Ler uma revista na web pode ser uma experiência frustrante. O sítio não tem o mesmo formato físico da revista e nem toda matéria publicada na edição impressa está na rede. Isto está começando a mudar, na medida em que um número cada vez maior de editoras de revistas testa ‘edições digitais’ – versões eletrônicas de suas publicações que são uma cópia de cada página da edição impressa, incluindo o índice, as imagens e os anúncios, como noticia Brian Steinberg [Wall Street Journal, 20/9/05].
As novas edições digitais, disponíveis geralmente a assinantes para serem baixadas na rede ou acessadas através de links recebidos por e-mails, podem mudar a atitude de consumidores e de anunciantes em relação às revistas. Os leitores não precisam esperar a cópia impressa chegar pelo correio e, em vez disto, podem baixar e, caso queiram, imprimir a versão digital.
Para aqueles que querem ler a revista eletronicamente, as páginas podem ser viradas com um clique do mouse. As edições permitem aos anunciantes mais opções – páginas interativas que podem incluir vídeos ou outras ferramentas multimídia. Para as editoras, as edições digitais podem representar uma economia em impressão e custos de envio pelo correio. Mesmo assim, as edições digitais não vão substituir as versões impressas. Depois que a novidade de virar a página eletronicamente se desgastar, ler uma publicação na tela do computador ainda pode ser irritante para alguns internautas. E uma revista no computador não pode ser lida na praia ou na banheira.
Pamela Russo, diretora de marketing de internet da editora de revistas Hachette Filipachhi Media, nos EUA, de propriedade do grupo Lagardéres, acredita que as edições digitais de revistas como Premiere e Woman´s Day dão aos leitores e anunciantes um pouco mais do que pode ser usufruído de uma página impressa. As editoras estão reconhecendo que os jovens, que estão deixando de usar cada vez mais as mídias tradicionais, podem gostar de ler as revistas neste formato. ‘Mais e mais entretenimento e informação são reunidos e consumidos na tela’, afirma Scott Kauffman, presidente e executivo-chefe da Zinio Systems, empresa com sede em São Francisco que ajuda a produzir edições eletrônicas. Além do mais, o formato digital oferece mais interatividade. A revista Playboy, que disponibilizou sua edição de outubro em formato digital pela primeira vez, traz um artigo de jogos eletrônicos com um link para demonstrações dos jogos. A versão digital da edição comemorativa do aniversário de 75 anos da Fortune teve alguns anúncios com elementos interativos. Até agora, anunciantes não estão pagando a mais para aparecer em edições digitais, embora isto possa vir a mudar, especialmente para anunciantes que optem por adicionar elementos interativos.
O conceito de revista digital é tão novo que novas editoras têm noções diferentes de quanto cobrar por ele. Hearst e Playboy estão cobrando preços similares pelas edições impressa e digital, permitindo aos anunciantes escolher entre uma ou outra. A Fortune, no entanto, considera uma variedade de opções. O maior desafio pode ser convencer as pessoas a abandonar sua preferência por virar as páginas com suas próprias mãos, diz Demian Brink, diretor de mídia da agência Martin Agency. ‘Mas as pessoas costumavam odiar pela idéia de pagar por água engarrafada, e vocês sabem onde isso deu’, acrescentou Brink.