Na Alemanha, os tablóides – com suas chamativas manchetes e seu sensacionalismo característico – sempre estiveram associados à Grã-Bretanha. Agora, viraram moda entre os grandes publishers alemães. Em maio deste ano, o conservador jornal Die Welt lançou uma versão menor intitulada Welt Kompakt; o grupo Holtzbrinck, proprietário do Die Zeit e do Handelsblatt, entre outros, lançou o compacto News em Frankfurt; e o Kölner Stadtanzeiger, em Colônia, o Kölner Stadtanzeiger Direkt.
Entretanto, os alemães deixam bem claro que a moda não tem relação nenhuma com o jornalismo feito em tablóides sensacionalistas, que têm como carro-chefe o britânico The Sun. Também não acompanha a tendência do resto da Europa, que na maioria dos casos simplesmente faz uma cópia menor do jornal em formato tradicional. ‘Queremos atingir novos leitores’, afirma Jan-Eric Peters, que edita Welt, Welt Kompakt e Bild (este sim, um tablóide sensacionalista).
Mas que público é esse? ‘Mais da metade dos leitores do Welt Kompakt nunca leu jornal antes, e mais da metade está entre os 18 e os 35 anos’, explica Peters. O jornal é metade do tamanho do Die Welt. Usa conteúdo do irmão mais velho, mas enfatiza mais notícias do que comentários e seleciona matérias de acordo com os interesses de leitores mais jovens. Testado primeiro em Berlim, no começo do ano, o Welt Kompakt agora é vendido em oito cidades da Alemanha. Outra virão, promete o editor. ‘Tem sido um grande sucesso até agora’, diz.
Mesmo sem revelar a circulação do jornal, estima-se que ele venda entre 10 mil e 20 mil cópias diárias. Mas a idéia de substituir definitivamente o Welt em formato standard pelo formato compacto – como fizeram o Independent e o Times, na Grã-Bretanha – está fora de questão. ‘Exceto pelo formato, não temos muito em comum com o modelo britânico’, Peters faz questão de enfatizar.
O mercado alemão enfrenta uma crise há vários anos e a criação dos novos tablóides são uma resposta à queda nas vendas e nas receitas de anunciantes, afirma Horst Röper, diretor do Formatt-Institut, em Dortmund. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, apenas dois novos jornais haviam surgido no país, o esquerdista Tageszeitung e o Financial Times Deuschland, versão alemã do Financial Times. A atual mexida no setor é um bom sinal, avalia Röper. Informações de Flora Wisdorff [The Guardian, 9/12/04].