A compra agressiva de ações do grupo de mídia RCS pelo investidor italiano Stefano Ricucci levantou rumores sobre uma possível trama para tirar do comando do Corriere della Sera seus tradicionais controladores. O diário milanês é parte desse grupo, que controla também a Gazzetta dello Sport, o jornal espanhol El Mundo e a editora francesa Flammarion. O Corriere sempre foi porta-voz da burguesia industrial de Milão e, portanto, sua linha editorial é centro-direitista. No entanto, o jornal não tem apoiado o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, criticado por seu duplo papel de político e empresário de comunicação.
Alguns grupos empresariais italianos, acionistas da RCS, como Mediobanca, Fiat, Pirelli, Banca Intesa e Capitalia, detêm 58% da companhia e mantêm um acordo de cavalheiros para não vender suas participações, garantindo a independência do Corriere. No entanto, Ricucci, que até agora não era um player no mercado de comunicação, começou a comprar ações em tamanha quantidade que as fez dobrar de preço. Conseguiu adquirir 16%, tornando-se o maior acionista, e já declarou que almeja alcançar 20% em breve.
O rumor que existe agora é de que ele teria algum aliado no grupo majoritário, que poderia causar uma reviravolta no controle da RCS a qualquer momento. Alguns dizem que seria Cesare Geronzi, presidente da Capitalia. Outros acreditam que são correligionários de Berlusconi, que querem abafar as críticas do diário. Há também a teoria de que os 500 milhões de euros investidos por Ricucci até agora tenham relação com o investidor francês Vincent Bolloré e o Banco Santander. Nesse caso, a questão política é espanhola: a instituição financeira poderia querer alterar a linha editorial do El Mundo, que é forte crítico do governo do socialista José Luis Rodríguez Zapatero.