Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Quinta-feira, 29 de abril de 2010 INTERNET RÁPIDA Elvira Lobato Senado entra na guerra da banda larga sem fio ‘Há uma guerra surda entre as operadoras de telefonia celular e empresas de TV por assinatura pelas faixas de frequência que vão viabilizar o crescimento da banda larga sem fio. O Senado entrou na disputa e, anteontem, informou à direção da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que vai acompanhar de perto a mudança na regulamentação do uso da faixa de frequência de 2,5 gigahertz, alvo da queda de braço entre as empresas. A disputa começou há três anos, com o desenvolvimento da tecnologia Wimax, para transmissão móvel de dados, que rivaliza com a internet das operadoras de telefonia celular. Nas últimas semanas, ganhou força, por conta da iminência de divulgação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). A faixa de frequência de 2,5 gigahertz está reservada para a TV por assinatura via micro-ondas, conhecida pela sigla MMDS, que possui apenas 347 mil assinantes em todo o país, ou seja, 4,4% do mercado. As teles querem parte das frequências que estão reservadas ao MMDS. Elas argumentam que o tráfego de dados em suas redes cresce em ritmo explosivo e que há risco de ‘caladão’ se não receberem mais frequências. Pelo lado das TVs pagas, a briga é liderada pela Sky, que opera TV por assinatura via satélite, controlada pela DirecTV, dos EUA. Visando usar a tecnologia Wimax para oferecer banda larga móvel no Brasil, a Sky comprou, em 2008, 12 operações de MMDS no país, incluindo seis capitais (Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, Vitória, Belém e Porto Velho). A Telefônica também comprou operações de MMDS pertencentes ao Grupo Abril, imaginando igualmente oferecer banda larga pela tecnologia Wimax no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Agência A Anatel, no entanto, barrou os planos das empresas e vem adiando a homologação dos equipamentos para uso da tecnologia Wimax na faixa de 2,5 gigahertz enquanto avalia qual seria o melhor uso para os 190 canais reservados ao MMDS. Faixas de frequência são bens que pertencem à União. Grupos privados recebem autorização para operar as faixas e fornecer vários serviços, que vão desde TV aberta e rádio a TV por assinatura, passando por acesso a internet sem fio e telefonia móvel. Oficialmente, a direção da Anatel não se pronuncia sobre os pedidos de homologação dos equipamentos de Wimax feitos pelas empresas, mas os processos ficam engavetados. Internamente, prevalece na agência o entendimento de que a frequência reservada para o MMDS está ociosa e que pelo menos parte dos canais deve ser retomada pela União. Apesar do entendimento, não há tomada de decisão na agência. A Anatel colocou em consulta pública um novo regulamento para o MMDS, que propõe reduzir de 190 para 50 o total de canais reservados ao serviço. A Neotec, associação que representa as empresas de MMDS, propôs à Anatel a redução para 90 canais. É nesse estágio da disputa que se dá a ação do Senado. O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, Flexa Ribeiro (PSDB-PA), criou um grupo de trabalho para acompanhar a consulta pública da agência. Anteontem, ele e quatro integrantes da comissão -os senadores Cícero Lucena (PSDB-PB), Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), Roberto Cavalcanti (PRB-PB) e Renato Casagrande (PSB-ES)- reuniram-se com o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg. Flexa Ribeiro disse que foi cobrar mais agilidade da Anatel. ‘O interesse do Senado é aumentar a competição na oferta da banda larga e diminuir o preço do serviço. É preciso saber por que o processo não anda’, disse, dando eco às queixas das empresas de TV paga. Portugueses reclamam Entre operadoras de MMDS, é geral a queixa com a demora do órgão regulador em autorizar o ingresso da nova tecnologia da banda larga sem fio. A Acom Comunicações, de controle português, que tem 100 mil assinantes do serviço, em 53 cidades, se diz frustrada com sua experiência no Brasil. João Reino, vice-presidente do Conselho de Administração da empresa, diz que o grupo investiu US$ 300 milhões na compra de licenças e implantação de redes e que tem enfrentado ‘tempos ruins e incertezas’. Ele atribui a resistência da Anatel em homologar os equipamentos para o Wimax ao lobby das teles de celular. ‘Elas não querem concorrência. Querem ser as donas da banda larga móvel’, diz o empresário português. A Acom, segundo ele, comprou as licenças em licitações públicas feitas pela Anatel no final dos anos 90.’ Sky desafia Oi em plano do governo ‘Com a proximidade do anúncio do Plano Nacional de Banda Larga por parte do governo, cresceu a pressão da Sky por definição em relação ao uso de faixas de frequência. Há cerca de 15 dias, a empresa convidou jornalistas e políticos para demonstração do que seria o serviço Wimax e aproveitou o evento para cobrar da Anatel uma definição sobre regras de uso de faixas de frequência que permitam maior concorrência na banda larga sem fio. Em reportagem de anteontem do jornal ‘O Estado de S. Paulo’, o presidente da Sky, Luiz Eduardo Baptista, propõe cobrir o país com banda larga sem fio por R$ 15 bilhões e lança um desafio à Oi, que sugeriu um plano ao governo no qual a soma de benefícios e isenções recebidas atinge R$ 27 bilhões. A Casa Civil informou que, oficialmente, não recebeu nenhuma proposta da Sky para oferecer planos de banda larga.’ Pequenos provedores veem com ceticismo proposta do Planalto ‘Os 1.900 pequenos provedores de acesso à internet espalhados pelo interior do Brasil acompanham com desconfiança a discussão sobre o Plano Nacional de Banda Larga do governo Lula e não acreditam ser viável a venda do serviço ao usuário final a R$ 35 por mês, como apostam o Ministério do Planejamento e a Casa Civil da Presidência da República. O plano ainda está em discussão, mas o governo já deixou claro seu objetivo de usar a rede de fibras óticas em poder das empresas estatais de energia elétrica para baixar o custo da transmissão de dados para um valor médio de R$ 230 o link para velocidade de 1 mega. ‘Quem fez esta conta não tem conhecimento da realidade brasileira’, reage Leopoldo Correa, um dos proprietários da Ada Telecomunicações, que oferece acesso à internet nas cidades de Unaí, Monte Carmelo e Paracatu, em Minas Gerais, e em Cristalina, em Goiás. O empresário diz que paga R$ 3.600 mensais por 1 mega, em Unaí, o que o leva a cobrar R$ 520 por mês para oferecer a mesma velocidade ao usuário final. Ele diz que, para reduzir o custo para o usuário final para R$ 35 mensais, o governo terá de diminuir impostos, desonerar a folha salarial e oferecer empréstimos de longo prazo a juros menores. Sertão No sertão da Paraíba, o descrédito em relação à promessa do governo é igual. Anchieta Barros, proprietário da Cariri Web, da cidade de Sumé, diz que não vê com bons olhos o plano em gestação no governo federal. ‘Fico apreensivo. Para levar banda larga a R$ 35 ao usuário final vai ser preciso muito subsídio do governo.’ Segundo os provedores, a primeira dificuldade para alcançar essa meta está na grande variação dos preços cobrados pelas companhias telefônicas para dar acesso à sua infraestrutura de transmissão. Quanto mais isolada a localidade e menos lucrativo o mercado, maior é o custo de transmissão. Que o diga Antonio Carlos Coelho Dias, provedor de internet de Riachão, no sul do Maranhão. Sua empresa, Riachão Net, foi buscar o sinal da internet a 100 km de distância, em Filadélfia (Tocantins), onde contratou com a Oi um link de 2 mega por R$ 3.500 mensais. Ele leva o sinal por rádio. Se quisesse contratar a conexão em Riachão, diz, a mesma Oi cobraria R$ 5.900 mensais, porque não tem a mesma disponibilidade de rede. Riachão tem cerca de 200 usuários de internet e o empresário não acredita que haja potencial para mais, porque a cidade vive da renda dos aposentados e da receita em torno da prefeitura. Telebrás O receio de que a Telebrás venha a competir com as empresas privadas é um ponto de convergência entre os pequenos provedores de internet e as teles. ‘Vemos com bons olhos o papel do Estado como regulador, mas somos contra uma estatal competir com as empresas privadas. A estatal vai inflar o custo da máquina pública e virar cabide de emprego’, diz o presidente da Internet Sul (associação de provedores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Fábio Vergani.’ Governo quer plano com 50% de tecnologia brasileira ‘Pelas projeções do governo federal, o Plano Nacional de Banda Larga passará a ser rentável em 2014, e até lá contará com investimentos e desonerações que, juntos, somarão R$ 8,5 bilhões. O governo pretende erguer o plano com mais da metade dos componentes e equipamentos fabricados no Brasil, com tecnologia nacional.’ REGULAMENTAÇÃO Flávio Ferreira Projeto pode ferir liberdade na internet, dizem entidades ‘Entidades do setor de mídia apontam que a atual proposta de regulamentação da internet elaborada pelo Ministério da Justiça traz regras que configuram um tipo de censura à liberdade de expressão e de imprensa no ambiente da web. O alerta das associações é para os artigos da minuta do projeto do marco civil da internet (lei com os direitos e deveres relativos à web) que criam um mecanismo de notificação eletrônica para que as pessoas que se sintam atingidas por publicações na rede possam requerer o bloqueio dos conteúdos. Se um provedor não tomar providências após receber uma notificação para retirada de uma publicação na internet, passa a ser o responsável pelos prejuízos que ela causar a terceiros, de acordo com o texto. A presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Judith Brito, afirma que não é aceitável a ideia de que informações devam ser retiradas da internet toda vez que alguém se julgue prejudicado por elas. Para Brito, as disposições da minuta sobre a remoção de conteúdo configuram um tipo de censura e violam o princípio constitucional da liberdade de expressão. ‘A esta altura do desenvolvimento e penetração das mídias digitais, já deveria estar claro para todos que valem para a internet os mesmos princípios e critérios aplicáveis a todos os meios de comunicação’, diz a presidente da ANJ. Eduardo Parajo, presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet), entidade representativa dos provedores no país, diz que as propostas de regras sobre bloqueio de conteúdo na rede criam um risco para as empresas do setor. ‘Podemos cair no problema de ferir a liberdade de expressão das pessoas. Não temos o papel de ficar julgando ou tomando posição em favor de A ou B. Se alguém se sentir ofendido com determinado conteúdo, tem mecanismos legais para buscar as medidas contra a ofensa. Não devemos ser os juízes desse jogo’, diz. O secretário interino de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Felipe de Paula, afirma que o objetivo das regras é permitir a definição de responsabilidades pelos conteúdos veiculados na web, uma vez que, após uma notificação, o autor da publicação pode pedir o retorno do conteúdo à web, caso assuma a ‘paternidade’ da publicação para fins legais. ‘Nosso objetivo não é identificar todo mundo na rede, mas estabelecer um mecanismo de identificação quando houver um conflito’, diz o secretário. O aumento das janelas para a retirada de conteúdos considerados ilegais, como mensagens racistas ou de apologia ao racismo, é apontada por Celso Augusto Schröder, coordenador-executivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, como uma das principais qualidades do anteprojeto. Schröder concorda que o atual texto do marco civil pode gerar constrangimentos à liberdade de expressão na web, mas afirma que tal efeito negativo pode ser evitado com a edição de leis específicas sobre as publicações de imprensa na rede. ‘Os conteúdos de mídia na internet precisam ser submetidos às regras de mídia’, diz. O anteprojeto do marco civil está disponível para discussão pública no site
A fase de debate na internet vai até 23 de maio. Após essa data, o Ministério da Justiça pretende preparar a redação final do projeto de lei e encaminhá-lo ao Congresso. Se for aprovado, o texto entra em vigor como lei ordinária.’
Brasil é líder em solicitações de retirada de informações do Google
‘O Brasil é o líder no ranking dos países que mais pedem a retirada de conteúdos ou informações sobre usuários da ferramenta de buscas na internet Google. Até a sexta-feira, a página www.google.com/governmentrequests indicava 291 requerimentos de remoção de publicações e 3.663 pedidos de dados sobre clientes de serviços ou produtos da ferramenta de procura na web.’
Decisão do STF deu diploma de jornalista a 1.098
‘O Ministério do Trabalho já concedeu 1.098 registros de jornalistas a trabalhadores sem diploma na área desde que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, em junho do ano passado, acabar com a obrigatoriedade de formação específica para o exercício da profissão.
Os registros para esses profissionais vêm sendo emitidos de forma diferenciada. Enquanto o trabalhador com diploma é classificado de jornalista profissional, os sem graduação na área são enquadrados como jornalista/ decisão STF. De acordo com o Ministério do Trabalho, a diferenciação visa informar ao empregador se o profissional tem ou não o diploma.
