O governo marroquino proibiu a distribuição de uma edição da revista francesa L’Express International, alegando que a publicação insultou o Islã em artigos que tratam da relação entre islamismo e cristianismo. O ministro da Informação do Marrocos, Khalid Naciri, afirmou que, devido à natureza ofensiva dos artigos, não havia outra opção a não ser barrar a circulação da revista. O código de imprensa do país permite que o governo feche ou proíba qualquer publicação considerada ofensiva ao Islã ou ao rei.
O título da capa, ‘O choque Jesus-Maomé’, é o mesmo de livro escrito por Christian Makarian, um dos editores-chefes da L’Express International. A revista foi publicada na véspera de um encontro entre acadêmicos muçulmanos e cristãos, em Roma, com o objetivo de ‘auxiliar o diálogo entre islamismo e cristianismo’. Naciri não especificou o que foi considerado ofensivo, mas declarou à agência de notícias AP que o Marrocos ‘não deveria ser usado por ninguém para espalhar artigos que podem ser prejudiciais à religião ou afetar a ordem pública’.
Mensagem no sítio da L’Express informava que a revista não entendeu a reação do governo marroquino, em especial porque muito esforço foi feito para que a edição respeitasse as normas islâmicas – na capa, Jesus e Maomé aparecem lado a lado. Na edição internacional, a face do profeta foi coberta com um véu branco; na francesa, foi descoberta. O Islã não permite representações iconográficas de Maomé.
Análise
Os artigos da polêmica edição traziam uma análise ampla sobre as duas religiões monoteístas. Um dos textos comparava as citações de Jesus aos versos de Maomé no Corão, destacando que o livro sagrado muçulmano ‘justifica a violência contra aqueles que se recusarem a obedecer a lei muçulmana’. A matéria afirmava ainda que o profeta pacifista e o guerreiro estão unidos em uma única figura.
A L’Express é a única revista da França que publica mensalmente um suplemento focado no Marrocos, ex-colônia francesa. ‘Fomos banidos, apesar da atenção que demos à edição, que mostra nosso respeito pelo público marroquino e pela fé muçulmana. Não compreendo’, desabafou Makarian. Informações de Hassan Alaoui [AP, 2/11/08].