Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Roberto Custódio

‘Depois do lançamento do Programa Leite das Crianças ontem, em Centenário do ‘Sul, o governador Roberto Requião protagonizou uma cena pouco comum, de agressão a um jornalista.

O repórter Fábio Silveira, do Jornal de Londrina, perguntou a Requião se suas críticas à política econômica do governo federal o afastavam da aliança com o PT, já que na segunda-feira, em reunião de governadores em Brasília, ele havia sido um dos mais críticos em relação às diretrizes do ministro Antonio Palocci (Fazenda). Requião respondeu que é amigo pessoal do presidente. Acrescentou que tem a certeza que o Lula vai pôr um freio na visão econômica que hoje predomina no governo e que é a visão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. ‘Superávit primário é dinheiro tirado do Brasil para pagar banqueiros internacionais’, continuou. ‘É isso que o Lula vai fazer. Aqui no Paraná eu faço a minha parte e o Lula vai fazer a parte dele, lá em Brasília’, concluiu.

O repórter insistiu na questão. Requião disse, então, que já a havia respondido. Silveira desligou o gravador e foi para um canto da sala onde se dera a entrevista. Em seguida, o governador se dirigiu a ele, pegou o gravador (que estava desligado), fez menção de desligá-lo, torceu o dedo polegar direito do jornalista, enquanto declarava: ‘Você está querendo me jogar contra o Lula’. A repórter Vera Barão, também do JL, intercedeu: ‘Não precisa quebrar o dedo do repórter’. O governador passou a mão na cabeça da repórter e respondeu: ‘Não quebro o seu, minha flor, mas homem eu trato como homem’

Procurada pela reportagem da Gazeta do Povo, após o episódio, a assessoria de imprensa do Palácio Iguaçu não quis se manifestar.

Os sindicatos de jornalistas do Paraná e de Londrina se manifestaram criticando a atitude do governador.’

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‘Requião toma gravador e agride repórter’, copyright Rede Paranaense de Comunicação, 29/04/04

‘Depois do lançamento do Programa Leite das Crianças ontem, em Centenário do Sul, o governador Roberto Requião (PMDB) protagonizou uma cena pouco comum: ao ser questionado sobre sua relação com o governo federal, ele aproximou-se do repórter Fábio Silveira, arrancou-lhe o gravador, tentou desligar o aparelho e torceu o dedo do jornalista.

‘Você está querendo me jogar contra o Lula’, declarou o governador. A jornalista Vera Barão intercedeu: ‘Não precisa quebrar o dedo do repórter’. O governador passou a mão na cabeça da repórter e respondeu: ‘Não quebro o seu, minha flor, mas homem eu trato como homem’, reagiu Requião.

Ao abordar o governador, Fábio Silveira questionou se suas críticas à política econômica do governo federal o afastavam da aliança com o PT. Na segunda-feira, em reunião de governadores em Brasília, Requião havia sido um dos mais críticos em relação às diretrizes do ministro Antonio Palocci (Fazenda). Ontem, ele disse à reportagem do JL que é ‘amigo pessoal’ do presidente Lula e acredita que a política econômica será revertida.

‘O senhor, na reunião dos governadores, foi um dos críticos mais contundentes da política de superávits primários. Como fica a relação com o PT?’ Essa foi a pergunta feita pelo repórter Fábio Silveira. ‘Nada de relação com o PT, eu sou amigo do Lula e tenho certeza que o Lula vai pôr um freio nessa visão, que é a visão do (ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso (PSDB)’, rebateu Requião.

‘Superávit primário é dinheiro tirado do Brasil para pagar banqueiros internacionais’, continuou o governador. ‘É isso que o Lula vai fazer. Aqui no Paraná eu faço a minha parte e o Lula vai fazer a parte dele, lá em Brasília’, concluiu.