Desde janeiro de 2008, o Ministério do Trabalho emitiu 14.624 diplomas para os chamados jornalistas profissionais. No levantamento do ministério, há ainda 2.882 jornalistas que obtiveram o registro via liminar judicial.
Em junho do ano passado, o STF derrubou por 8 votos a 1 a obrigatoriedade do diploma de jornalista. Para o tribunal, o decreto-lei que determina a exigência do documento é incompatível com a Constituição de 1988.’
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Sucessão? Que sucessão?
‘Nas agências, ‘Hugo Chávez promete não interferir nas eleições do Brasil’, sobre a visita em que declarou, de todo modo, que ‘meu coração está aqui’, com um beijo para o ar, dizendo ‘Dilma Rousseff’. Porém o que ecoou mais, ontem sobre a viagem, da BBC ao ‘New York Times’, foi que ele estreou no Twitter com uma mensagem mencionando o Brasil, encerrada com um genérico ‘Venceremos!’.
Por aqui, parece ter assustado o governo Lula. Na manchete da Agência Brasil, ontem, ‘Chávez diz que permanece no poder porque a Constituição não prevê sucessão’. Citou a Espanha, com rei e um primeiro-ministro que ‘pode ser reeleito sucessivamente’.
O CREPÚSCULO?
Sob o enunciado ‘O crepúsculo das grandes companhias ocidentais de petróleo’, a ‘Foreign Policy’ voltou a focar o pré-sal. Questiona a maior presença estatal, mas agora alerta que a recusa do ‘Big Oil’ em se aliar à Petrobras, que tem se esforçado por seu apoio, está abrindo caminho para a China. ‘Investidores chineses não parecem ter a apreensão [de Exxon, Shell, Chevron, Total] e abriram os bolsos para manter os planos da Petrobras nos trilhos.’ CNPC e outras chinesas ‘não se restringem ao Brasil’ e avançam sobre Cazaquistão, Angola etc.
A SHELL CONTINUA
Por outro lado, deu ontem a Reuters , o lucro da Shell saltou no primeiro trimestre graças, entre outros fatores, à sua ‘produção em alta na Rússia e no Brasil’.
CHEVRON & CHÁVEZ
E a Venezuela, noticiou o ‘NYT’ um mês atrás, ‘cede contratos a companhias estrangeiros e sela mudança’. Passou reservas à americana Chevron e outras.
AMADO
Ontem no alto da home da Folha Online, ‘Filme ‘O Bem Amado’ arrebata a plateia em festival de Pernambuco’. Do diretor Guel Arraes, em entrevista ao UOL:
‘Quis fazer uma comédia do poder, uma sátira da elite econômica e social brasileira. Mas não podia só chutar o cachorro morto da direita. Era preciso também evidenciar o problema da esquerda hoje. Nos anos 60 era fácil, era só esculhambar a direita. Hoje ela está no poder.’ Para tanto, o filme _de época_ acrescentou o papel de um jornalista de esquerda, que diz coisas como ‘a gente sabe o que o povo precisa, o povo ainda não’.
TV BRASIL VS. TV CULTURA
Sites de mídia como Tela Viva e Imprensa noticiam que na segunda ‘começa a operar no Brasil a Rede Pública de Televisão, formada pela TV Brasil’ e 22 canais estaduais. ‘Para o jornalismo, foram estabelecidos 12 acordos para produção de reportagens nos telejornais da TV Brasil’. Tereza Cruvinel, que dirige o TV Brasil, diz no ‘Correio Braziliense’ que agora quer ‘avançar com a rede de rádio e com o portal de notícias’.
Por outro lado, o site Jornalistas & Cia. informa que, de saída da direção da paulista TV Cultura, Paulo Markun recusou convite para ancorar o ‘Roda Viva’, pois ‘não merecia ser tratado dessa maneira’.
