Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Resgate de mineiros chilenos teve audiência ‘gigantesca’


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 15 de outubro de 2010


 


CHILE


João Paulo Charleaux


Resgate foi um dos eventos mais vistos no mundo


Ainda não há uma cifra definitiva e confiável sobre o número de espectadores da operação de resgate dos 33 mineiros no Chile. As estimativas variam radicalmente, de 35 milhões a 1 bilhão. Mas, mesmo no cenário mais conservador, a transmissão dos últimos dois dias supera o alcance que teve a chegada do homem à Lua, 41 anos atrás, e é comparável à audiência da posse do presidente americano, Barack Obama, em janeiro de 2009, e à final da Copa do Mundo da África, há três meses, quando 800 milhões de pessoas estavam com as TVs sintonizadas no evento.


‘Foi algo tão gigantesco para o que estamos acostumados a fazer no Chile que ainda não conseguimos sequer dimensionar o alcance disso. Além da transmissão oficial, é possível dizer que dezenas de outras câmeras de jornalistas de outras partes do mundo não deixaram sequer um centímetro da mina San José fora do foco’, disse ao Estado Vicente Parrini, um dos diretores da Fucatel, ONG chilena dedicada a estudos audiovisuais.


A Televisão Nacional do Chile (TVN) – empresa pública de comunicação, que teve exclusividade na captação das imagens dentro do cordão de isolamento usado no resgate – estima que 28 países nos cinco continentes tenham recebido seu sinal.


Alexis Piwonka, subgerente das transmissões internacionais da TVN, disse ao jornal chileno El Mercurio que, normalmente, ‘12 milhões de lares’ veem as imagens da emissora pública chilena.


Mas, desta vez, só nos EUA, 10,6 milhões de pessoas assistiram aos canais CNN, MSNBC e Fox News entre 23 horas e 23h15 de terça-feira. Outros 5 milhões acompanharam a transmissão pelo canal aberto ABC. Estas cifras representam cinco vezes o nível médio de audiência para o horário. No Brasil, a Record News dobrou seus pontos de audiência de 0,3 para 0,6. A Globo News ficou mais de 30 horas no ar, transmitindo a operação, mas os dados de audiência da TV a cabo no Brasil não saem na mesma semana.


Palanque. Tamanha atenção fez do drama dos mineiros um show midiático em escala global. O espaço destacado que o presidente chileno, Sebastián Piñera, teve durante toda a operação também não passou despercebido – sua popularidade saltou de 46% para 56% desde o acidente, há dois meses.


O diretor de produção da Secretaria de Comunicação do governo chileno, Reynaldo Sepúlveda, jogou sobre Piñera a responsabilidade. ‘Eu não vim para ficar mostrando o presidente. Vim para fazer outro trabalho, mas todos nós sabemos como é o nosso presidente, ele gosta de estar envolvido em tudo e, no fim, é isso que tem de ser mostrado.’


Sepúlveda também negou que tenha transformado a transmissão em um reality show. ‘Se eu quisesse, poderia ter alimentado isso, mostrando mais as mulheres dos mineiros, mas preferi não fazer’, disse.


Impacto global


1 bilhão é a projeção mais otimista do número de espectadores do resgate


35 milhões é o número mais conservador mencionado até agora


28 países recebem o sinal permanente da TV pública chilena no exterior


1 emissora teve o monopólio da captação de imagens dentro da área isolada da mina San José


 


 


Andrei Netto


Ação atrai TVs da Europa e afeta orçamento da BBC


O resgate dos mineiros chilenos virou um reality show também na Europa. Na Espanha, a libertação dos 33 duplicou a audiência e fez autoridades admitirem ter acompanhado a operação pela TV como se fosse uma novela. Na Grã-Bretanha, o resgate ofuscou até mesmo o aniversário de 85 anos de Margaret Thatcher, maior ícone político do país.


A cobertura ao vivo da BBC, por 36 horas seguidas, obteve a terceira maior audiência da história, com 6,8 milhões de telespectadores. O destaque foi tão grande que provocou críticas. O custo da cobertura ultrapassou US$ 160 mil. Como a TV é pública, seu orçamento é alvo de escrutínio e, agora, a emissora pode ter de reduzir a cobertura da cúpula sobre o clima, marcada para Cancún, em novembro, para reequilibrar o caixa.


O canal europeu 24 Horas passou de 19 mil televisores ligados para 61 mil, dobrando sua fatia no mercado de TV digital. Na CNN em espanhol, o pico de audiência reuniu 53 mil aparelhos – o triplo de um dia normal. Na França a cobertura foi mais discreta. Todas as TVs enviaram jornalistas para o evento, mas não houve interrupção da programação normal, nem flashes ao vivo fora dos telejornais. / COLABOROU DANIELA MILANESE, DA AGÊNCIA ESTADO EM LONDRES


 


 


Ariel Palacios


Operação ofusca estrelas da TV argentina


‘Quantos já saíram?’ Não era necessário citar o substantivo ‘mineiro’ para indicar nas conversas entre os argentinos que a pergunta era em referência aos 33 homens que ficaram por mais de dois meses presos no Chile.


A operação de resgate foi transmitida de forma quase ininterrupta pelos canais de TV a cabo, que deixaram de lado a decisiva votação que transcorria no Congresso argentino do projeto de lei da oposição que provocará um substancial aumento das aposentadorias. Em bares e restaurantes, as TVs estavam sintonizados do norte do Chile.


O resgate desviou até mesmo a atenção de duas estrelas dos programas de auditório locais – Marcelo Tinelli e Susana Giménez – que perderam metade de suas audiências para um público que migrou para o noticiário. Na quarta-feira, a audiência dos canais de notícias foi de 32,2% – 7,5% a mais do que no mesmo dia da semana passada.


