Em 30/6, termina o prazo para que os sítios de internet chineses se cadastrem junto ao governo. Os que não o fizerem correm o risco de serem fechados. É neste clima de medo que encontram-se blogueiros, dissidentes políticos e também a imprensa do país. Apesar do crescimento econômico e de uma certa abertura na mídia, jornalistas e intelectuais ainda são presos se expressarem posições diferentes das permitidas pelo governo.
Quando assumiram o poder em 2003, o presidente Hu Jintao e o premiê Wen Jiabao prometeram criar um ambiente social mais harmonioso e promover maior transparência. Na prática, a situação mostrou-se diferente. Ainda que os dois tenham aumentado o raio de assuntos de cobertura permitido pela imprensa, o rígido controle sobre os meios de comunicação continua a vigorar.
Jornalistas reclamam que só podem cobrir eventos que apóiem o trabalho governamental. Editores e repórteres são obrigados a estudarem os princípios da teoria comunista chinesa e do Marxismo e incorporá-los ao seu trabalho. Quem sai da linha é preso. Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, a China tem hoje pelo menos 31 jornalistas encarcerados, sendo considerada a maior prisão do mundo para jornalistas. O esforço para aumentar o controle sobre os meios de informação se expande ainda mais: jornais são fechados e livros, proibidos. Dados estatísticos são mantidos como segredos de Estado: quem os revela pode ser acusado de espionagem e está sujeito a penas pesadas.
‘Na China, você só noticia o que é permitido. Se for teimoso e divulgar coisas que eles não aprovam, provavelmente terá problemas’, afirma o advogado Mo Shaoping, de Pequim. O dissidente Huang Qi passou por uma experiência deste tipo. Qi ficou preso por cinco anos por divulgar mensagens pró-democracia na internet. Libertado este mês, ele contou à Voice of America [23/6/05] que está com a saúde fragilizada pelo péssimo tratamento que recebeu nos últimos anos. Mas mesmo com toda a repressão que ainda há na China, ele comemora a situação do país hoje. ‘As melhorias na liberdade de imprensa não são resultado dos esforços deste governo. Nós impulsionamos estas mudanças. O governo não pode mais controlar a internet. Veja quantos somos agora. Há cinco anos, eu era a minoria. Hoje, há muitos mais como eu’, desabafa.