O repórter insistiu na pergunta porque Requião havia declarado, durante o seu discurso, que ele e Lula foram eleitos para fazer mudanças. ‘Nós votamos nas últimas eleições para mudar o Brasil. Nós votamos no Lula para mudar, nós votamos no Requião para mudar’, declarou. ‘E eu quero garantir a vocês que a minha parte eu estou fazendo: é o compromisso com os mais pobres, o compromisso com a mudança, o compromisso com a decência no governo’, concluiu.

Quando o repórter insistiu na questão, Requião disse que já havia respondido a pergunta. O repórter desligou o gravador e foi para um canto da sala. Em seguida, Requião se dirigiu ele, pegou o gravador (que estava desligado), fez menção de desligá-lo e torceu o dedo de Silveira.

O governo foi procurado para comentar o fato, mas não quis se manifestar.’



Mari Tortato

‘Após pergunta, Requião torce dedo de repórter’, copyright Folha de S. Paulo, 29/04/04

‘O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), tirou o gravador das mãos do repórter Fábio Silveira, do ‘Jornal de Londrina’, e torceu seu dedo polegar direito ao se irritar com perguntas sobre as críticas que vem fazendo ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, ontem à tarde, em Centenário do Sul (PR). Silveira disse que vai registrar queixa na polícia.

‘Você está querendo me jogar contra o Lula’, disse o governador ao tomar o gravador de Silveira, segundo o relato do repórter.

Ele foi enviado de Londrina a Centenário do Sul para entrevistar Requião sobre a posição crítica dele em relação ao governo federal na reunião dos governadores, segunda-feira, em Brasília.

Silveira disse que perguntou como fica a relação do governador com o PT após as ‘críticas contundentes’ ao superávit primário (economia para pagar juros).

‘Eu sou amigo do Lula e tenho certeza de que ele vai pôr um freio nessa visão, que é do Fernando Henrique Cardoso’, teria respondido Requião.

O repórter teria insistido, sem obter outra resposta do governador. Em seguida, quando Silveira já tinha se afastado, segundo seu relato, o governador foi atrás dele, lhe tomou o gravador e torceu seu dedo. A um comentário de outra repórter para que não torcesse o dedo do colega, Requião teria dito: ‘Não se preocupe que não quebro o seu, minha flor, mas homem eu trato como homem’.

O porta-voz de Requião disse que ele só tirou o gravador do repórter ‘depois de ele insistir cinco vezes na pergunta [sobre] se haveria rompimento com Lula’. O aperto no dedo ‘foi involuntário’.’



GOVERNO ROSINHA
Milton Coelho da Graça

‘Não anotem a aula do prof. delegado’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 5/05/04

‘O Subsecretário de Segurança do Rio de Janeiro, delegado Marcelo Itagiba, nas horas vagas é também professor de jornalismo e acusou jornais e emissoras de TV de ‘agirem à forma de Joseph Goebbels’, segundo o qual ‘uma mentira se torna verdade pela repetição’.

Na verdade, não é uma boa aula porque não é isso o núcleo principal da doutrina Goebbels de comunicação. E o delegado Itagiba arriscou-se ainda mais como teórico do jornalismo. Segundo ele, a ‘sensação de insegurança’ vivida pela população carioca decorre da cobertura que a imprensa deu à guerra do tráfico na Rocinha.

Mas o Subsecretário, em certo momento, também disse frases que qualquer um de nós diria. Por exemplo: ‘Prefiro ver Guga na primeira página do que Fernandinho Beira-Mar.’ Quem não gostaria que Guga voltasse a jogar como antes e a polícia evitasse que traficantes colecionassem armas?

Ainda podemos confiar na democracia

A democracia americana ainda é mais forte do que todos os truques e mentiras montados pela Casa Branca ou pelo Pentágono. Foram as liberdades de imprensa e de opinião que derrotaram a invasão do Vietnã, a farsa de Watergate e, agora, o assalto ao petróleo do Iraque fantasiado de guerra ao terrorismo.