 


 


Gustavo Chacra


EUA foi país que mais citou Chile no Facebook


Os chilenos nunca foram identificados com os hispânicos que imigram em massa para os EUA, como cubanos, mexicanos e dominicanos. Tampouco são ligados a governos populistas, como os venezuelanos estão relacionados a Hugo Chávez. Muito menos lembram o futebol, como Brasil ou Argentina.


Para muitos nos EUA, o Chile era apenas um país em formato de linguiça no sul do continente. Outros, mais educados, conseguem citar a ditadura de Augusto Pinochet e a democratização com avanço econômico. Mas nunca se falou tanto e tão bem do Chile nos EUA como nos últimos dias.


De acordo com dados da CNN, a cobertura do resgate teve mais audiência do que a morte de Michael Jackson. Na internet, a história também bateu recordes. Os americanos foram os que mais citaram o Chile no Facebook em todo o mundo, uma média de 1.200 vezes por minuto.


 


 


ELEIÇÕES


Carol Pires e Rafael Moraes Moura


Na última hora, Weslian cancela ida a debate na TV


A candidata ao governo do Distrito Federal, Weslian Roriz (PSC), cancelou ontem à noite sua participação no debate da Rede Bandeirantes, sob alegação de que a eleição local está se desenvolvendo ‘num clima de insegurança jurídica, de mentiras e de uma sistemática campanha difamatória contra Joaquim Roriz e seu grupo político’.


Weslian disputa o segundo turno das eleições contra o petista Agnelo Queiroz. Após desistência de sua rival de comparecer ao debate, o candidato foi entrevistado pela TV Bandeirantes no horário reservado ao embate.


Em carta, a mulher do ex-governador Joaquim Roriz atribuiu sua ausência a ‘agressões gratuitas dos adversários’, a ‘rapidez de todo esse processo político’ e ao ‘reduzido tempo de preparo para um evento desse tipo’. Líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-ministro do Esporte considerou ‘lamentável’ a ausência de Weslian.


Agnelo Queiroz reafirmou seu compromisso em assumir a Secretaria de Saúde nos primeiros três meses de mandato para adotar ‘medidas emergenciais’, como a instalação de unidades de pronto-atendimento.


O candidato disse que, caso seja eleito, criará uma secretaria especial encarregada de fazer ‘investigação rigorosa’ de todos os órgãos públicos do governo. ‘Temos obrigação de verificar a situação de todos os contratos para permitir que o DF retome a sua credibilidade.’


O petista também defendeu seu vice na chapa, o deputado federal Tadeu Filippelli (PMDB), ex-aliado de Joaquim Roriz. ‘Não tem contra ele uma única denúncia, um único processo, ele é ficha-limpa como eu.’


Questionado, Agnelo considerou o aborto uma ‘violência contra a mulher’. ‘Sou contra o aborto, sou médico, tenho um juramento em defesa à vida e na minha concepção familiar.’ No primeiro turno, ele obteve 48,41% dos votos válidos, contra 31,50% de Weslian Roriz.


PARA LEMBRAR


Candidata já é celebridade na internet


A participação de Weslian Roriz no debate da TV Globo, no dia 28, a transformou em celebridade na internet no dia seguinte. O seu nome ficou dias na lista dos assuntos mais comentados do Twitter. Cenas do debate, com suas respostas evasivas, foram parar no YouTube. Um dos filmes de maior sucesso no site é uma música que reúne os melhores momentos de Weslian no debate. Já foi visto por mais de 1,14 milhão de internautas. São fãs ansiosos por um novo debate.


 


 


TELEVISÃO


Cristina Padiglione


Transtorno nas gravações de nova novela


A saída de Ana Paula Arósio de Insensato Coração causou transtornos à equipe de produção da próxima novela das 9 da Globo. Anteontem, ela foi cortada do elenco por não comparecer às gravações em Florianópolis. O diretor-geral, Dennis Carvalho, foi obrigado a mudar todo o roteiro de gravações e antecipar as cenas em que a protagonista, Marina, que seria interpretada por Ana Paula, não aparece. A atriz, por meio de sua assessoria, afirma que a decisão de sair da novela foi ‘uma resolução pessoal e particular’. Para hoje, estão previstas as primeiras gravações de Antonio Fagundes na cidade, que fará cenas com Natália do Valle, que será sua mulher na trama. / ALLINE DAUROIZ


Um banquinho, um violão


Olha aí a Beatriz, herdeira de Chico Pinheiro, que canta música em homenagem ao pai e a Angélica no Estrelas que a Globo leva ao ar amanhã. Atleticano, o jornalista mineiro se esmera no futebol de botão.


500 mil acessos teve a enquete do site de Passione para saber quem iria morrer na novela da Globo, de domingo, pós-Fantástico, até segunda, antes da cena da morte


‘A gente fala cada vez menos em televisão e mais em marca de mídia’ Alberto Pecegueiro, diretor dos canais Globosat, sobre a reforma da GloboNews, na próxima 2ª feira


Roberto Justus grava todos as edições de seu Topa ou Não Topa, no SBT, até 10 de dezembro. A princípio – a depender do humor de Silvio Santos – essa temporada do programa fica no ar até abril.


Marcelo Rezende ainda não tem data para estrear no Domingo Espetacular da Record, mas ocupará cerca de 40 minutos da atração para exibir suas reportagens investigativas. O programa, que tem 3h15 de duração, está sendo exibido em alta definição.


