Uma das principais fontes de receita dos sites de notícias é a proveniente dos anúncios publicitários. Muitos desses anúncios são automáticos e geralmente relacionam a publicidade mostrada com o tema da matéria visitada. Mas algumas organizações de notícias estão começando a impedir sua publicação em temas considerados sensíveis.
Durante a cobertura da queda do avião da Germanwings, em março, as reportagens do New York Times não traziam peças publicitárias. Por conta da natureza delicada do assunto, o jornal decidiu alterar o Sistema de Gerenciamento de Conteúdo (CMS) de suas matérias sobre o desastre para evitar que algum anúncio que pudesse ser visto como indelicado aparecesse ao lado dos textos. Segundo a porta voz do Times, Eileen Murphy, as decisões sobre matérias sensíveis que não devem exibir anúncios são tomadas pela redação do jornal.
Outras organizações, como o BuzzFeed, também evitam colocar anúncios em histórias sensíveis – como tragédias, por exemplo. De acordo com Lisa Tozzi, diretora de notícias do site, esta postura é adotada também em relação à barra lateral de conteúdo que anuncia outras matérias. Como o BuzzFeed publica muitas notícias de entretenimento, moda e de temas mais leves, os editores do site alteram o CMS de artigos que tenham como tema mortes e violência para remover a barra de conteúdo e evitar qualquer controvérsia.
A guerra contra os bloqueadores de anúncios
Alterar o CMS de uma página não é a única forma de evitar que um anúncio seja exposto. Mais de 140 milhões de usuários de internet no mundo usam algum tipo de software – como o Adblock Edge e o Adblock Plus – que inibe que banners de anúncios apareçam em sites.
Os grandes veículos de mídia já perceberam esse movimento e passaram a lançar mão de várias armas para enfrentar o uso desses softwares. Com milhões de dólares de anunciantes em jogo, alguns sites contrataram empresas que conseguem bloquear o uso do Adblock Plus, software de bloqueio de anúncio mais popular.
A Eyeo é uma destas empresas. Elas compila uma lista de “anúncios aceitáveis” que conseguem “furar” o filtro do Adblock Plus. Empresas como o Google, Amazon e Microsoft já utilizam esse recurso.
Outros veículos, como os canais de TV britânicos ITV e Channel 4, fazem uso de uma tática mais severa: simplesmente não permitem que usuários que utilizam softwares bloqueadores vejam vídeos em seus sites. Essa tática, porém, é arriscada, porque parte do princípio de que o usuário irá desligar o software bloqueador para assistir ao vídeo, enquanto muitos podem simplesmente se recusar a fazê-lo e apenas deixar de acessar o site.