Todo o aparato de controle do noticiário sobre a guerra no Iraque e suas raízes está desmoronando. Um livro de Bob Woodward traz fotos de caixões tiradas por uma funcionária da Força Aérea, fotos de torturas tiradas por um soldado e divulgadas para o mundo pela rede CBS de televisão – esses três furos derrubaram a ‘cortina de ferro’ baixada pelo governo e pelos militares americanos, expõem a verdade e, sem dúvida, vão tornar impossível a continuação do morticínio.

O depoimento de um dos torturadores, veterano sargento, é patético: ‘Nunca ninguém me falou sobre a Convenção de Genebra nem sobre como tratar os prisioneiros.’ Além disso, se a investigação das torturas for séria (aqui no Brasil, como a gente sabe, não foi) vai incluir o possível envolvimento de agentes do FBI e da CIA, conforme alguns dos 17 militares acusados já revelaram.

E – pasmem! – era uma mulher a comandante do inferno na prisão de Abu Ghraib.’



Tribuna da Imprensa

‘Subsecretário culpa imprensa por insegurança’, copyright Tribuna da Imprensa, 29/04/04

‘O subsecretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, delegado federal Marcelo Itagiba, afirmou ontem que jornais e emissoras de TV ‘agem à forma de Joseph Goebbels (1897-1945)’ na cobertura de casos de violência na cidade, numa citação ao chefe da propaganda nazista.

Treze pessoas morreram em duas semanas, mas ele responsabilizou a imprensa pela repercussão da guerra na Favela da Rocinha durante palestra na Câmara de Comércio Americana. De acordo com Itagiba, a edição de matérias relacionadas à violência provoca ‘sensação de insegurança’.

‘Uma mentira se torna verdade pela repetição. No caso da Rocinha, a mesma imagem foi repetida ao longo de duas semanas. Embora tenham ocorrido fatos graves no coração da Zona Sul, eles não têm a dimensão pela qual foram retratados. Isso acontece sempre na Ilha do Governador, no Complexo da Maré e no Complexo do Alemão, mas, quando ocorre perto de nós, sentimos mais fortemente nos nossos corações e nossas mentes’, disse Itagiba aos empresários.

Segundo ele, imagens da guerra exibidas pela Rede Globo ‘eram apenas uma demonstração de força, um tiro para o ar que não pegou em ninguém’. O subsecretário também fez uma análise da edição de manchetes de jornais:

‘Prefiro ter o Guga do que o Fernandinho Beira-Mar (Luiz Fernando da Costa) na primeira página. Não sei que estímulo isso cria na população. Manchetes como essa trazem sensação de insegurança. Há pouco tempo, vi um deputado federal dizer que na Rocinha tinha um traficante bonzinho e outro mauzinho, que a polícia matou o bonzinho’, disse ele, referindo-se a Luciano Barbosa da Silva, o Lulu.

Itagiba afirmou que a tentativa de invasão da favela, comandada pelo traficante Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, foi ‘reflexo de leis brandas, porque um condenado (Dudu) a 20 anos por tráfico conseguiu deixar a prisão após receber um benefício da Justiça’.

Segundo ele, a polícia ‘evitou uma tragédia, uma chacina na favela.’ Em meio a elogios à gestão Anthony Garotinho, o subsecretário disse que foram apreendidos 170 fuzis e 15,6 mil armas no ano passado e também responsabilizou usuários de drogas pelo problema do tráfico. ‘Quem cheira e fuma faz parte do processo’, declarou.

‘No dia que se fizer passeata porque morreram policiais, se começa a mudar a cultura do País’, afirmou Itagiba. Ele se recusou a falar com os jornalistas após a palestra.

Ao cancelar sua participação, o secretário Anthony Garotinho disse que teve de antecipar sua ida a Brasília para encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que o Estado vai investir este ano R$ 287 milhões em segurança, ‘bem mais do que os R$ 180 milhões que o governo federal tem para investir no País todo’.’