Silvio de Abreu faz mea-culpa e assume que mentiu à imprensa quando disse que Saulo (Werner Schünemann) não seria assassinado em Passione. ‘Liguei no dia 4 para o Werner e perguntei: ‘Está com raiva de mim porque vou te matar?’


O autor garante ainda que o assassino da novela não será um personagem desconhecido. ‘Não vou tirar um coelho da cartola’, diz. ‘Se (a identidade do assassino) ficar óbvia, é de propósito, porque sou eu quem conduzo a história.’


A brasileira TV PinGuim foi selecionada entre 120 candidatos a seis vagas no License Challenge, pitching promovido na Mipcom, em Cannes, para licenciamento de produtos.


O projeto que levou a TV PinGuim ao License Challenge, no entanto, não foi Peixonauta, animação da casa vista cá pelo Discovery Kids, e sim Earth Luna, série em 52 episódios para crianças em idade pré-escolar e negociada, por enquanto, apenas no exterior.


O novo canal Telecine, que recebeu o nome de Fun e vai estar pronto para entrar no ar no dia 22 de outubro, deve estar em breve no line-up da Net. A operadora está negociando com a Globosat e, provavelmente, o Telecine Fun chegará sem custo extra para os assinantes dos pacotes que já incluem os demais canais Telecine.


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 15 de outubro de 2010


 


CHILE


Barbara Gancia


Just do it, abutres!


E SE VOCÊ FOSSE um dos mineiros chilenos, meu nobre leitor? Tempo não teria lhe faltado para pensar na mensagem que você ia querer enviar ao mundo na volta do inferno, não?


Pois como você emergiria do fosso maldito? Dando um abraço acanhado na sua amante como o mineiro infiel, Yoni Barrios? Reivindicando melhores condições para sua categoria como Mário Sepúlveda, o segundo a ser resgatado?


Nos anos 60, a TV Excelsior costumava reprisar um filme chamado ‘Como Era Verde o Meu Vale’, sobre as agruras de uma família galesa de mineiradores. Pelo que me lembro do sofrimento mostrado no filme, acho que teria preferido me juntar a Ingrid Betancourt em seus anos de cativeiro na selva colombiana a passar um dia sequer dentro de uma mina de carvão no País de Gales no início do século 20.


Mas se sempre me compadeci com mineiros por conta do clássico de John Ford (‘Como Era Verde o Meu Vale’ conquistou Oscar de melhor filme e melhor diretor de 1942), foi outro filmaço sobre, digamos, um drama subterrâneo, desta vez do fabuloso Billy Wilder, que me deixou para sempre com a pulga atrás da orelha em relação à minha profissão. ‘A Montanha dos Sete Abutres’, de 1951, é uma das melhores críticas ao jornalismo que o cinema já perpetrou.


Na época em que ‘Big Brother’ existia apenas no livro de Orwell, Billy Wilder já se dava ao trabalho de ironizar o sensacionalismo e deixar claro que ele não existiria se o público não tivesse uma devoção especial por histórias sórdidas.


Kirk Douglas, no auge da sua canastrice característica, é um jornalista marrom que resolve transformar o acidente que deixa um escavador preso dentro de uma mina abandonada em circo midiático.


O caso dos mineiros chilenos no deserto do Atacama gera curiosidade pelo inusitado do acontecimento. Até aí, não reclamo. Mas nos últimos dias vi muita gente tratar o assunto como se estivesse assistindo a um reality show, só faltou o Pedro Bial para mediar o resgate.


Um jornalista da CNN ousou dizer que o ocorrido tem tanto significado quanto a chegada do homem à Lua. Um bilhão de espectadores com os olhos grudados por horas a fio na TV mais a presença de 1.300 jornalistas, iluminadores e operadores de áudio do mundo inteiro presentes ao acampamento improvisado em Copiapó parecem atestar a importância do fato.


O triunfo da resistência em situações extremadas e da sobrevivência contra qualquer adversidade traz conforto, inspira e comove até o mais implacável dos ‘voyeurs’.


Não sabemos ainda de que maneira os acontecimentos de Copiapó irão nos transformar. Mas sabemos que se ‘A Montanha dos Sete Abutres’ ganhasse uma nova versão, o filme fatalmente teria de levar o mercado em conta.


Se estivesse na pele de um dos mineiros, antes de abraçar o presidente ou a minha vovozinha, eu teria me voltado para as câmeras e exclamado: ‘Que saudades dos carros da Subaru, da operadora Vivo e dos produtos da L’Oréal!’ Quem dorme no ponto é passageiro virado. Ou então executivo de marketing da Ray-Ban. Que jogada genial da Oakley de mandar óculos de sol para cada resgatado, não?


 


 


ELEIÇÕES


Eliane Cantanhêde


O clima está nervoso


A CNT-Sensus, com uma diferença de apenas quatro pontos entre Dilma Rousseff e José Serra, está causando o maior frisson. Na campanha petista, o clima é de ansiedade. Na tucana, quase de ‘já ganhou’. É aí que mora o perigo para os dois lados.


A campanha de Dilma amanheceu no dia 4 atordoada e vem dando passos erráticos, enquanto a candidata expõe dois personagens conflitantes: o seu eu ‘assertivo’ e o seu eu carola, rezando de manhã com católicos, de tarde com evangélicos, de noite com espíritas. Nunca rezou tanto na vida.


Já a campanha de Serra ressurgiu das cinzas e acha que qualquer pontinho a mais é sinal de vitória na certa. Os programas eleitorais estão mais alegres e confiantes, mas falta combinar o tom com o ‘adversário’: o próprio Serra, que não pode ver um jornalista pela frente, seja de rádio, jornal ou TV, que já parte para o bate-boca. É o seu arraigado lado Ciro Gomes.


