pelo jornalista iraquiano Ghaith Abdul-Ahad. Com a manchete ‘Em esconderijo, Árabes Compartilham Visão do ‘Martírio’’, a matéria mostrava como é a vida de uma dúzia de rebelados que se preparam para atacar as forças americanas.
Neste mesmo dia, o USA Today e outros jornais dos EUA publicaram uma foto de combatentes iraquianos tirada enquanto lutavam contra as forças americanas em Faluja. O autor da foto foi Bilal Hussein, um fotógrafo freelancer iraquiano contratado pela Associated Press. A AP utiliza o trabalho de outros seis fotógrafos iraquianos.
No entanto, a mídia americana assume um risco ao empregar jornalistas iraquianos. Eles têm que estar certos de que os iraquianos escolhidos são imparciais e estão reportando sinceramente o que eles estão vendo e ouvindo. A credibilidade de veículo de comunicação respeitado pode estar em jogo
Mesmo assim, recorrer a estes correspondentes é bastante prático e útil para os americanos, já que os jornalistas têm sido constante alvo de seqüestros e assassinatos no Iraque. Até mesmo aqueles que estão em Bagdá – mais distantes, portanto, dos focos de batalha – correm grande risco. O vice-presidente da ABC News, Paul Slavin, afirmou que, ‘em alguns aspectos, estar embedded em Faluja pode até ser um pouco mais seguro’ do que tentar reportar de outro lugar no Iraque.
Medo une rivais
As principais redes e canais de TV americanos – ABC, CBS, CNN, Fox News e NBC – estão compartilhando informações sobre as ameaças que seus correspondentes sofrem no Iraque. Eles realizam, uma vez por semana, uma conferência por telefone com a participação das firmas de segurança contratadas para as equipes no Iraque.
A segurança dos repórteres é uma preocupação constante. ‘Eu não quero que ninguém se sinta como se estivesse sendo pressionado por nós a fazer coisas que não deve’, afirmou a vice-presidente sênior de jornalismo da CBS, Marcy McGinnis. O vice-presidente da Fox, John Stack, disse que ‘esta foi a única vez que nós deixamos nossos microfones de lado e paramos de competir’. Informações de Mark Memmott [USA Today, 11/11/04].