Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Revolução cultural

O New York Times está passando por um período de reformulações. A tão esperada reforma das seções culturais já foi adiada duas vezes. Primeiro, por causa do descarrilamento da administração do ex-editor-executivo Howell Raines. Depois, pela partida do engenheiro-chefe Adam Moss para a revista New York. Finalmente em 23/4, o editor-executivo Bill Keller, o editor-administrativo Jill Abramson e o editor de cultura Steven Erlanger reuniram a equipe de cultura num auditório do Times para anunciar as mudanças vindouras.

Ainda esperando aprovação do publisher Arthur Sulzberger Jr., os planos são contratar mais gente, reestruturar os vários departamentos de artes e se preparar para publicar com mais rapidez críticas e notícias artísticas.

Na reunião no dia 23/4, Erlanger, o editor do caderno ‘Arts & Leisure’ Jodi Kantor e a editora do caderno ‘Weekend’ Myra Forsberg, expuseram slides mostrando como deveria ficar a seção cultural do jornalão após a reforma: mais clara, com novas fontes e, mais importante, com mais espaço. Atualmente, o jornalismo cultural do Times é produzido por operações editoriais separadas, fundadas em diferentes épocas e por diferentes motivos. A proposta agora é juntar os diferentes braços culturais e cortar arestas redundantes (como, por exemplo, a existência de uma equipe para as resenhas literárias diárias e outra para o ‘Book Review’, publicado aos fins de semana). Haverá uma equipe de editores, cada um especializado em um setor cultural, como cinema, teatro, literatura, música etc.

Morte anunciada

Nem tudo sobreviverá da faxina no Times. O caderno de sábado ‘Arts & Ideas’, segundo Tom Scocca [The New York Observer, 10/5/05], está oficialmente marcado para morrer. Os assuntos sobre os quais o caderno trata, porém, continuarão sendo abordados, até com maior intensidade, durante todos os dias da semana.

Entre os mais fervorosos defensores da dissolução do ‘Arts & Ideas’ está o crítico e escritor Lee Siegel. Em 1998, apenas um ano após o caderno ser lançado, Siegel chamou-o de ‘uma casca de banana semanal jogada no caminho da inteligência humana’. E o escritor não está sozinho. Segundo Rachel Donadio [The New York Observer, 10/5], durante os sete anos de existência, ‘Arts & Ideas’ tem sido o saco de pancada preferido de jornalistas intelectuais. ‘O problema era da própria natureza da seção’, disse Siegel. ‘Não se pode simplesmente isolar idéias do resto da cultura e da vida’.

A seção ‘Arts & Ideas’ foi concebida numa época de guerras culturais, em que debates intelectuais seguiam linhas mais ideológicas.

Também está nos planos o aprimoramento dos furos de reportagem nas frentes culturais, com a criação de um espaço específico para isso. Antes, uma notícia cultural de última hora muitas vezes tinha de ser encaixada em outro caderno, já que a equipe de cultura sai cedo da redação.