Quando não têm como se defender, a religiosa Dilma e o ciclotímico Serra recorrem ao expediente de Lula, que, sempre que é pego de jeito (com mensalão, aloprados, Erenice), se faz de vítima e tasca a história do preconceito das elites.


Dilma diz que é vítima de calúnias do adversário e da imprensa, quando deveria tomar satisfação de Erenice Guerra e de ministros que decidem jogar no lixo o plano de Marina Silva para a Amazônia justamente quando ela mais precisa dos votos da ex-ministra e do PV.


E Serra acusa a imprensa de reproduzir a ‘pauta petista’ quando repórteres lhe perguntam sobre o tal ‘Paulo Preto’ (que, segundo Dilma, fugiu com R$ 4 milhões da campanha do PSDB). Se não tem resposta, é problema dele, não da imprensa, não dos jornalistas.


Dilma em queda, Serra em alta e o resultado indefinido a duas semanas das urnas, o clima é de que a qualquer hora estoura um novo escândalo, real ou não. Ainda mais com a internet livre, leve e solta.


 


 


Fernando de Barros e Silva


Deus: uma regressão política


Boris Casoy – Senador, o senhor acredita em Deus?


FHC – Essa pergunta o senhor disse que não me faria.


Casoy – Eu não disse nada.


FHC – Perdão, foi num almoço, sobre esse mesmo debate.


Casoy – Mas eu não disse se faria ou não faria.


FHC – É uma pergunta típica de quem quer levar uma questão que é íntima para o público, uma pergunta típica de quem quer simplesmente usar uma armadilha para saber a convicção pessoal do senador Fernando Henrique, que não está em jogo. Devo dizer ao senhor Boris Casoy que esse nosso povo é religioso. Eu respeito a religião do povo, as várias religiões do povo, automaticamente estou abrindo uma chance para a crença em Deus.


Casoy – A pergunta não foi respondida. Não se trata de armadilha, nem de convicção pessoal.


O diálogo acima é famoso. Foi travado durante um debate feito a pouco dias da eleição para a prefeitura paulistana, em 1985. Jânio Quadros, que não estava presente, acabou eleito, para surpresa geral. A democracia engatinhava no país.


Hoje, 25 anos depois, podemos deduzir várias coisas dessa viagem no tempo. Uma delas: os progressistas eram menos cínicos. Quem entra no jogo eleitoral hoje está muito mais preparado para mentir. Sobre tudo, inclusive sobre Deus.


FHC foi pego de surpresa pela pergunta. Ela podia ser jornalisticamente legítima, mas a ele parecia evidente que a pauta (uma ‘armadilha’) era politicamente regressiva. Isso também mudou muito.


A despeito das conquistas do país, a campanha hoje está sob o impacto de um intenso cerco conservador, sobretudo nos costumes.


Dilma parece disposta a fazer todas as concessões ao lobby religioso, o que é grave. Mas foi Serra quem arrastou esse cortejo do atraso para o centro da disputa política. Ao vestir a fantasia do neocarola, o tucano age mais ou menos como aqueles que acusavam FHC de ser ateu há um quarto de século.


 


 


Valdo Cruz, Ranier Bragon e Natuza Nery


Lula aparecerá mais na TV para frear queda de Dilma


Em meio a um de seus piores momentos, a campanha de Dilma Rousseff (PT) voltará a recorrer à popularidade do presidente Lula para estancar a queda nas pesquisas de intenção de voto.


Segundo a Folha apurou, os petistas decidiram aumentar a presença de Lula na TV e em eventos de rua para ‘mexer com o povão’ e ajudar a mobilizar a militância.


A coordenação da campanha também definiu Minas Gerais e São Paulo como Estados prioritários, para evitar que a petista perca votos nos dois maiores colégios eleitorais do país, onde o PSDB venceu os pleitos regionais.


Lula apareceu menos ao lado de Dilma no segundo turno. Suas aparições na TV também têm sido menores.


Essa redução foi definida por uma avaliação de que, no segundo turno, o foco deveria ser na candidata, e Lula não deveria ofuscá-la.


Mas as últimas pesquisas, que indicam uma queda na diferença entre a petista e José Serra, definiram a volta de Lula ao centro do palco.


No Datafolha, a diferença passou de 12 para 7 pontos percentuais, entre o final do primeiro turno e a primeira pesquisa do segundo turno.


Em outras pesquisas, a diferença caiu para 6 e 4 pontos.


A participação de Lula, entretanto, será modulada pela preocupação de ele não ofuscar a imagem da candidata.


Outra mudança adotada foi quebrar o ‘monopólio’ do Vox Populi como instituto oficial da campanha e contratar o Ibope para realizar pesquisas só no Sudeste.


A ideia é evitar que alterações relevantes em São Paulo, Minas e no Rio de Janeiro passem despercebidas, como ocorreu no primeiro turno, além de definir estratégias focadas nesses Estados.


Além da queda nas pesquisas, contribui para o clima tenso na equipe a desarticulação em alguns Estados, sobretudo Minas Gerais. Por isso, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o ministro licenciado Alexandre Padilha (Relações Institucionais) passaram por Minas.


As pesquisas internas apontam redução da dianteira que Dilma conquistou sobre Serra no primeiro turno.


Em São Paulo, com a vitória de Geraldo Alckmin, o PT vê a necessidade de reforçar ações de campanha.


Hoje, além de comício de Dilma e Lula na zona leste da capital, há uma reunião de lideranças políticas para articular a ação no interior.


Amanhã, Lula e Dilma fazem ato público em Minas, e se encontram com prefeitos na semana que vem.


