Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Revista semanal acusada de ódio aos muçulmanos

Maclean´s, principal revista semanal do Canadá, foi uma publicação sem graça na maior parte do século passado. Em meados de 2005, entretanto, a situação mudou. Diante da queda nas vendas, a revista foi obrigada a revisar sua administração. O conteúdo, como conseqüência, ficou mais provocativo. Segundo artigo publicado na semana passada na revista britânica Economist [10/1/08], a Maclean´s virou provocativa demais para alguns canadenses.

Uma das estrelas da revista é o colunista Mark Steyn, chamado por leitores de ‘islamófobo’. A fama vem de artigo assinado por ele em 2006, em que previa, entre outras coisas, que a Europa, ‘inundada de muçulmanos’, se tornaria a ‘Eurábia’. O texto, extraído de um livro de Steyn chamado America Alone e que tem como subtítulo ‘O fim do mundo como o conhecemos’, chamou atenção pelo simplismo de suas afirmações e pela reação que gerou no público. A Maclean´s publicou 27 cartas de leitores – a maioria delas, reclamações.

Protesto

Muitos muçulmanos, entretanto, não engoliram a ofensa. No ano passado, um grupo de estudantes de Direito de Toronto adentrou a redação da revista exigindo o mesmo espaço concedido a Steyn a um direito de resposta – escrito por um autor que seria escolhido por eles. Ken Whyte, editor e publisher, afirmou ao grupo que preferiria ver a revista falir. No mês passado, os estudantes e o Congresso Islâmico Canadense, maior organização islâmica do Canadá, prestaram queixa contra a revista na Comissão Canadense de Direitos Humanos e nas comissões de Ontário e British Columbia. Eles alegavam que o artigo feria o ‘senso de dignidade e auto-estima’ dos muçulmanos.

As comissões concordaram em investigar a queixa. Steyn e a revista enfrentam, agora, acusações formais por disseminar ódio e desprezo contra os muçulmanos. Ainda que o código criminal canadense tenha cláusulas que tratem de propaganda de ódio, a forma escolhida pelo grupo para protestar gerou mais polêmica. Até o advogado Alan Borovoy – que milita pelas liberdades civis e serviu de inspiração para os estudantes – ficou espantado com sua tentativa de limitar a liberdade de expressão no país.