Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Supremo nega revisão em caso de difamação

A Suprema Corte americana negou na segunda-feira (3/10) o recurso de apelação do Boston Globe e de um ex-repórter que trabalhou no jornal, mantendo a decisão de condená-los a pagar mais de US$ 2 milhões de indenização a uma médica por terem se recusado a revelar as fontes de uma matéria que a teria incriminado pela morte de uma paciente.


Mais de uma dúzia de empresas de mídia, entre elas a agência de notícias Associated Press, e associações de jornalistas dos EUA se uniram para pedir à Suprema Corte que revisasse o caso. Laura Handman, advogada que representava o grupo, contou aos juízes que a decisão contra o Globe ‘é duplamente inconstitucional, porque permite que o declarante receba indenização por difamação sem provar que a declaração é falsa ou que o jornal atuou de má-fé’. Os juízes também tinham sido informados que o caso era importante para proteger fontes confidenciais, um assunto de interesse especial depois da prisão da jornalista do NYT Judith Miller. No entanto, eles alegaram que o Globe está envolvido em questão civis, e não criminais, como é o caso de Judith.


O jornal foi processado pela médica Lois Ayash, que argumentou ter sido erroneamente responsabilizada pela morte de Betsy A. Lehman, colunista do Globe, em uma reportagem com chamada de capa, publicada em 1995. Betsy morreu em 1994, durante um tratamento de quimioterapia, por overdose de drogas experimentais contra câncer. O jornal, baseado em fontes confidenciais, publicou que Lois era a chefe de um time de médicos cuidando de Betsy no Instituto do Câncer Dana-Farber, em Boston, e que ela havia assinado uma prescrição médica que teria resultado na morte da colunista.


O Globe publicou posteriormente uma correção afirmando que a médica não havia assinado a prescrição, mas manteve a posição de que ela era liderava a equipe de tratamento experimental de quimioterapia na paciente. Lois pediu que o jornal revelasse a fonte responsável pela informação, que ela argumentava ser falsa. O Globe recusou-se a identificar a fonte, o que levou à abertura de um processo contra o jornal e o repórter Richard Knox, autor da matéria. A Suprema Corte havia decidido no começo do ano que o jornal deveria pagar US$ 1.68 milhão em danos e o jornalista, US$ 420 mil. Informações de Gina Holland [AP, 3/10/05].