Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Suspensão de usuários de microblog provoca críticas

Os mais de 200 milhões de usuários do microblog Weibo, equivalente chinês do Twitter, foram notificados na semana passada de que internautas suspeitos de terem espalhado “rumores sem fundamento” no site teriam suas contas suspensas por um mês. As mensagens geraram uma onda de protestos online, alguns direcionados ao governo, em uma suposição de que as autoridades estariam por trás das punições.

Na semana passada, Liu Qi, membro do Politburo, comitê do Partido Comunista que age como liderança coletiva da China, visitou a Sina.com, empresa proprietária do Weibo, e afirmou que informações falsas e enganosas não deveriam ser permitidas no site. Segundo a companhia, pelo menos dois blogueiros que espalharam falsos rumores no Weibo perderiam o direito de postar mensagens ou adicionar seguidores por um mês. Um deles teria sido suspenso depois de afirmar que o suposto assassino de uma mulher de 19 anos havia sido solto depois da intervenção de seu pai, que teria influência política. Outro teria acusado a Cruz Vermelha da China, que está envolvida em um escândalo financeiro, de vender sangue.

Potencial

A Sina.com não é a única empresa da internet a sentir a pressão do governo. A operadora do microblog Tencent recebeu em julho visita de outro membro do Politburo, Zhou Yongkang, que administra a segurança pública. Em discurso a funcionários do site, Zhou pediu “mais autodisciplina” para garantir que a internet promova harmonia social. Autoridades chinesas têm duas estratégias em relação à internet: permitir o debate sobre temas não relacionados ao governo, mas monitorá-lo atentamente, e proibir discussões sobre temas considerados delicados. Comentários que se enquadram nesta segunda categoria são removidos – em seu lugar, aparece uma mensagem de censores informando que aquele post foi “apagado segundo a lei”.

A preocupação das autoridades parece ter aumentado depois de dois episódios recentes que demonstraram o potencial da web para mobilizar protestos sociais. Em um deles, milhões de blogueiros criticaram funcionários do governo responsáveis pelo sistema ferroviário do país depois de um acidente que matou 40 pessoas, acusando-os de incompetência, corrupção e tentativa de encobrir o incidente. Em outro, habitantes da cidade de Dalian publicaram em microblogs tantas fotos dos protestos contra uma fábrica de produtos químicos que os censores não conseguiram apagar todas. Desde 2009, o Facebook e o Twitter são bloqueados no país. Informações de Michael Wines e Saron LaFraniere [New York Times, 26/8/11].