Apesar do mau momento, assessores de Dilma avaliam que a maré ruim pode acabar. A avaliação da candidata em pesquisas qualitativas, que vinha caindo, melhorou após o debate da Band.


No entanto, alguns aliados e petistas questionam a eficácia da propaganda de TV, e consideram a do PSDB ‘mais competitiva’ nesta fase.


Colaborou ANA FLOR , de São Paulo


 


 


Felipe Seligman


Vice-procuradora pede multa à TV Record


A vice-procuradora-geral Eleitoral, Sandra Cureau, enviou ontem ao Tribunal Superior Eleitoral parecer favorável a aplicação de multa à TV Record por ter veiculado reportagem supostamente favorável a Dilma Rousseff.


A reportagem, que foi ao ar na semana passada, mostrava as regiões da cidade de São Paulo onde Dilma e José Serra saíram vitoriosos.


O pedido de multa foi feito pela coligação de José Serra (PSDB), que alegou que a TV fez propaganda da petista ao mostrar que Dilma venceu nos bairros mais pobres e Serra venceu nos mais ricos.


Para a Record, o pedido de multa ‘parece uma tentativa de censura e cerceamento da liberdade de imprensa’. Em nota, a rede diz que a reportagem de 5 de outubro foi uma entre seis reportagens: ‘A avaliação de uma das matérias, isoladamente, é injusta, extemporânea e não retrata o contexto do trabalho imparcial dos nossos jornalistas’.


‘Os repórteres simplesmente registraram o resultado da eleição na cidade de São Paulo, demonstrando em que regiões cada candidato a presidente venceu.’


Para Cureau, ‘não se sabe a partir de quais dados’ chega-se à conclusão de que o reduto de Serra está nos Jardins e o de Dilma em Parelheiros.


O caso será analisado pelo TSE, o que ainda não tem data para ocorrer. Se a Record for condenada, poderá levar multa que varia de R$ 20 mil a R$ 100 mil.


 


 


Após crítica, tucano defende liberdade de imprensa no país


Um dia depois de acusar o jornal ‘Valor Econômico’ de atuar em favor de Dilma Rousseff (PT) e reclamar das ‘pautas petistas’, o tucano José Serra defendeu a liberdade de imprensa -mesmo quando não concorda com o teor de reportagens.


Sem abordar o episódio, disse ter aprendido com Itamar Franco, Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso a respeitar a liberdade de imprensa. E concluiu: ‘O importante não é estar satisfeito com a notícia da imprensa, é defender a liberdade de eles dizerem, de informarem’.


Serra afirmou também no ato político, em Belo Horizonte, que a UNE, entidade da qual foi presidente nos anos 60 e que hoje apoia Lula, atualmente é ‘pelega’.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Efeito Serra


O ‘Valor’ de papel deu que anteontem as ações das empresas elétricas, que já haviam saltado depois da passagem de José Serra ao segundo turno, ‘subiram forte em meio a especulações de pesquisa Ibope apontando empate -o que não se confirmou’. Mas à tarde saiu a pesquisa Sensus com ‘empate técnico’ -e, destaque no Valor Online, veio o ‘efeito Serra’, na expressão de um estrategista de mercado. Os juros futuros caíram com a perspectiva de que ele corte os juros, seja via ajuste fiscal, seja com ‘Banco Central que não perseguiria a meta de inflação’.


Antes, no papel, o jornal ouviu executivos do setor financeiro sobre uma eventual administração Serra. Citaram riscos macroeconômicos, ‘por ser crítico ao câmbio flutuante e ao regime de metas de inflação’, mas também avanços microeconômicos, ‘cortando gastos’ com ‘um início de governo infernal’.


//EFEITO SERRA LÁ


No exterior, fim do dia, despachos de Reuters e outras agências noticiaram que os ‘ganhos da oposição tornaram os investidores nervosos’ e levaram a ‘uma confusão de última hora nos pregões’, inclusive queda da moeda brasileira. Analistas justificaram com a defesa feita pelo tucano de ‘uma moeda mais fraca’ e ‘redução nos juros’.


O site do ‘Wall Street Journal’ anotou que, devido à eleição apertada, a Bovespa não subiu, apesar do bom desempenho de Petrobras e Vale. E o site do ‘Financial Times’ ressaltou a queda nos juros futuros, explicada pela perspectiva, com Serra, de ‘redução nos gastos’ ou ‘pressão sobre o BC, que poderia significar aumento da inflação’.


CALMA Na ‘Economist’, as ‘Guerras cambiais’ que, ‘ao menos retoricamente’, se estabeleceram após Guido Mantega recorrer à expressão ‘no dia 27 de setembro’. A revista diz ‘Como parar uma guerra cambial: Fique calmo, não espere conserto rápido e sobretudo não abra uma luta comercial com a China’


Concorrência O ‘FT’ noticiou que ‘Tamanho importa, e os países médios da América Latina se unem’. Mais precisamente, as Bolsas de Chile, Colômbia e Peru se juntam ‘até o mês que vem’ -com objetivo de enfrentar, em volume, a Bovespa, hoje o dobro das três somadas. Elas já seriam ‘os três mercados mais quentes da América Latina’, com desempenho ‘sete vezes superior’ à Bolsa brasileira neste ano.


Milagre ‘Miami Herald’ e outros da rede McClatchy deram a longa análise ‘O silencioso milagre da América Latina’. Saúda como a região ‘que originou o termo República das Bananas se tornou lar de governos responsáveis, produzindo resultados impressionantes’ e elevando o apoio à democracia. Dá, ‘por exemplo, o Brasil’. E sugere que ‘agora podem inspirar e até instruir’ os EUA e a Europa em crise.