UPP LÁ
Não entrou na escalada do ‘Jornal Nacional’, que prioriza a polícia de São Paulo, mas Fátima Bernardes surgiu no meio da programação, antes, com uma longa reportagem sobre como ‘a polícia do Rio começou a instalar a Unidade de Polícia Provisória no morro do Borel, um dos mais violentos’. Os 150 PMs, liderados pelo Bope, ‘ocuparam o Borel e outras quatro favelas sem disparar um tiro. Será a oitava UPP na cidade, a primeira na Zona Norte’’
VENEZUELA
Flávia Marreiro
No 1º dia no Twitter, Chávez supera 69 mil seguidores
‘Hugo Chávez resolveu medir sua popularidade no Twitter e, claro, ter mais uma plataforma para a ‘guerrilha comunicacional’, como diz a TV oficial. ‘Pa Brasil me voy’, postou ele, na estreia, pouco após a meia-noite de ontem. Até o fechamento desta edição, arregimentava mais de 69 mil seguidores e avançava à razão de mil novos por hora.
A ofensiva do venezuelano na rede não é à toa: no país, 30% usam a internet, e 70% deles estão no Facebook. Não desprezíveis 4% são ‘tuiteiros’, plataforma dominada pela oposição. Sem falar na paixão local pelos celulares inteligentes: 7% dos que tem celular têm um, o dobro da média da região.
Os dados são da consultoria venezuela Tendencias Digitais, que pesquisou 28 mil pessoas em 17 países em 2009. Seu diretor, Carlos Jiménez, oferece outra hipótese para a atração de Chávez pela rede: ‘Ao contrário do que se pensa, 67% dos usuários de internet na Venezuela são das classes C e D’, disse à Folha.
O presidente -o mais midiático da América Latina- teve altos e baixos na relação com a rede. Em 2000, decretou que a internet era ‘prioridade nacional’ e abriu 600 telecentros pelo país. No começo deste ano, disse que a rede não podia ‘ser livre’ e peitou a mascote do Twitter: ‘Mexeste comigo, passarinho’.
Por enquanto, o passarinho fala mais a língua antichavista. Se nos EUA, por exemplo, os mais seguidos são artistas, o Twitter na Venezuela é notadamente político. E a TV oposicionista Globovisión, que faz sistemática campanha contra Chávez, é a campeã nacional: tem 216 mil.’
REINO UNIDO
Kenneth Maxwell
As eleições britânicas
‘NA PRÓXIMA quinta-feira, os britânicos irão às urnas para uma eleição geral. A campanha foi curta. Pelos padrões norte-americanos, ou até brasileiros, também foi relativamente barata.
Não há, por exemplo, comerciais pagos de televisão, embora os partidos recebam horários para propaganda eleitoral gratuita. A batalha pelo voto é disputada distrito a distrito, por candidatos locais, e vence em cada distrito o candidato mais votado, mesmo que não obtenha mais de 50% dos votos.
Pesquisas de opinião são notoriamente ineficientes na previsão dos resultados. O Partido Trabalhista tradicionalmente conquista mais assentos no Parlamento com menos votos que os conservadores, e os liberais-democratas tendem a eleger apenas metade do número de parlamentares que seus números nas pesquisas nacionais parecem indicar.
Na mais recente eleição geral, os trabalhistas conquistaram 32,5% dos votos, mas 55% dos assentos parlamentares; os conservadores, com 32,4% dos votos, obtiveram 31% dos assentos; os liberais-democratas, com 22% dos votos, ficaram com apenas 10% dos assentos.
Neste ano, o resultado é ainda mais incerto do que em qualquer momento desde a metade dos anos 70. Isso vem de dois fatores. O primeiro é o impacto dos primeiros debates televisivos entre líderes partidários na história britânica.
Os debates na televisão opuseram o primeiro-ministro, Gordon Brown, e o líder do Partido Conservador, David Cameron, a Nick Clegg, o ágil e atraente líder dos sociais-democratas.
Nick Clegg, para grande surpresa de todos, fez com que Gordon Brown parecesse cansado e David Cameron parecesse inexperiente.
Também promoveu uma mudança mais sutil no tom da discussão. É evidente que ele não se apega tanto a muitas das velhas fórmulas da política britânica. Clegg se sente confortável quanto à integração com a Europa e é casado com uma advogada espanhola.
Como isso se traduzirá em resultados eleitorais é questão que resta decidir. As pesquisas de opinião desta segunda-feira mostravam 32% para os conservadores, 31% para os liberais-democratas e 28% para os trabalhistas nas intenções de voto.
Esse equilíbrio estreito provocou debates acalorados, já que negaria a qualquer dos três grandes partidos maioria clara na Câmara dos Comuns e produziria um Parlamento ‘empatado’, no qual negociações seriam inevitáveis.
