O excesso de controle do estado sobre a televisão na Rússia há muito atrapalha suas coberturas jornalísticas. Com a tragédia na escola de Beslan, na semana passada, não foi diferente. Sem ter uma posição oficial do presidente Vladimir Putin sobre o que deveria ser dito, as três maiores redes de TV do país perderam o rumo em suas coberturas. As emissoras Canal 1 e Rossyia, as duas mais assistidas, deram apenas pequenos flashes durante a tarde de 3/9, quando o colégio foi invadido por tropas, mantendo sua programação normal de filmes e telesséries. A NTV transmitia um telejornal no momento da invasão. Quando começaram os tiros e explosões, um repórter falava ao vivo do local, mas foi imediatamente cortado. Seguiram-se 20 minutos de notícias internacionais.
Os russos que não têm TV por satélite e não puderam acompanhar os acontecimentos pela BBC ou CNN só viram as imagens mais chocantes das centenas de vítimas fatais à noite. Putin, que controla com mão-de-ferro a imprensa russa, criticou severamente a cobertura do seqüestro de um teatro moscovita por rebeldes chechenos em 2002. Por causa disso, como não se manifestou no dia do trágico desfecho do seqüestro de Beslan, a televisão local, que costuma dar muito espaço para o presidente, deve ter ficado desorientada. As informações são de Erin E. Arvedlund [New York Times, 4/9/04].