CACARECO A antropóloga Lilia Schwarcz escreveu no ‘New York Review of Books’ o texto ‘Politicamente incorreto: o palhaço eleito’. Recorda Cacareco, o rinoceronte ‘eleito’ em 1959, e diz que Tiririca veio acompanhado da derrota de vários líderes. Aponta no eleitor brasileiro uma atitude ‘imprevisível’


DRAMA O ‘New York Times’ ouviu Kirk Douglas, 93, o jornalista de ‘A Montanha dos Sete Abutres’ (1951), sobre o resgate dos mineiros chilenos. Ele lembrou como Billy Wilder o dirigiu dizendo que ‘um homem ou alguns homens presos no subsolo emocionam’ mais que enchentes ou terremotos, por identificação -daí o grande impacto da exploração de um episódio assim, no filme e na realidade


 


 


CHINA


Fabiano Maisonnave


Mídia oficial chinesa censura até premiê


‘Não só devemos avançar na reforma do sistema econômico, mas também na do sistema político. Sem uma reforma política, a China pode perder o que já conseguiu por meio da reestruturação econômica.’


A frase, censurada pelos meios de comunicação estatais chineses, poderia ser do preso político Liu Xiaobo, nomeado Nobel da Paz na semana passada.


Mas é do premiê Wen Jiabao, durante discurso em agosto em Shenzen, no sul da China.


Desde abril, quando publicou um artigo elogiando Hu Yaobang, político reformista cuja morte desatou as manifestações estudantis de 1989, Wen vem surpreendendo com gestos e declarações em favor de mais abertura.


Na semana passada, em rara entrevista a um meio estrangeiro, Wen disse à CNN que ‘os desejos e necessidade da população por democracia e liberdade são irresistíveis’, declaração também vetada na imprensa estatal.


‘O opaco sistema político chinês faz com que seja difícil dar uma interpretação definitiva dos comentários de Wen sobre democracia’, disse à Folha Richard McGregor, autor do recém-publicado ‘The Party: The Secret World of China’s Communist Rulers’ (o partido: o mundo secreto dos dirigentes comunistas da China).


‘Numa possível leitura, as declarações […] estão dizendo que a China é tão democrática como o Ocidente, mas à sua maneira. Cada vez mais, creio que os comentários de Wen são mais do que isso e refletem um debate de alto nível e possivelmente divisões genuínas dentro da liderança sobre a reforma política’, diz McGregor.


Sinceras ou não, o fato de as declarações de Wen serem alvo de censura são sinal de que o apoio à reforma política é a posição minoritária dentro da elite comunista.


‘Aqueles que se beneficiam do sistema atual e aqueles que veem a sua preservação como a sua missão levam vantagem [sobre Wen]’, escreveu Jonathan Fenby, autor do livro ‘History of Modern China’ (história da China moderna).


Embora não esteja na agenda, o tema da reforma política e da dura reação chinesa ao anúncio do Nobel devem estar presentes na reunião anual do Comitê Central do Partido Comunista chinês, que começa hoje em Pequim e dura quatro dias.


Oficialmente, o principal tema será o novo plano de cinco anos (2011-2015), que deve incluir políticas para incentivar o consumo e diminuir a crescente desigualdade de renda.


Mas o encontro também deve discutir a sucessão de Wen e do dirigente máximo, Hu Jintao, em 2012. O favorito para o lugar de Hu é o vice-presidente, Xi Jinping.


 


 


ARGENTINA


Gustavo Hennemann


Jornais argentinos temem falta de papel


A associação que reúne os jornais do interior da Argentina emitiu um alerta para a ‘escassez’ de papel-jornal no país e afirma que 250 veículos de comunicação poderão deixar de ser publicados.


A redução dos estoques de papel decorre da greve na empresa Papel Prensa, que normalmente alimenta 75% da demanda nacional.


Há 11 dias, os funcionários da fábrica paralisaram as atividades para reivindicar aumento salarial.


Conforme a associação dos jornais, se não for encontrada uma ‘solução imediata’ para o conflito sindical, a circulação dos veículos será interrompida.


A entidade também pede a intervenção das autoridades argentinas para que a fábrica volte a funcionar.


A greve da Papel Prensa tem como questão de fundo o conflito judicial travado pelos sócios da empresa.


O governo da presidente Cristina Kirchner, que administra as ações que pertencem ao Estado, tenta excluir da sociedade os jornais ‘Clarín’ e ‘La Nación’, que compraram suas cotas da empresa em 1976 numa negociação questionada na Justiça.


O ‘Clarín’ e o ‘La Nación’ dizem que os funcionários da Papel Prensa recebem, em média, o dobro que os demais trabalhadores da indústria papeleira e que já havia sido firmado um acordo de reajuste para 2010.


Segundo os jornais, o governo incentiva a greve em razão do conflito político em torno da empresa e, por isso, não tem interesse em intervir na paralisação.


A Presidência não se manifestou sobre a acusação.


Anteontem, os sócios privados também denunciaram que os funcionários estavam bloqueando os portões da fábrica para evitar que os caminhões distribuíssem papel.


A Folha entrou em contato com a Federação de Operários e Funcionários da Indústria de Papel, que organiza o movimento de greve, mas nenhum dirigente respondeu.


 


 


EUA


Jornais deixam de publicar tira sobre o profeta Maomé


O ‘Washington Post’ e outros jornais americanos preferiram publicar uma tirinha de humor antiga do cartunista Wiley Miller na edição do último domingo em vez da versão que ele havia desenhado para aquele dia -com uma referência ao profeta Maomé.


A informação foi divulgada pelo ombudsman do próprio ‘Post’, Andrew Alexander. Segundo ele, o jornal temia causar polêmica entre os leitores, mais especificamente entre os muçulmanos.