Os liberais-democratas sempre defenderam uma grande reforma do sistema, de modo a permitir que as preferências dos eleitores fossem representadas de maneira mais justa na composição do Parlamento.’
TECNOLOGIA
Rafael Capanema
Microsoft apresenta novo Messenger durante visita de Steve Ballmer ao Brasil
‘Ontem, durante a visita de Steve Ballmer, presidente da Microsoft, a São Paulo, a empresa apresentou algumas das funções que deverão estar disponíveis na nova versão do programa de comunicação instantânea Windows Live Messenger. A integração com redes sociais como o Facebook e o MySpace é uma das novidades do software, que tem no Brasil 46 milhões de usuários -o maior número no mundo, segundo a Microsoft.
Rede social mais popular no Brasil, o Orkut, por ora, não está na lista de parceiros do novo Messenger anunciada ontem. ‘Mas adoraríamos trabalhar com o Orkut’, disse Dharmesh Mehta, diretor da divisão Windows Live.
Por meio do programa, que estará disponível para down- load em versão beta (de testes) ainda neste ano, será possível publicar atualizações em outras redes sociais e ver, em um lugar só, o conteúdo que seus amigos postam, como vídeos no YouTube, fotografias no Flickr e links.
Outro objetivo da Microsoft é facilitar a interação com os contatos favoritos -no novo Messenger, eles ficam em evidência na lista de amigos e o conteúdo compartilhado por eles em outras redes sociais é destacado em um módulo do programa que agrega essas postagens.
Entre os sites já conectados ao novo programa estão o Facebook, o MySpace, o YouTube, o Twitter e o Flickr. Outra novidade do Messenger é a organização de conversas em abas, como nos navegadores de internet modernos, em vez de janelas separadas.
A Microsoft anunciou ainda que lançará novas versões móveis do Messenger para o iPhone, da Apple, para aparelhos com Windows Mobile (sistema operacional para celulares da Microsoft) e para celulares da Nokia e da RIM.
Segundo a Microsoft, o Messenger tem 320 milhões de usuários no mundo, que enviam 10 bilhões de mensagens a cada dia.’
EUA
‘L.A. Times’ terá link patrocinado em conteúdo
‘O jornal ‘Los Angeles Times’ começará a incluir links patrocinados em parte de seu conteúdo on-line. A medida foi anunciada em um comunicado a seus funcionários na última terça. Para Russ Stanton, editor da publicação, os links para sites como Amazon ou TicketNetwork ‘servirão como serviço aos leitores e oportunidade de receita’. Os links serão incluídos com a cor verde para que não se confundam com os links editoriais, em azul.’
TELEVISÃO
Andrea Michael
Google diz que é impossível fazer controle prévio na rede
‘É impossível fazer o controle prévio do que é colocado no ar pelo Orkut ou pelo YouTube, diz Ivo Corrêa, diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais do Google. Na última semana, 30 milhões de brasileiros acessaram o Orkut. O país tem cerca de 190 milhões de habitantes.
No YouTube, são publicadas 30 horas de vídeos por minuto no mundo. A Globo, maior emissora de TV do país, produz 2.500 horas de novelas e programas e outras 1.800 horas de jornalismo por ano.
Corrêa participou anteontem, em Brasília, da audiência pública sobre como deve ser a lei que regulará as relações na rede: responsabilidade sobre o conteúdo, armazenagem de dados relativos a acessos, direito à privacidade etc.
Em um ambiente sem ‘classificação indicativa’ como a que se faz para as emissoras de TV, Corrêa diz que cabe ao Google -e a todos que disponibilizarem conteúdo na rede- oferecer ferramentas para permitir filtrar o que é acessado.
Questionado, Guilherme Almeida, assessor do Ministério da Justiça, que acompanha o tema, diz que a discussão é mundial. Lembra que o órgão internacional de controle cogitou ter um único domínio para sexo e pornografia, mas concluiu que isso seria pior.
Havia 14 parlamentares com presença registrada na audiência, na Câmara dos Deputados.
Só metade deles ficou.
Ó PAÍ 1
Chega à fictícia TV Tigela a reclamação de que a emissora só mostra dificuldades e problemas da comunidade. Em resposta, o repórter Lázaro Ramos viaja o Brasil em busca de boas histórias e exemplos reais de superação. A história estará no quadro ‘O Curioso’, dirigido e apresentado por Ramos no ‘Fantástico’ em maio.
