O senador americano Bruce Patterson, do Michigan, propôs uma lei para regular a qualidade dos jornalistas. O estado faz o mesmo com profissionais como cabeleireiros, mecânicos e encanadores. Segundo o político, o aumento expressivo no número de veículos de mídia, seja os tradicionais, online ou os que produzem notícias via jornalistas-cidadãos, tem gerado uma grande quantidade de desinformação. Para contornar o problema, ele sugere que os jornalistas sejam avaliados e recebam uma licença – que os identificaria como confiáveis. ‘Fontes de mídia legítimas são extremamente importantes para o nosso governo’, afirmou.
O projeto de lei foi apresentado em 11/5 e encaminhado ao Comitê de Desenvolvimento Econômico e Reforma Regulatória do Senado. Patterson afirma que seu objetivo é criar um meio para que a população saiba em que jornalistas e veículos de comunicação pode confiar. Muitas vezes, diz ele, repórteres cobrindo política não sabem do que estão falando e trabalham para veículos dos quais ele nunca ouviu falar.
Pelo projeto, jornalistas que não são licenciados não seriam proibidos de trabalhar. O registro – que seria pago pelo próprio repórter – seria voluntário. Os profissionais, para obter a aprovação do conselho, devem ter diploma de jornalismo ou formação equivalente, pelo menos três anos de experiência na profissão, prêmios ou algum reconhecimento profissional, apresentar exemplos escritos de seu trabalho e passar por uma avaliação para verificar seus padrões éticos e morais.
Debate público
Críticos afirmam que a proposta deve, provavelmente, ser considerada inconstitucional. Além de prejudicar a liberdade de imprensa, ela ainda permitiria que políticos insatisfeitos com a cobertura que recebem a usassem para punir jornalistas. ‘É um projeto de uma só pessoa. Isso diz tudo’, afirma Mike MacLaren, diretor-executivo da Associação de Imprensa do Michigan. ‘Nunca vai vingar’, completa Kelly McBride, especialista em ética midiática no Instituto Poynter, na Flórida.
O senador admite ser pequena a chance de seu projeto virar lei, mas diz que seu objetivo – depois de duas décadas de carreira política – é provocar um debate público sobre a questão. ‘Qual é a definição de repórter? Eu não consegui descobrir. O que é um repórter? O que é um jornalista?’, questiona, afirmando que o que defende é a existência de um lugar que centralize as informações sobre as credenciais e a experiência dos profissionais de imprensa – e que o público tenha acesso a estes dados. ‘Eu acho que a preocupação dele é legítima’, diz Kelly McBride. ‘Mas você não vai resolver o problema criando um sistema de licenciamento’. Informações de Jana Winter [FOXNews.com, 28/5/10].