A tirinha é publicada diariamente por 800 jornais.


Na história ‘censurada’, Miller desenhou, em um quadrinho só, uma cena bucólica imitando o popular livro ‘Onde está o Wally?’. Trata-se de um parque onde crianças compram sorvete, bichos correm e pessoas passeiam.


A ‘provocação’ ficou por conta da legenda: ‘Onde está Maomé?’. O profeta não é retratado no desenho. A maioria dos muçulmanos considera ofensiva qualquer representação gráfica de Maomé.


O editor do ‘Washington Post’, Ned Martel, disse que decidiu não publicar a tirinha no último domingo, após consultar outros colegas, incluindo o editor executivo, Marcus W. Brauchli, porque ‘parecia uma provocação deliberada sem uma mensagem clara’.


O cartunista disse que pretendia satirizar ‘a mídia se acovardando de medo de publicar qualquer cartum que contenha a palavra Maomé’, disse ele ao ombudsman.


 


 


INTERNET


Microsoft e Facebook se unem para integrar serviço de buscas


O acordo permitirá que usuários do Bing, serviço de buscas da Microsoft, vejam também comentários de seus amigos do Facebook sobre o assunto pesquisado.


Será mais fácil escolher restaurantes ou filmes ao analisar quais deles foram ‘curtidos’ pela rede de amigos -função realizada por meio do botão ‘like’ do Facebook.


A utilização da opinião de amigos para complementar buscas, entretanto, não é uma ideia nova. O Google, site de buscas mais visitado, já havia aberto espaço para que pessoas pudessem recomendar os resultados ou reordenar a lista de links disponíveis.


A união com o site de relacionamentos pode ajudar o Bing, atualmente na terceira colocação, a conquistar mais público. O Yahoo! ocupa a segunda posição.


A Microsoft trabalha em parceria com o Facebook desde 2006. Segundo elas, o Bing trará mais inovações.


 


 


AOL e fundos estudam compra do Yahoo!, diz ‘Wall Street Journal’


A AOL e fundos de ‘private equity’ (que adquirem participação em empresas) estão estudando a compra do Yahoo!, segundo o diário ‘The Wall Street Journal’.


Os fundos Silver Lake Partners e Blackstone Group estariam interessados no negócio, além de mais dois ou três fundos, segundo a publicação.


A AOL tem valor de mercado de US$ 2,7 bilhões (R$ 4,5 bilhões), bem inferior ao do Yahoo!, de US$ 20,6 bilhões (R$ 34,1 bilhões).


Procuradas pelo ‘Wall Street Journal’, as duas empresas não quiseram dar declarações sobre a possível transação. Caso o negócio seja concretizado, AOL e Yahoo! terão maior força para competir com sites como Google, Facebook e Twitter.


Não é a primeira vez que o Yahoo! está na mira de grandes companhias. Em 2008, a Microsoft fez uma oferta de US$ 47,5 bilhões, mas o negócio não prosperou.


 


 


Mariana Schreiber


Internauta reduziu uso do Orkut, diz Ibope


O Orkut ainda é a rede social preferida dos brasileiros, mas vem perdendo espaço para o Twitter e o Facebook, mostra pesquisa realizada pelo Ibope.


Segundo o levantamento, que entrevistou 8.561 pessoas em 11 regiões metropolitanas, metade dos entrevistados disse que usa o Orkut menos que antes, 30% mantiveram o mesmo tempo de uso, enquanto 20% estão usando mais o serviço.


Apesar disso, o Orkut ainda é o mais acessado: 90% dos entrevistados são usuários da rede, ante 14% do Facebook e 13% do Twitter.


Segundo o presidente da consultoria especializada em internet Predicta, Marcelo Marzola, o Facebook se tornou muito mais que uma rede social e, por isso, a tendência é que ganhe cada vez mais espaço sobre o Orkut.


Ele observa que, enquanto o site de relacionamento do Google ainda está muito restrito ao contato entre amigos, o Facebook se tornou uma plataforma para uma série de aplicativos que a empresa vem desenvolvendo, como jogos e mecanismos de recomendação de conteúdos (notícias, por exemplo).


‘O Facebook tem sido muito mais inovador que o Orkut. A tendência é que ele vire a home (página inicial de acesso à internet) das pessoas. Tudo que elas fizerem na internet deve passar por ele’, prevê Marzola.


Para o presidente da Predicta, cada vez mais os internautas devem usar as redes sociais menos como meio de relacionamento e mais como fonte de informação. O próprio Twitter já funciona essencialmente dessa forma.


‘Amigos são um ótimo filtro para o enorme volume de informação que circula na internet’, observa.


DIVERSÃO


Segundo a pesquisa do Ibope, divertir-se (51%) e informar-se (37%) são razões importantes para entrar nas redes sociais.


O levantamento constatou, porém, que a principal motivação dos internautas para usar as redes sociais ainda é o relacionamento com os amigos (73%), o que explica um pouco por que o Orkut continua sendo o mais acessado.


Outra razão é o Orkut ser a rede social mais antiga. Segundo Marzola, pessoas com amigos no exterior foram as primeiras a acessar o Facebook, que globalmente está à frente do Orkut.


Gradualmente, o site deve ganhar mais integrantes das classes de renda mais baixa, estima. Segundo o Ibope, 45% dos usuários de redes sociais no Brasil são das classes A e B, outros 45%, da classe C, e 10%, das D e E.


O estudo do Ibope também revelou que a maioria dos consumidores aprova o uso das redes sociais para divulgação de produtos e marcas. As empresas, porém, precisam ser criativas no uso desse canal de comunicação, afirma Marzola.