Ó PAÍ 2
Em um dos quatro episódios, filmado na Bahia, Ramos entrevistou a cantora Ivete Sangalo.
INFANTIL
O canal pago TV Rá Tim Bum exibirá em 8 e 9/5, às 21h, o musical ‘Na Casa da Ruth’. Concebido e interpretado pela cantora Fortuna, ele traz canções de Hélio Ziskind para textos da escritora Ruth Rocha.
DESPEDIDA 1
Comunicado distribuído anteontem no Recnov, a central de produção de teledramaturgia da Record no Rio, informa que a novela ‘Bela, a Feia’ terminará no dia 1º de junho.
DESPEDIDA 2
É a primeira vez que a direção da emissora anuncia formalmente o fim da atração, que já ultrapassou a marca dos 190 capítulos.
GENTALHA
Estreia neste domingo, no programa ‘Eliana’, o quadro ‘Lá Vem o Chaves’. O concurso dará um prêmio de R$ 3.000 para os melhores imitadores do Quico, da Chiquinha e do Chaves, personagens do seriado infantojuvenil mexicano que o SBT exibe há 26 anos. Na ocasião, Eliana entrevistará o Quico original.’
Portal Cultura traz acervos do rádio e da TV
‘A Fundação Padre Anchieta lançou ontem o portal Cultura Brasil, que expõe acervos da TV Cultura e da Rádio Cultura Brasil reunidos ao longo dos últimos 73 anos. Dedicado à música brasileira, o endereço (www.culturabrasil.com.br) traz entrevistas e peças sonoras, muitas delas raras.
Da TV, aparecem conteúdos dos programas ‘Ensaio’, ‘Metrópolis’ e ‘Viola, Minha Viola’. Do rádio, ‘SuperTônica’, ‘TodaMúsica’ e outros.’
Clarice Cardoso
Casal da RedeTV! apresenta game show com humor conjugal
‘Como Tarcísio Meira e Glória Menezes, William Bonner e Fátima Bernardes, também Luciana Gimenez e Marcelo de Carvalho vão estender para a televisão a parceria doméstica.
Casados há quatro anos, eles estreiam hoje na RedeTV! à frente do game show ‘Mega Senha’ apostando no telespectador que adora aquelas pequenas rusgas conjugais (alheias).
‘Esses casais da TV são certinhos, nós, como gasolina e fogo.
Somos ‘pontudos’ um com o outro na vida real, as provocações saem naturalmente e ficam engraçadas no programa’, conta Marcelo, para logo em seguida ser instigado pela mulher, que diz, aos risos: ‘Calma, amor. Fala devagar, respira’.
Luciana insiste em afirmar, meio na brincadeira, que ‘não queria marido artista’. ‘Não bastava aguentá-lo em casa e como chefe, agora ele veio apresentar comigo também!’ Estrear um novo formato, com ritmo diferente, mais rápido, diz, não intimida. ‘Já vi cada coisa no ‘Superpop’ que nada me tira do sério mais.’
Entre os dois, quem meterá a colher serão os participantes, que terão de adivinhar palavras com a ajuda de dicas de famosos (como Scheila Carvalho, Ceará do ‘Pânico’ e Sabrina Sato) para ganhar R$ 1 milhão.
Ele fará o pão-duro que sofre para premiar. Ela, a boazinha que torce para o participante.
‘O público se identifica com a mulher que só quer gastar o dinheiro do marido’, afirma Marcelo. Até pelo tom das provocações entre eles, que não se levam muito a sério, a estreia diante das câmeras deve ser marcada por bom humor. ‘Sim, o humor é quando eu rio da cara dele’, arremeda Luciana.
Apostando nas multiplataformas, a emissora lançou a versão para celular do jogo, que, de acordo com Marcelo, também estará na web, no iPhone, no iPad e no tabuleiro.
Apesar da associação quase automática, ele, que é vice-presidente da RedeTV!, garante não se comparar com Silvio Santos. ‘Não sou um apresentador, sou um empresário em um programa.’ ‘Que nada, você é quase um animador de plateia!’, interrompe Luciana ainda mais uma vez, aos risos.’
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