O técnico do time de futebol inglês Manchester United, Alex Ferguson, voltou a dar entrevistas para a BBC após sete anos de boicote. Desde 2004, quando a rede pública exibiu um documentário com acusações a seu filho, Jason, que trabalhava como agente de jogadores, ele não falava com jornalistas da emissora. Na época, Ferguson havia prometido nunca mais dar entrevistas à rede, a não ser que a BBC pedisse desculpas – e a emissora insistiu em não se desculpar, o que resultou no longo impasse. “Eu acho que a BBC é o tipo de empresa que nunca se desculpa e nunca vai se descupar. Eles são arrogantes”, disse Ferguson três anos após a exibição do documentário.
O técnico optou por voltar atrás após uma reunião com o diretor-geral da rede britânica, Mark Thompson, e o diretor da BBC Norte, Peter Salmon. Uma fonte próxima afirmou que nenhuma das partes pediu desculpas, mas que todos concordaram em colocar de lado as diferenças e seguir adiante. Uma declaração no site do Manchester United informava que Ferguson e a BBC decidiram colocar de lado as dificuldades que levaram o técnico a se sentir desconfortável para aparecer em programas de TV. “Agora, ele vai ficar disponível para os programas Match of the Day, Radio 5 Live e outros”, dizia a nota. Telespectadores e ouvintes destes programas estavam acostumados a ouvir o auxiliar de Ferguson, Mike Phelan, falar em nome da equipe.
No começo do ano, um encontro entre Ferguson e o diretor-geral da BBC foi agendado pelo presidente da Premier League, Dave Richards, em uma tentativa de resolver o problema. Pelas regras da Premier League, que é liga de futebol profissional do país, Ferguson recebia uma multa cada vez que se recusava a falar com a BBC. Os jogadores e treinadores dos times devem estar disponíveis para entrevistas às redes nacionais detentoras de direitos de exibição – a BBC e a BSkyB – que investem quase US$ 3 bilhões nos times da liga, por três anos. Especula-se que a BBC pague US$ 280 milhões pelos direitos para mostrar os destaques dos jogos no programa Match of the Day.
O técnico, há 25 anos à frente do time, é conhecido por seu temperamento forte e, de tempos em tempos, impõe proibições a veículos de comunicação. Em 2003, ele ficou sem falar, durante semanas, com a Sky Sports, depois de ter sido importunado em casa por um de seus repórteres. No começo do ano, um pedido de Ferguson a um assessor de imprensa do time para proibir a presença, em uma coletiva, de um jornalista que lhe havia perguntado sobre o jogador Ryan Giggs, envolvido em um escândalo de adultério, vazou em um microfone próximo. Informações de John Plunkett [The Guardian, 25/8/11].