Quando o repórter Pierre Thomas, da ABC, entrevistou uma fonte em Connecticut para uma matéria sobre tecnologia, ele sequer deixou o escritório. As câmeras da rede mostraram-no em frente a uma tela de computador, conversando com Michael Coppolla por meio do Skype. O serviço de telefonia tornou-se uma ferramenta importante para organizações de notícias nos últimos meses. Produtores alegam que, com o sistema, é possível alcançar mais pessoas para entrevistas. Além disso, o Skype gera economia.
As três grandes emissoras – Fox News, CBS e ABC – usam o Skype. ‘É um avanço incrível e seria tolice não tirar vantagem do avanço técnico’, afirmou Jon Banner, produtor-executivo do programa World News, da ABC. O Skype encoraja as empresas jornalísticas a usar o serviço, não cobrando por ele e ainda oferecendo conselhos detalhados de como tirar vantagem da tecnologia. Em troca, as emissoras devem exibir o logo ou identificar verbalmente que estão usando o Skype. ‘Mudou completamente o modo como trabalhamos’, observou Tom Costello, repórter da NBC.
Para situações de deadline, o Skype é perfeito. Ao apurar uma informação para uma reportagem sobre recall de ovos, Costello descobriu que uma mulher mais idosa em Pennsylvania estava tendo problemas estomacais por conta de uma contaminação por salmonela há cinco anos. Não havia como chegar até ela a tempo com a equipe para o Nightly News, mas o repórter ficou surpreso em descobrir que ela usava regularmente o Skype e foi assim que a personagem foi entrevistada.
Em busca da imagem
Um dos pontos fracos, no entanto, é a qualidade do vídeo. Por isso, na opinião de Rick Kaplan, produtor executivo do CBS Evening News, a ferramenta é mais usada em emergências. O produtor executivo do Nightly News, da NBC, Bob Epstein, no entanto, acredita que a audiência aceitou que a qualidade do vídeo possa ser ruim, caso o conteúdo seja importante.
Ainda com estas vantagens, nem todos acreditam que o Skype é a melhor ferramenta para organizações de mídia. Para Steven Rosenbaum, ex-produtor de TV que desenvolveu o MTV Unfiltered e agora administra um site de compartilhamento de vídeos, questiona se o serviço é apenas uma maneira de cortar custos. No MTV Unfiltered, sua equipe ia às ruas com câmeras, para que as pessoas com histórias para contar registrassem suas vidas. ‘Não era inovação. Era apenas algo barato’, contou. Além disso, nada substitui o repórter indo pessoalmente onde está a história. ‘O encontro cara a cara produz matérias mais interessantes’, opinou ele.
Produtores notam que no jornalismo impresso os repórteres em geral fazem entrevistas por telefone. A diferença, no entanto, é que a TV precisa de imagens, por ser um meio visual. ‘Se temos a opção, é melhor estar no local pessoalmente, é a nossa responsabilidade’, opina a diretora-executiva do Newslab, Deborah Potter. ‘Mas nem sempre podemos nos dar a este luxo’, acrescenta ela, referindo-se a casos como terremotos ou outros desastres. Informações de David Bauder [AP, 2/9/10].