Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Segunda retratação em menos de uma semana

Após admitir o polêmico erro no texto da crítica de TV Alessandra Stanley sobre o repórter da Fox News Geraldo Rivera, o New York Times se retratou pela segunda vez em menos de uma semana. Na quarta-feira (28/9), o jornalão se desculpou por uma matéria publicada no dia anterior na qual havia divulgado uma informação errada sobre John Roberts, nomeado no começo de setembro para ocupar a presidência da Suprema Corte americana. Segundo o diário, Roberts teria escrito um memorando não-assinado criticando a decisão da Suprema Corte no caso New York Times vs. Sullivan, de 1964, quando foi advogado da Casa Branca na década de 1980. O caso teria revolucionado a lei de difamação, pois a Suprema Corte decidiu, na ocasião, que autoridades públicas não poderiam demandar um processo por difamação provando simplesmente que a informação publicada era falsa e determinou que o reclamante deveria provar que os repórteres ou editores agiram de ‘má-fé’ e publicaram a informação ‘sem a preocupação de confirmar sua veracidade’.


Em uma atitude incomum, o jornal publicou duas versões da correção, uma na seção regular nas quais ficam as correções e outra na seção de notícias nacionais. A segunda versão foi escrita por Adam Liptak, mesmo autor da matéria original.


Toby Usnik, porta-voz do Times, afirmou que o jornal foi informado do erro depois de receber telefonemas na terça-feira (27/9) da Casa Branca e de Bruce Fein, advogado de Washington e ex-conselheiro da Federal Communications Commission, órgão que regula o setor de comunicações nos EUA, no governo de Ronald Reagan. Fein teria afirmado que ele seria o verdadeiro autor do memorando em questão. Usnik disse que a decisão de publicar a correção na seção de notícias nacionais seguiu a linha de uma política adotada pelo jornal em 1999, segundo a qual é preciso, de acordo com a gravidade do erro, dar à correção o mesmo destaque que o artigo original recebeu. Em sete anos, apenas 43 notas de correções foram publicadas desta maneira.


A nota com a correção ainda informou que o memorando de Fein estava nos papéis de Roberts quando ele era advogado no governo de Reagan e que havia também um outro memorando assinado por Roberts com seus comentários sobre o caso Sullivan, datado de 1985, que mostrava que ele era a favor das decisões tomadas pela Suprema Corte na época, pois elas davam à imprensa maior proteção em processos de difamação. Informações de Joe Strupp, da Editor & Publisher [28/9/05].