Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Silvio Berlusconi e sua dúvida cruel

O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi tem uma decisão difícil a tomar. Derrotado por Romano Prodi nas eleições no início do ano, ele deve escolher entre a política e seu multi-bilionário império de mídia. Se quiser continuar como líder da oposição, Berlusconi terá que renunciar aos negócios.


O novo governo italiano apresenta esta semana, no parlamento, legislação que visa garantir que nunca mais tanto poder (como o do ex-premiê) se acumule nas mãos de uma só pessoa. Pela lei de ‘conflito de interesses’, políticos são proibidos de controlar grandes parcelas de companhias midiáticas, e devem renunciar a qualquer ganho no setor seis meses antes de ocupar cargo público.


Império


A família de Berlusconi, através do conglomerado Mediaset, possui três dos sete canais nacionais de TV italianos, dois jornais, a maior editora e a maior agência publicitária do país e diversos negócios na internet. Organizações que militam pela liberdade de expressão condenam a extensão do império do político; já foram feitos pedidos para que a Comissão Européia investigasse a legalidade dos empreendimentos. Agora, o governo de Prodi dá a entender que chegou a hora de pôr fim a esta influência não-democrática e de Berlusconi optar entre o poder político ou o poder da mídia.


Os admiradores do ex-premiê, entretanto, acusam o governo de estar fazendo apenas uma ‘vingança comunista’ e afirmam que o Forza Italia, partido de Berlusconi, ficaria profundamente enfraquecido se perdesse o tempo de exposição na mídia, verbas e assistência doados pelo Mediaset. O político, por sua vez, insiste que não tem mais controle direto sobre o império de mídia e que tem se preparado para passar o comando dos negócios a seus filhos.


Fedele Confalonieri, amigo de infância de Berlusconi que dirige os canais de TV do conglomerado, diz que o governo está sendo hostil. ‘O texto da lei vai punir o Mediaset. Ponto final. Eles querem nos apagar. O que estou vendo me assusta’, afirma. Prodi alega que a lei não é direcionada pessoalmente a Berlusconi e a seus bens. Informações de Malcolm Moore [The Daily Telegraph, 10/9/06].