‘As pessoas estão cada vez mais reativas à propaganda tradicional. O marketing nas redes sociais tende a atingir pessoas que já têm uma afinidade prévia com o produto.’


 


 


FUTEBOL


Xico Sá


Twitter engorda


AMIGO TORCEDOR, amigo secador, em vez do velho treino de ‘dois toques’, 140 toques no Twitter -a rede social que tem encantado, perigosamente, os boleiros. Circula até mesmo uma teoria da conspiração sobre o assunto: Twitter engorda. Repare no caso do Ronaldo, um dos tuiteiros profissionais de maior evidência -781.154 cães perdigueiros.


Foi neste veículo, aliás, que se deu um embate entre um grande ídolo da Democracia Corintiana, Walter Casagrande, e o Fenômeno, herói sempre em alta, em campo ou simplesmente on-line.


O tema: o grande hospital de guerra que virou o DM, o famoso departamento médico do Parque São Jorge. Parece o Hospital da Restauração, no Recife, na Quarta-Feira de Cinzas.


Entre um bombardeio e outro de propaganda da empresa que o patrocina, R9 gorjeia em nome das boas vibrações da vida: ‘Conto com a torcida e pensamento positivo de vcs hj!!! Domingo estarei de volta e ajudarei o time!!!!’.


O cara usa mais exclamação do que os jornais cariocas nos anos 1950. O tio Nelson Rodrigues, o mais sublime dos cronistas exagerados, o seguiria imediatamente. Amava esse sinalzinho magro, elegante e hiperbólico.


É na rede social, muito antes que a imprensa quebre o suspense, que o atacante diz se vai ou não a campo. Domingo volta contra o Guarani do camarada Edgar Picolli, xará de Poe e do meu corvo secador de favoritos.


Os meninos da Vila são outros viciados. Muita habilidade ao bater na bola e quase nenhuma nos 140 caracteres. A diretoria do Peixe soltou várias advertências quanto ao uso da perigosa mídia.


O Twitter é o que amigo Vitor Birner, estrategista do ‘Cartão Verde’ (TV Cultura), define como ‘jogar sem a bola’? Talvez seja.


Até um discreto Rivaldo, que não tem o mesmo status ludopédico de um Romário ou de um Ronaldo tão-somente por causa da timidez e da falta de marketing, é adepto da brincadeira virtual. Tem 64 mil seguidores nos seus calcanhares.


Mais toques na bola e menos no computa, diriam os torcedores aos seus times. Nada disso. É sensacional, para qualquer moleque, poder trocar uns passes com os seus ídolos após um jogo. Ou até mesmo dar uma bronca por tantos gols perdidos.


E, como diria, ainda na era pré-internet, o mitológico goleador espanhol Emilio Butragueño -ele reunia a grosseria e a genialidade em um só persona como ninguém-, ‘un toque y me voy’.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Erros de gravação do ‘CQC’ viram programa na internet


A partir de segunda-feira o ‘CQC’ ficará maior. O programa da Band ganhará 30 minutos a mais, só que exclusivamente na internet.


De olho na audiência jovem e da web, a Band criou uma edição especial do ‘CQC’, que irá ao ar ao vivo, na internet, logo após o término do programa na TV.


Com 30 minutos de duração, o ‘CQC 3.0’ unirá imagens inéditas à interatividade com os apresentadores.


Patrocinadora da formato, a Telefônica disponibilizou a plataforma na internet para viabilizar a exibição.


‘Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque estarão na bancada apresentando o programa na web e, ao mesmo tempo, em um chat com o público’, contou Marcelo Mainardi, diretor comercial da Band.


O novo formato investirá nos bastidores da produção, erros de gravação e e em quadros de stand-up. A atração também promete ser a primeira de outras que ganharão conteúdo exclusivo no site da Band.


‘O ‘CQC 3.0’ tem contrato de um ano, mas queremos estender isso para outros programas, como ‘A Liga’, disse Mainardi.


MARIA DA PENHA


É assim que Lílian (Bruna Di Tulio) ficará após levar uma surra de Nicolau (Heitor Martinez), na terça-feira, em ‘Ribeirão do Tempo’, da Record


Lotação A Record pretende enviar uma comitiva de 200 profissionais para a cobertura dos Jogos Pan-Americanos do México, em 2011. Desses, 90 são jornalistas e os outros 110, equipe técnica.


Sem comando O ‘Domingão do Faustão’ está há quase um mês sem diretor. Márcio Trigo saiu há mais de 20 dias por conta de um problema de saúde e tem outros projetos na Globo. A atração segue à espera de Ulysses Cruz, que está voltando de férias na China e assume o posto na próxima semana.


Bastidores O Discovery Channel teve acesso exclusivo aos bastidores do resgate dos mineiros chilenos e exibirá um documentário inédito com esse material ainda neste mês.


Castigo A ordem na Globo é não escalar Ana Paula Arósio para um novo trabalho por um bom tempo. A atriz faltou nas gravações de ‘Insensato Coração’, próxima novela das oito, e foi afastada pela emissora.


Deboche Em boa fase de audiência, ‘Legendários’, da Record, terá sua própria novela. Gravada no RecNov e com atores como Leonardo Vieira, ‘Mutontos’, sátira de ‘Mutantes’, estreia no dia 23.


Barrigão Uma só, não. A apresentadora Luciana Gimenez pode ter várias substitutas (os) no ‘Superpop’ durante sua licença-maternidade. A RedeTV! estuda montar um esquema assim como o que a Globo fez durante a gravidez de Xuxa, colocando vários artistas no comando da atração.


 


 


 


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