Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Republicanos admitem fracasso em estratégia digital de 2012

Depois de uma longa e cara campanha no ano passado, pesquisas mostraram que o presidente dos EUA, Barack Obama, e seu rival republicano, Mitt Romney, estavam quase empatados pouco antes das eleições – embora Obama tivesse uma pequena vantagem em oito ou nove estados que decidiriam o vencedor. O democrata tinha um caminho mais fácil do que o concorrente para os 270 votos eleitorais, após uma vantagem firme em Ohio – um estado crucial para qualquer candidato – e outras menores em Wisconsin, Iowa e Nevada.

Cinco meses antes do pleito, realizado no início de novembro, os republicanos fizeram uma alegação que chamou a atenção de analistas de ferramentas digitais e redes sociais. Eles disseram que, embora tivessem investido menos na comunicação por plataformas digitais do que a equipe de reeleição de Obama, estavam muito confiantes que tinham meios para competir com ele no dia da eleição. “Estamos criando a campanha que precisamos para ter sucesso em novembro”, declarou, na época, o diretor digital de Mitt Romney, Zac Moffat. Todos sabem que esta história não teve final feliz.

Rede sofisticada

Esta semana, o Partido Republicano afirmou exatamente o contrário, ao admitir que o movimento conservador foi ultrapassado pela “Obama para a America”, rede digital altamente sofisticada de voluntários e estrategistas lançada no ano passado pelo Partido Democrata.

A admissão veio do Comitê Nacional Republicano, que realizou uma consulta ampla para analisar as falhas da campanha de Romney. “Os democratas tinham vantagem clara sobre as novas mídias”, concluiu o relatório, que pediu por uma “mudança de atitudes”. “Nosso desafio refere-se menos a um problema tecnológico e mais a uma questão cultural. Temos que lutar por um ambiente de curiosidade intelectual, dados, pesquisa e testes para garantir que nossos programas funcionem”.

A ênfase em uma “nova cultura” é um reconhecimento, por parte dos líderes republicanos, da severidade da derrota em novembro no campo digital. Para Patrick Ruffini, presidente da agência de mídia digital Engage, a “cultura da curiosidade” é crucial. “Se estamos fazendo em 2016 o que Obama fez em 2012, isso significa que não temos novas ideias. Em 2014, temos que estar em um lugar mais forte do que agora”. Como reforça Ruffini, não é uma questão de tecnologia, mas de talento.

Em busca de talentos

A equipe de reeleição de Obama reuniu alguns dos mais talentosos desenvolvedores de novas mídias e de tecnologia e permitiu que eles inovassem ao longo da campanha. O resultado foi um banco de dados unificado e customizado de milhões de registros de eleitores e conexão com redes sociais como Twitter e Facebook. Por sua vez, na campanha de Romney, o foco foi em estratégias de comunicação mais tradicionais, como anúncios pagos em TV.

Como primeira iniciativa para diminuir essa disparidade, o Comitê Republicano contratará um especialista em tecnologia digital do Vale do Silício. O partido estabeleceu a data limite de maio para trazer alguém com “experiência e bagagem que envie a mensagem forte e imediata de que estamos levando a sério o crescimento das operações técnicas e digitais”.

Para Chuck DeFeo, que administrou a campanha de reeleição de George W. Bush e Dick Cheney em 2004, “o primeiro passo para resolver o problema é admitir que há um”, mas a análise é apenas o início do trabalho. “Estou certo que os republicanos vão fazer algo para 2016. Mas Obama está claramente à frente. Veremos se eles poderão fazer o bastante para alcançá-lo”, disse.